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Lixo e descaso degradam orla de Canoa Quebrada/CE

Reduto sentimental do cearense e um dos importantes atrativos do Estado do Ceará na captação de turistas de todos os cantos do mundo, essa praia convive com uma realidade ameaçadora para seu futuro, tanto do ponto de vista ambiental quanto educacional. A ausência de coleta de lixo e a falta de ordenamento de veículos nas dunas são agressões que se intensificam nos nichos de natureza ainda preservados. Já escolas, manutenção do patrimônio histórico e o saneamento básico passam por momentos críticos.

Na Escola de Ensino Fundamental José Melancia, homenagem a um poeta local, as aulas foram suspensas, devido à ausência de telhado. A exceção é uma única sala, onde são ministradas aulas para os alunos da 8ª série.

Já na Igreja dos Pescadores de São Pedro, que é um patrimônio tombado, o telhado também ameaçava sucumbir e a comunidade tomou a iniciativa de intervir, mesmo passando por cima de leis que regulam o restauro de obras tombadas.

As agressões mais graves se referem aos resíduos sólidos. Para o professor de Educação Ambiental Tércio Vellardi, o fato é que as pessoas estão contratando carroças e essas recolhem os resíduos e depositam na mata de tabuleiro, que fica no entorno das dunas.

Incêndio

Recentemente, lembrou que ocorreu um incêndio, que se espalhou por toda a mata, uma representação dessa unidade de preservação da qual Canoa Quebrada faz parte. Ou seja, a Caatinga da Área de Preservação Ambiental (APA) pegou fogo. É fácil constatar, do alto do morro, que há uma extensa faixa de terra sem vegetação.

“A gente não tem como resolver isso somente com as forças da comunidade. Estamos fazendo campanha de conscientização. Se possível, as pessoas levarem seus resíduos até o aterro sanitário, que �ca em Aracati, podendo fazer nos seus carros próprios ou contratar alguém que possa realizar o serviço, mas que não jogue na mata de tabuleiro”, disse Térsio Vellardi. Ele informou que também vem produzindo uma cartilha ambiental para cada morador e cidadão do lugar, para que busque seguir regras.

Há 30 anos, quando Vellardi saiu de sua terra natal, Santos (São Paulo), para morar em Canoa Quebrada, o problema do saneamento básico não era tão sério. O que se jogava no chão ou nas áreas públicas eram papéis ou algo de pouca relevância, diferente dos resíduos atuais, produzido por milhares de pessoas que chegam àquele trecho do Litoral Leste do Ceará.

Abastecimento

Outro problema grave apresentado pela comunidade é com relação aos recursos hídricos. A comunidade bebe a água que vem do lençol freático sob as dunas. Teoricamente, era para ser limpa, mas a denúncia que tem chegado é de que é salobra, em decorrência do excesso de produtos colocados para tratamento.

A notícia mais assustadora para os moradores locais foi com relação à suposta compra de uma extensa faixa de terra por empreendedores árabes, na área das dunas, que é parte integrante da APA. A Câmara de Vereadores de Aracati já estava mobilizada para votar o Projeto com a autorização, mas esbarrou no Conselho Municipal de Meio Ambiente da APA, mantido no Município, que não foi consultado.

O bugueiro Narcílio da Costa Santos, conhecido por Moreco, percebeu que a movimentação atual de veículos vem causando rachaduras e voçorocas, que, com as chuvas, aumentam os danos ambientais. As pedras no mar, que estão em formação de recife, e as falésias têm como finalidade conter o avanço do mar sobre a praia. Contudo, demonstram cada vez mais a vulnerabilidade. Ao mesmo tempo, o excesso de carros nas dunas, cuja essência é proteger o lençol freático, também tem sido um agressor ostensivo.

Fonte: Diário do Nordeste

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