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Visita à estação de tratamento de esgoto da “Ambient” (grupo “GS Inima Brasil”) em Ribeirão Preto / SP

O curso de “Aproveitamento Energético do Biogás – Aspectos Operacionais e Construtivos de Reatores UASB e Digestores Anaeróbios” foi organizado pelo Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon), e realizado nos dias 25 e 26 de julho na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Ribeirão Preto.

Administrada pela empresa Ambient (www.ambient.com.br), foram discutidos o aproveitamento energético do biogás, um tipo de combustível renovável que, em diversos países, é utilizado como fonte de energia elétrica ou térmica. Também proporcionou aos profissionais da área da engenharia e projetos uma revisão dos aspectos construtivos de estações de tratamento de esgotos que empregam reatores anaeróbios, visando otimizar a qualidade do efluente e fomentar o aproveitamento do biogás. Entre os palestrantes, esteve o doutor em engenharia sanitária, especialista no assunto, Fabio Chui Pressinotti.

O segundo dia de atividades (26/07), teve início com visita à estação de tratamento de esgotos (ETE) Ribeirão Preto da Ambient, concessionária pertencente ao Grupo GS Inima Brasil, constituída em 1995 com o objetivo de construir, operar e manter o sistema de tratamento e destino final dos esgotos no município de Ribeirão Preto, hoje com 666.000 habitantes. Foram investidos mais de R$ 148 milhões para possibilitar o tratamento de 100 % do esgoto doméstico coletado na cidade. Com duas grandes estações de tratamento em operação, a ETE Ribeirão Preto e a ETE Caiçara, possui capacidade atual para tratar o esgoto gerado equivalente a uma população de 620 mil habitantes, com vazão média diária de 130 milhões de litros, podendo chegar com as ampliações ao atendimento de 1 milhão de habitantes.

Desde 2001, a concessionária trata o esgoto da cidade, e gradativamente ampliou o percentual de tratamento, que hoje é de aproximadamente 98 %. Implantou programas socioambientais, e foi certificada com a ISO 9001. Além da construção e operação de duas estações de tratamento de esgotos, seus investimentos, que atingem R$ 170 milhões, incluem a construção de 72 km de redes interceptoras de esgoto e duas estações elevatórias.

A estação de tratamento de esgotos (ETE) Ribeirão Preto, responde a 86 % do esgoto tratado da cidade, possuindo tecnologia de lodos ativados com aeração por difusores de membrana e sistema de digestão aeróbica de lodos de alta carga, obtendo eficiência de 96% na remoção da matéria orgânica.

Fonte : Ambient

Durante o processo de tratamento do esgoto são produzidos cerca de 8.000 Nm³/dia de biogás, um gás com alto poder calorífico, que possui em sua composição aproximadamente 60 % de CH4 (metano) e 40 % de CO2 (gás carbônico). Apenas 30 % deste gás era aproveitado para aquecimento do lodo do digestor, sendo o restante queimado em flare (equipamento instalado para queimar gases, evitando explosões e diminuindo a poluição do meio ambiente). Estudos realizados indicaram que era possível e viável uma melhoria operacional utilizando o biogás excedente para geração de energia elétrica.

Em 2011, a ETE Ribeirão Preto foi a primeira a implantar o sistema de geração de energia elétrica no país, a partir do biogás produzido no processo de tratamento. Assim são gerados, cerca de 15.000 kWh por dia, através de dois geradores, o que possibilita à ETE uma (autossuficiência/suficiência) energética da ordem de 60%.

Desde a licença prévia de instalação junto ao Órgão Ambiental, até o início da operação do sistema decorreram aproximadamente 15 meses, com um investimento total de aproximadamente R$ 5 milhões. O novo projeto ampliou a utilização do biogás eliminando sua queima em “flare”.

A estação de tratamento de esgotos (ETE) Caiçara, responde pelo tratamento dos demais 14 % do esgoto tratado da cidade e possui uma tecnologia de lodos ativados com aeração prolongada, obtendo uma eficiência de 96 % na remoção da matéria orgânica.

Ribeirão Preto foi a primeira cidade com mais de 500 mil habitantes a atingir a marca de 98% do esgoto tratado, hoje são cerca de 130.000.000 de litros de esgoto tratado por dia, refletindo qualidade de vida para a população, menos gastos com a saúde pública e preservação do meio ambiente. Segundo o DAERP (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), o tratamento de esgoto completará os 100 % até o final deste ano.

De acordo com os especialistas, apesar de a tecnologia UASB ser utilizada há algum tempo, surgiram avanços e novas possibilidades que potencializam os resultados e que devem ser amplamente divulgadas. É preciso otimizar a qualidade do efluente obtido no tratamento do esgoto e maximizar o aproveitamento do biogás gerado nesse processo, trazendo dessa forma melhorias para o meio ambiente. É fundamental conhecer a qualidade e a quantidade do biogás ofertado por uma estação de tratamento de esgoto para conseguir estabelecer as diretrizes corretas para o seu manejo.

Dentro do cenário nacional, quanto à eficiência energética no tratamento de esgoto, as ETEs podem aproveitar, de forma mais efetiva o biogás, que pode ser utilizado na geração de energia elétrica e/ou térmica, contribuindo para a autossustentabilidade dos sistemas de tratamento. Em termos de ganhos econômicos, tem-se a geração de energia elétrica para consumo próprio nas ETEs, bem como a geração de energia térmica para higienização do lodo gerado no tratamento de efluentes, incidindo diretamente na economia de recursos financeiros.

As tecnologias com base em fontes renováveis podem ser, portanto, atrativas devido às vantagens ambientais, porque destina o biogás para a queima como combustível nos motores evitando sua emissão direta na atmosfera, reduzindo a emissão de gases que provocam o efeito estufa, e também por ser uma fonte de energia renovável, limpa e responsável.

Gheorge Patrick Iwaki
[email protected]
Responsável Técnico

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