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Contas de energia no AP dobram de valor e consumidores reclamam

Faturas antes com cobrança de R$ 590 chegam a ultrapassar R$ 1,2 mil. CEA informa que mudança em sistema alterou valores.

Consumidores amapaenses estão reclamando de altos preços cobrados pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) em contas referentes aos meses de outubro e novembro de 2015. Eles afirmam que as tarifas nas faturas não correspondem ao consumo.

Junior Duarte, produtor e jornalista, disse sentir-se lesado com a mais recente cobrança. Segundo ele, na quarta-feira (11) a conta de energia chegou em sua casa com a tarifa de R$ 1.212,95. Mais do que o dobro da anterior, que foi de R$ 590.

O produtor contou que passa a maior parte do dia fora de casa e acredita que o valor não representa o consumo real de energia elétrica no imóvel.

“Estou me sentindo roubado, porque no mês passado paguei R$ 590 e agora o preço dobrou. Passo a maior parte do dia fora de casa, então esse valor não é justo para o que eu e minha família consumimos mensalmente. É errado isso, vou procurar meus direitos”, reclamou.

A CEA informou que com a inclusão do Amapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de geração de energia elétrica, o consumidor amapaense passa, a partir de novembro, a ter a conta de luz regulada também pelo sistema de bandeira tarifária. E com isso os valores sofrerão mudanças, de acordo com o que for consumido no mês.

O autônomo Willian Tocantins, de 59 anos, disse que em novembro recebeu uma conta no valor de R$ 223, que considera muito acima do que pagou nos meses anteriores, de aproximadamente R$ 130. Ele mora com seis pessoas no bairro Renascer, na Zona Norte de Macapá.

“Vim reclamar porque não dá para aguentar isso. Essa conta de alto valor vai atrapalhar muito no meu orçamento e da minha família, vou ser obrigado a apertar as despesas por causa disso”, lamentou o consumidor.

O agricultor Valdemar Freitas, de 40 anos, passa por situação semelhante. Ele disse que paga mensalmente R$ 15 na conta de energia e está cadastrado em um programa do governo do estado que atribui valores menores à conta para famílias de baixa renda. Mas, segundo ele, em novembro a cobrança foi de R$ 110. O consumidor fala que mora com a mulher e uma filha, e que passam a maior parte do dia fora de casa.

“Todos trabalhamos o dia inteiro fora e só usamos os eletrodomésticos praticamente à noite. Não tem lógica vir um aumento absurdo destes. Só tenho uma geladeira, um ventilador e uma televisão. Ganho um salário mínimo por mês e vai ficar difícil se vierem contas assim todos meses”, reclamou.

Duas faturas
O comerciante Fernando Ribeiro, de 48 anos, questionou o recebimento de duas faturas, com vencimentos para novembro. Uma delas é relativa ao mês de outubro, no valor de R$ 374, e a segunda, equivale a 15 dias de novembro, no valor de R$ 707. Ele disse que o valor cobrado vai alterar o orçamento da família.

“Como o consumo de 15 dias deu o dobro em relação ao de 30 dias? Estou totalmente lesado com isso, porque pagarei mais de R$ 1 mil só em energia elétrica. Moro com minha esposa e duas filhas, e é injusto eu pagar uma conta tão cara. Vim procurar meus direitos”, disse.

A vendedora Cristiane Pinheiro, de 29 anos, recebeu uma fatura no valor de R$ 887, valor acima do que paga mensalmente, de cerca de R$ 250. Segundo ela, a conta é referente ao mês de novembro.

“Fui à CEA e a única coisa que consegui foi que eles retornassem à minha casa para fazer a leitura, mas continua o mesmo valor. Sinto-me roubada com essa situação. É um absurdo o valor aumentar assim, de repente, e com valores muito acima do que normalmente pagamos, sendo que não teve aumento de consumo em minha casa. Vou na segunda-feira [16] para verificar essa situação”, disse.

Reversão
A contadora Milene Macedo, de 43 anos, foi à companhia questionar uma conta recebida no dia 5 de novembro, no valor de R$ 236, que, segundo ela, não corresponde ao período de consumo. Ela diz que conseguiu reverter a situação.

“Dobrou o meu consumo e fui questionar isso. Queria uma justificativa e provei que a leitura deles não estava correta. Então eles fizeram um novo cálculo e baixou para R$ 119, que é o que normalmente pago. Consegui reverter, mas sei que muita gente passa por isso e a companhia não resolve”, comentou.

O que diz a CEA
O diretor do departamento comercial da CEA, Fábio Freire, informou que além da adoção do sistema de bandeira tarifária, outro fator que alterou o valor das contas de energia elétrica foi a migração do banco de dados para implantar o novo sistema de leitura e emissão de faturas, que deixou de imprimir cerca de 3 mil documentos.

“Esse aumento refletiu forte no mês de novembro. Também teve a transferência dos dados do novo sistema que atrasou a emissão de faturas. Por isso muitos consumidores tiveram duas contas de energia para pagar em novembro. Mudamos a data para o consumidor não pagar juros, mas acabou causando o transtorno, infelizmente”, justificou.

Segundo Freire, os consumidores que se sentirem lesados podem procurar a companhia, das 8h às 18h, na Avenida Padre Júlio, 1900, no bairro Santa Rita, Zona Central de Macapá.

Processos
Por causa da situação, muitos processos estão sendo protocolados na Justiça do Amapá. O  titular do Juizado da Zona Norte de Macapá, juiz Marconi Pimenta, disse que os processos serão julgados e, caso seja comprovado o valor abusivo nas contas de energia, a companhia poderá ser condenada por danos morais.

“Este é um percentual fora de qualquer aumento de governo, seja federal ou estadual. Esse foi um aumento desproporcional e o consumidor não pode passar por isso. Esse absurdo criado pela CEA não se justifica. Se for comprovado, o juizado condena por danos morais e pode pedir o ressarcimento ao consumidor”, alertou.

O diretor do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon), Vicente Cruz, informou que uma câmara de conciliação será criada com a CEA, para verificar alternativas que possam beneficiar os consumidores.

“A CEA mudou a metodologia, mas não se preparou para as demandas que poderiam ocorrer, como essa mudança no preço das contas de energia. Estamos estudando soluções, e a primeira seria suspender o corte de energia elétrica referente a essas contas, até que a situação se resolva”, disse.

Se a cobrança indevida for comprovada pelo instituto, a companhia de eletricidade poderá ser multada e autuada, segundo Cruz. “Essa mudança trouxe um transtorno muito grande ao consumidor e isso tem que ter solução”, falou o diretor.

Fonte: G1

Imagem: Conta do jornalista Junior Duarte ultrapassou o valor de R$ 1 mil

 

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