Podemos abrir mão do potencial hidrelétrico do Brasil? Segundo o diretor de planejamento de longo prazo da Secretaria de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Gilberto Hollauer, apenas 30% do potencial brasileironesta fonte é utilizado atualmente.
E, apesar da crise energética causada pela seca, ele garante que não há tendência de um racionamento. “A gente não caracteriza o momento atual como um racionamento. Não houve isso. É claro, também, que a economia, que não avançou como a gente queria, acabou auxiliando a energia”, explicou Hollauler durante o seminário.
Hollauer explicou também que o Brasil tem uma espécie de seguro para garantir a geração de energia, já que o sistema é desenhado para controlar riscos de desabastecimento.
“Para determinados cenários, um conjunto de usinas é despachado. É o que a gente chama de seguro. São as usinas contratadas por disponibilidade. É como um seguro. Hoje, as térmicas estão onerando o consumidor, mas isso não classifica a situação como de racionamento”, detalhou.
Renovabilidade
O representante do governo federal afirmou ainda que no quesito energia total, o Brasil é o primeiro aluno da classe, porque consegue manter quase 50% de renovabilidade é um feito.
“A média mundial é de 13% na matriz. O Brasil chega a quase 50% e consegue manter isso até 2023. Uma notícia melhor, vai manter (esta taxa) até 2050, com base em cálculos preliminares”, disse.
Ele lembrou ainda que a matriz elétrica tem 70% de hidreletricidade, o que no total dá 86% de energia renovável, enquanto o mundo se manterá em 13% e se move, basicamente, a carvão e petróleo. “É difícil encontrar um país continental com essa matriz elétrica”, analisou.
Sazonalidade Mesmo com todas as vantagens do sistema hidrelétrico, o Brasil precisa lidar com um problema grave que é a sazonalidade das fontes. “O Brasil não está mais construindo usinas com grandes reservatórios. Fez-se uma opção por usinas a fio d’água. Isso significa que nos períodos secos, essas usinas deixam de operar”, admitiu Hollauler.
Para ele, é preciso encontrar uma solução para esse problema hoje, para garantir energia no futuro. “Estão entrando investimentos eólicos, vão entrar solares. Todas essas fontes estão sujeitas à sazonalidade. É preciso achar uma solução”, lembrou Hollauer.
Fonte: Correio 24 horas