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Japoneses querem transformar a Lua em usina de energia solar

Quando o assunto é energia e exploração espacial, temos que pensar grande – e é exatamente o que uma empresa japonesa está fazendo.

Uma das grandes vantagens do nosso satélite é que um de seus hemisférios é constantemente banhado pela luz do Sol (exceto durante eclipses ocasionais) e, portanto, gerar energia em painéis solares instalados na Lua pode não parecer algo tão distante.

Um exemplo é o recém-lançado rover chinês Chang’e 3/Yutu, que é movido a energia solar. Antes dele, os astronautas das missões Apollo já haviam realizado experimentos com energia solar no regolito lunar. Mas que tal recobrir o equador da Lua com uma faixa de painéis solares de 400 quilômetros de extensão e enviar a energia para a Terra?

É exatamente essa a ideia da Shimizu Corporation, que pretende aproveitar o fluxo constante de 13.000 terawatts de energia gerados pelo Sol. Segundo a revista Business Insider, “nos Estados Unidos, a capacidade total de geração de energia elétrica no verão foi de 1.050,9 gigawatts”. Uma fonte de energia tão vasta poderia transformar totalmente a nossa civilização.

Como Obi -Wan diria: “Aquilo não é a Lua. É uma estação (solar) espacial”. “Essa mudança de foco, do uso de recursos limitados para o aproveitamento ilimitado de energia limpa, é o sonho de toda a humanidade. O LUNA RING, nosso conceito de geração de energia solar lunar, transforma esse sonho em realidade por meio de ideias engenhosas, aliadas a tecnologias de ponta”, descreve o site oficial da empresa.

De fato, a empreitada exigirá tecnologias espaciais avançadas, não só para absorver a energia solar e enviá-la de forma eficiente para a Terra: sua própria construção exigirá vários saltos no desenvolvimento de tecnologia robótica. No entanto, é preciso haver mudanças significativas nos acordos internacionais de cooperação espacial antes que o projeto saia do papel.

Uma estrutura digna da ficção científica, o LUNA RING é um anel que se estende pela circunferência da Lua ao longo de 11 mil quilômetros, construído por robôs que “executarão várias tarefas na superfície lunar, incluindo terraplanagem e escavação dos estratos inferiores do solo”. O projeto será supervisionado por uma equipe humana, enquanto a maior parte das tarefas robóticas será operada remotamente da Terra.

Mas como a energia chegaria ao nosso planeta? Como a nossa atmosfera é praticamente transparente para microondas e lasers, a Shimizu pretende enviar a energia através de transmissores localizados no hemisfério lunar que está voltado para a Terra. À medida que a Lua orbita a Terra e nosso planeta gira, estações internacionais de recepção alimentariam as redes de eletricidade com a energia solar abundante gerada no processo.

Seus criadores se apressam em destacar que essa fonte quase inesgotável de energia limpa poderia beneficiar toda a humanidade. Além disso, quando a infraestrutura estiver pronta, outros recursos poderão ser explorados – como a extração de minérios preciosos e a fabricação de produtos do regolito. Pode-se imaginar um consórcio internacional de nações e/ou empresas que comprariam cotas da LUNA ANEL para viabilizar sua construção. Cada sócio teria o direito de construir estações de recepção na localização geográfica de sua escolha, livrando o planeta de fontes de energia poluentes. O Japão, afetado pelo devastador acidente de Fukushima em 2011, está buscando ativamente novas fontes de energia alternativa para que possa abrir mão da energia nuclear – e não dá para ser mais “alternativo” do que isso.

A data prevista para o início da construção do LUNA RING é 2035. Até lá, a Shimizu acredita que a infraestrutura e a tecnologia de geração de energia solar no espaço terá avançado o bastante para possibilitar um projeto dessa magnitude. Preocupar-se com pequenos detalhes práticos – como a limpeza dos painéis solares do LUNA RING e a obtenção do apoio da comunidade internacional – parece um pouco prematuro.

O projeto pode parecer um sonho distante, mas se as tecnologias atuais de fato avançarem, pode ser feito. É claro que seria a maior façanha de engenharia da história da humanidade, mas não uma tarefa impossível para uma civilização em constante avanço tecnológico.

Se realizássemos tal proeza, estaríamos perto de nos tornar uma civilização Tipo 1 na Escala de Kardashev, que mede o desenvolvimento tecnológico de uma civilização. Por enquanto estamos no Tipo 0: nossa capacidade de aproveitar as fontes de energia globais é muito limitada. Para chegar ao Tipo 1, teremos que captar toda a energia disponível na Terra. Portanto, se conseguirmos criar uma usina de geração de energia solar no satélite natural do nosso planeta, provavelmente ganharemos um bom impulso na escala de Kardashev.

Embora seja apenas um conceito, não é difícil vislumbrar como a LUNA RING se tornará realidade. Às vezes, é preciso pensar realmente grande para enfrentar alguns dos maiores desafios da nossa espécie.

Fonte: Tribuna Hoje
Veja mais: http://www.tribunahoje.com/noticia/87263/tecnologia/2013/12/12/japoneses-querem-transformar-a-lua-em-usina-de-energia-solar.html

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