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E-book: Cobertura e Vigilância da Fluoretação da Água no Brasil

Resumo

O que falta escrever sobre fluoretação de águas? Transcorridas quase oito décadas desde sua efetiva formulação/implementação como parte da agenda política internacional de saúde pública (CDC 2000), certamente muito já se escreveu sobre o tema. Não há portanto, a pretensão de apresentar aqui um texto que preencha um “lugar do vazio”, e que tudo assumirá uma ordem de verdade dogmática, após a produção deste “recheio”. A intenção é revisar a literatura e discutir argumentos à luz de evidências atualizadas, assumindo que sempre é possível aprofundar o debate científico honesto entre pares, além de servir ao público em geral com a melhor informação disponível.

Introdução

Para dar uma visão mais clara da disputa de narrativas atualmente travada em uma arena importante – a internet, um estudo pesquisou nos EUA o tráfego mensal de comunicação virtual em sítios eletrônicos, cujo escopo era discutir fluoretação (Mertz e Allukian 2014). O período considerado foi entre junho de 2011 e maio de 2012. Facebook, Twitter, YouTube foram monitorados e a atividade “fluoretação” foi categorizada em função dos dois grupos antagônicos de internautas: “pró” ou “anti”. Os tweets do Twitter foram ainda subcategorizados conforme os principais argumentos (tags) usados pelos ativistas. Como resultado, descobriu-se que a atividade “anti” gerou um tráfego informacional que excedeu largamente a atividade “pró”. Os números comparados mostram uma diferença de cinco a 60 vezes, dependendo da mídia analisada.

“Veneno”, “câncer” e “inútil” foram as três principais especulações usadas contra a fluoretação, destituídas de substancial fundamentação científica. Geralmente, são mensagens com estratégias persuasivas que são intelectualmente problemáticas, fazendo uso de embustes verbais e sofismas lógicos catalogados na literatura filosófica e sociológica: falácia do espantalho, falsa dicotomia e maniqueísmo, “duplipensar”, falácia da omissão, redução ao absurdo, redução ad hominem, distorção de fatos, omissão de fontes, mitos insistidos, teoria da conspiração e paranoia social.

Surpreendentemente, a “fluorose” que poderia ser o argumento mais comentado, inclusive por se tratar de um tema extensivamente pesquisado pelo grupo “pró”, não apareceu entre os três primeiros, embora haja farto material científico (incluindo revisões sistemáticas) que poderia informar o debate em nível mais elevado (Carey 2014; Harding e O’Mullane 2013; Frazão et al. 2011; Yeung 2008; Cunha e Tomita 2006; Khan et al. 2005; Moysés et al. 2002; Treasure et al. 2002; McDonagh et al. 2000; Lennon 2000; Holloway 2000;).

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