Pesquisa USP Poluição Rios
Um levantamento robusto conduzido pelo Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP expôs o panorama atual: apenas 64,8% dos resíduos sanitários gerados nos 645 municípios paulistas passam por algum tipo de tratamento, e muitos deles utilizam métodos pouco eficazes para a retirada de poluentes.
Segundo o trabalho divulgado em artigo científico exclusivo no Journal of Environmental Management, mais de 200 toneladas de nitrogênio e 30 toneladas de fósforo são despejadas todos os dias nos cursos d’água do Estado por causa do esgoto — seja sem tratamento, seja tratado de modo ineficiente.
Os dados detalhados advêm do Atlas Esgotos (registros de 2015 e 2016), principal fonte brasileira sobre a situação do saneamento básico.
Eficiência dos Tratamentos e Recomendações
O estudo revela que as estações de tratamento usadas tipicamente adotam processos secundários, que focam em remover matéria orgânica, mas atingem apenas 56,5% de remoção de nitrogênio e 37,3% de fósforo.
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Contudo para os especialistas da USP, é fundamental repensar os métodos atuais, priorizando soluções inovadoras tanto centralizadas quanto descentralizadas e adaptadas ao perfil de cada município.
Municípios menores, por exemplo, podem se beneficiar de lagoas de estabilização biológica; centros urbanos, de sistemas com reatores aeróbios mais avançados.
Inovações universitárias e dados alarmantes ampliam debate sobre saneamento
Portanto projetos pioneiros surgem em universidades brasileiras, como o implantado pela UFRJ no campus de Macaé, que utiliza wetlands artificiais – zonas úmidas construídas – como alternativa sustentável para o tratamento de esgoto.
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Segundo o professor Rafael Ferreira, o sistema tem mostrado eficiência na remoção de poluentes, pode ser aplicado em pequenas comunidades e serve de espaço experimental para capacitar estudantes em inovações do saneamento ambiental.
Enquanto isso, dados recentes do Instituto Trata Brasil (ONG) evidenciam a gravidade do desafio nacional: só em janeiro de 2025, o país despejou no meio ambiente o equivalente a 162 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento.
Fonte: PU.