Resumo
Cortinas ou barreiras de redução de turbidez foram idealizadas para conter plumas de sólidos suspensos em corpos d’água. Águas com elevada turbidez inviabilizam o seu uso direto, aumentando o custo do tratamento de água e gestão do lodo gerado. Com a finalidade de reduzir a turbidez no manancial, o presente estudo realizou um planejamento experimental estatístico baseado no modelo de delineamento composto central rotacional (DCCR) para um conjunto de 2 barreiras flutuantes em sequência. O experimento foi realizado em escala laboratorial, utilizando de um canal de acrílico. Os fatores analisados foram a gramatura da primeira barreira, a gramatura da segunda barreira e a taxa de aplicação. A eficiência total do sistema foi superior a 92% em 17 dos 18 ensaios realizados.
Introdução
O controle dos efeitos adversos causados pela ação das chuvas no recurso hídrico está na redução do processo erosivo nas vertentes da bacia, no entanto para tal, seria necessário ações e aplicações de recursos na conservação do solo ou na manutenção e recuperação da cobertura nativa. Dentro da realidade brasileira esses tipos de ações protetivas estão longe de ser uma prioridade entre os gestores dos recursos hídricos, sendo o principal motivo a inexistência de mecanismos eficazes que demonstrem a viabilidade econômica e social para este tipo de investimento.
Para problemas associados ao transporte de sedimentos em corpos hídricos, há uma forma de controle com o emprego de cortinas de redução de turbidez, também chamadas de barreiras flutuantes. Tal método está presente na literatura de forma mais intensa a partir da década de 90 e pode ser encontrado, como exemplo, no Alabama Handbook for Erosion Control, Sediment Control and Stormwater Management on Construction Site and Urban Areas (2003). A simplicidade do processo de aplicação e a baixa necessidade de manutenção despertam o interesse para o uso desta prática, como foi utilizado nas obras do trecho Sul do rodoanel, Região Metropolitana de São Paulo (IPT, 2008). O método de barreiras flutuantes mostra-se eficiente em sua aplicação, porém há poucos estudos que quantifiquem a redução de turbidez ou sólidos suspensos a partir deste método (Gaiotte et al., 2015).
As ETA convencionais possuem na etapa inicial do processo a aplicação de coagulante. A quantidade de coagulante aplicado (sulfato de alumínio em geral) é determinada pelas características do material suspenso e principalmente pela concentração do mesmo (Kawamura, 2000). Os sólidos suspensos depois de agregados pelo coagulante são retirados do sistema por etapas de decantação e filtração na forma de lodo. O tratamento de lodo eleva muito os custos envolvidos nos processos de destinação final, fazendo com que a maioria dos sistemas de tratamento de água acabem dispondo o lodo no ambiente, frequentemente é observado o descarte no corpo hídrico mais próximo, provocando impactos ambientais negativos.