RESUMO
A disposição de esgotos sanitários não tratados no solo tem várias consequências para a saúde humana e conduz a riscos ambientais; por conseguinte, é necessário investigar, controlar e remediar os locais afetados. Os objetivos do presente estudo foi avaliar os efeitos ecotoxicológicos sobre as minhocas de terra Eisenia Andrei expostas ao solo sujeitas a fontes de descarga de esgotos sanitários e investigar se os valores de prevenção estabelecidos pela legislação brasileira para a qualidade do solo, associados à incidência de substâncias químicas no mesmo, são suficientemente satisfatórios para assegurar a qualidade necessária para os diferentes organismos. Foram avaliados o comportamento das minhocas, reprodução, atividade da acetilcolinesterase, catalase, superóxido dismutase e níveis de malondialdeído. A reprodução e comportamento de minhocas expostas a esgotos sanitários foram adversamente afetados. O aumento da atividade da superóxido dismutase e da catalase atuou como mecanismo de defesa antioxidante. O aumento significativo dos níveis de peroxidação lipídica e a inibição da atividade da acetilcolinesterase indicaram a peroxidação lipídica na membrana celular e alterações de neurotransmissão, respectivamente. Os resultados confirmaram que os esgotos sanitários induziram stress oxidativo em minhocas de terra. Além disso, com base na análise de dados bioquímicos, a resposta do biomarcador integrado (IBR) evidenciou diferentes níveis de toxicidade em minhocas entre os pontos investigados. Por fim, os resultados indicaram que os efluentes libertados no solo, sem tratamento adequado, levam à acumulação de contaminantes devido à saturação do solo e podem dificultar os diferentes processos e desenvolvimento biológico que ocorrem no solo. Além disso, o estudo mostrou que as análises físico-químicas por si só não são suficientes para avaliar a qualidade do solo, uma vez que é também necessário adotar uma abordagem ecotoxicológica. A legislação brasileira centrada na qualidade do solo deve ser revista e devem ser propostos novos valores orientadores.
Autores: Roberta de Moura Lisboa, Tamiris Rosso Storck, Andressa de Oliveira Silveira, Delmira Wolff, Tadeu Luis Tiecher, Gustavo Brunetto, Barbara Clasen.
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