Resumo

O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a eficiência da Estação de Tratamento de Esgoto-ETE Centro, localizada no município de Petrolina- Pernambuco, Brasil, operada pela Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA). Os parâmetros utilizados para avaliação da unidade são os estabelecidos na Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA n° 430/2011), que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes.

As coletas e análises laboratoriais foram realizadas no esgoto bruto e tratado dos meses de janeiro a outubro de 2016, comparando os resultados com os parâmetros estabelecidos pela legislação.

Em todos os meses de estudo a ETE Centro apresentou conformidade legal para os parâmetros: temperatura(°C) pH, DBO (mg/L), sólidos sedimentáveis e óleos e graxas que são os parâmetros exigidos pela Resolução CONAMA n ° 430 de 2011 e também apresentou resultados satisfatórios de remoção de DBO com eficiência média de 83%.

Introdução

Cada vez mais, as questões relacionadas ao saneamento ocupam lugar de destaque na esfera social, econômica,
política e ambiental. Para que seja mantida a qualidade dos recursos hídricos e da saúde humana é de grande
importância o tratamento do esgoto, que ocorre nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE).

A medida que as pesquisas sobre as características do esgoto se expandem e as técnicas de analisar constituintes específicos e seus efeitos potenciais sobre a saúde e o meio ambiente se tornam mais completos, tem resultado no desenvolvimento em novos métodos de tratamento para remoção. Os métodos de tratamento são classificados em processo unitários físicos, químicos e biológicos (Metcalf & Eddy, 2015).

A ETE Centro utiliza a combinação dos processos unitários físicos, químicos e biológicas para remoção da sólidos grosseiros, matérias orgânica e inorgânica, através de gradeamento, caixa de areia, reatores UASB, filtros biológicos aerados submersos, decantadores secundários e tanque de contato para aplicação de cloro gasoso.

O tratamento por operações físicas, utiliza forças físicas para remoção de contaminantes. Dentre os mais utilizados, destacam-se o gradeamento e caixa de areia que são utilizados para remoção de resíduos sólidos presentes no esgoto e areia, para que esses resíduos não tragam prejuízos ao tratamento biológico, por exemplo. Nas operação físicas unitárias, os decantadores também são utilizados para remoção de sólidos por processo de sedimentação.

O tratamento biológico pode ocorrer de maneira aeróbia ou anaeróbia, ou seja, na presença ou não de oxigênio. No tratamento em aerobiose, a matéria orgânica é consumida por microrganismos que anabolizam as substancias orgânicas por meio de processos oxidativos (Von Sperling, 2002). Já nos tratamentos biológicos em anaerobiose a matéria orgânica é convertida em compostos inorgânicos, onde se destacam gás carbônico e metano.

Os sistemas anaeróbios têm como principais características a reduzida utilização de energia elétrica e a facilidade de operação em regiões de clima tropical, pois as altas temperaturas favorecem o processo de digestão da matéria orgânica. De acordo com Chernicharo (2007) o reator Upflow Anaerobic Sludge Blanket (UASB) ou reator anaeróbico de fluxo ascendente em manta de lodo consiste de um fluxo ascendente de esgotos através de um leito de lodo denso e de elevada atividade. A digestão anaeróbia envolve processos metabólicos complexos que ocorrem em etapas sequenciais e que dependem da atividade de no mínimo três grupos de microrganismos cada qual com funções específicas. São elas: bactérias fermentativas ou acidogênicas; bactérias sintróficas ou acetogênicas e microrganismos metanogênicos. Contudo, os reatores UASB, possuem eficência de remoção de DBO, entre 65% e 75%, sendo necessário um pós-tratamento para

Os filtros biológicos aerados submersos (FAS) são conhecidos há bastante tempo, tendo utilizado como material suporte elementos de brita, coque, cerâmica, atualmente com o desenvolvimento de material suporte em plástico, onde pode haver um maior controle do índice de vazios e da relação área/volume essa alternativa tem se mostrado interessante. O ar pode ser insuflado através de tubos perfurados, avaliando-se criteriosamente os orifícios e a distribuição dos mesmos no filtro ou por sistemas difusores. O crescimento dos microorganismos no meio suporte elimina a necessidade de recirculação e os conseqüentes distúrbios resultantes do bulking do mesmo. As bolhas de ar geradas no processo ao atravessarem o “leito filtrante” erodem o biofilme e desta forma impedem o processo de colmatação. A turbulência do processo assegura uma boa iteração entre o substrato e o leito.

Os processos unitários químicos são métodos de tratamento nos quais a remoção dos constituintes é efetuada por meio de compostos químicos. As principais técnicas são: precipitação, adsorção, adição de oxigênio, e desinfecção. Os mecanismos de ação dos agentes de desinfecção, como o cloro gasoso, por exemplo, podem causar: danos a parede celular, alteração da permeabilidade da célula, alteração da natureza coloidal do protoplasma no interior da célula, alteração do DNA e RNA dos organismos, inibição da atividade enzimática no protoplasma.

Diante do exposto, a combinação de processos unitários físicos, químicos e biológicos muitas vezes é necessária para atendimento a padrões cada vez mais restritivos da legislação, como também pra adequação dos efluentes para descarte em corpos receptores de boa qualidade, como é o caso do rio São Francisco.

Autoras: Marcella Vianna Cabral Paiva; Thaimara de Araujo Souza; Enedina Louise Souza; Silvia Mariana da Silva Barbosa e Bárbara Ribeiro.