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Iguá Troca Presidente

Sob pressão, Iguá troca presidente, busca mais eficiência e prevê cautela em novos leilões

Iguá Troca Presidente

Por Taís Hirata, Valor

A operadora de saneamento Iguá acaba de trocar seu comando, com a saída de Roberto Barbuti e a entrada de René Silva, executivo que chefiava a Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart), do Pátria, e que já atuou como diretor de operações da Hidrovias do Brasil.

Em conversa com o Valor, o novo presidente sinalizou mudanças nos processos da companhia, com um maior foco em ganhos de eficiência internos e uma diretriz de cautela na análise de novos leilões.

“A mudança é um processo natural. Dado o momento que a empresa está, de crescimento grande, é natural que o grupo olhe para dentro”, afirmou Silva.

Segundo fontes, que falaram sob condição de anonimato, a troca se deu em meio à insatisfação de acionistas, principalmente dos minoritários, a canadense AIMCo (Alberta Investment Management Corporation) e o BNDESPar (braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Barbuti fora indicado pelo CPP (Canada Pension Plan), que detém 66,5% do capital da companhia. O incômodo dos sócios foi noticiado pelo site Investnews e confirmado por fontes ao Valor.

Atores próximos ao tema afirmaram, porém, que a decisão de trocar o comando foi unânime, tomada pelos três acionistas. Além dos sócios, detentores de títulos da empresa vinham preocupados com o desempenho, disse uma fonte do mercado.

Iguá Troca Presidente

Ainda segundo pessoas a par do tema, havia insatisfação quanto a problemas na operação no Rio de Janeiro e uma preocupação quanto à nova concessão de Sergipe, iniciada em maio — a avaliação é que o ativo foi conquistado com prêmio elevado, o que demandará uma execução de investimentos sem margem para erros, disse uma fonte.

“Não colocaria como insatisfação”, afirmou o novo presidente, ao ser questionado sobre o tema. “A saída do Barbuti é um movimento natural dentro do processo da companhia, ele ficou dois anos fazendo todas as mudanças e auxiliando a expansão. O que se vê agora é a necessidade de um CEO com perfil mais direcionado ao operacional. Meu histórico é ligado a ganhos de produtividade, para que consiga pavimentar melhor e sustentar crescimento de longo prazo”, afirmou.

A mudança no comando não vem acompanhada de alteração no quadro societário, disse ele. No mercado, a avaliação é que AIMCo e BNDESPar, que têm respectivamente 24% e 9,5% da empresa, têm planos de sair do negócio quando houver oportunidade.

Uma fonte diz que, no passado, a Aegea chegou a fazer oferta por 100% da companhia. Mas o negócio não se concretizou porque o CPP não quis sair. Outro plano que vinha sendo ensaiado pela Iguá seria a abertura de capital, mas hoje a gestão não vê espaço para esse movimento.

Mudanças por mais eficiência na operação

Outro direcionamento é a cautela nos novos leilões. “Temos um cenário macroeconômico desafiador. Isso demanda uma necessidade de olhar interno, de buscar eficiências operacionais para captar valor e sustentar crescimento”, disse.

Segundo o executivo, a empresa deverá seguir analisando oportunidades, como as licitações em Pernambuco e em Rondônia, que estão sendo estruturadas pelo BNDES. Conforme o Valor já havia noticiado, a Iguá desmobilizou sua equipe de novos negócios. Porém, Silva disse que ainda é possível analisar ativos com apoio de consultorias externas.

“Nas demais empresas do setor de saneamento, você olha e já entende qual é o DNA. Acho que a Iguá está no momento de criar sua própria identidade, baseada no trabalho em equipe, na eficiência, no atendimento ao cliente de forma rápida e na prestação do serviço com qualidade”, disse.

Fonte: Valor.

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