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Lixo Obras Inundações BH

Após prefeito culpar lixo, especialistas sugerem obras para evitar inundações em BH

Lixo Obras Inundações BH

Primeiramente, resíduos sólidos são, em parte, a causa de transbordamentos e inundações.

O lixo, porém, não é o principal problema dos alagamentos em Belo Horizonte.

“Posso garantir que 80% do problema está na questão de como os cursos d’água foram e são tratados no nosso meio urbano”, diz o professor e pesquisador Alessandro Borsagli. “Temos a canalização e o excesso de impermeabilização do solo. É uma receita que arrebenta com tudo”, completa.

Na última semana, o prefeito Fuad Noman (PSD) disse, em coletiva de imprensa, que, durante a forte chuva que atingiu Belo Horizonte na terça-feira (23), a situação se agravou por causa do “novo normal” e do acúmulo de lixo deixado nas ruas.

Fuad se referia às mudanças climáticas relacionadas ao aquecimento global. Naquela terça, em apenas um dia, a capital recebeu 26% da chuva esperada para todo o mês. No entanto, especialistas ouvidos pela reportagem discordam do prefeito sobre a causa do problema que arrastou veículos, resultando em amontoados de carros, derrubou árvores e deixou pessoas ilhadas.

O engenheiro civil especialista em geotécnica Luciano Machado classifica como “inadmissível” a ideia de que o lixo seja a causa das inundações na capital mineira.

“Não dá para a gente aceitar esse tipo de posicionamento, sobretudo pensando na engenharia que existe para que não se tenha esse problema. Mas, se existe essa possibilidade de ter uma inundação por conta do lixo, é inadmissível, então, aceitar que não tenha sido feita uma coleta”, critica Machado.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) garante ter executado ações para impedir ocorrências relacionadas à chuva desde o ano passado. Sobre o lixo, diz que as 65 mil bocas de lobos existentes na cidade passaram por 113.005 limpezas e, nelas, foram removidas 1.764 toneladas de resíduos, entre “lixo descartado irregularmente” e “resíduos que escoam para a rede de microdrenagem”.

Questionada sobre ações específicas para o período chuvoso, de outubro a março, como aumento do efetivo ou mais ações de limpeza nas vias da capital, a PBH diz que realiza um mutirão de limpeza após as chuvas e que mantém a mesma rotina de limpeza na cidade independentemente do clima.

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INVESTIMENTOS

Na visão dos especialistas, mudanças em curto e longo prazo são a garantia de um “novo normal” seguro e eficaz para a população.

“Existem problemas em tubulações subdimensionadas, ou seja, sem capacidade para drenar a quantidade excessiva de água que passa por elas, porém, se tivermos um dimensionamento correto, uma readequação, eu não vejo motivo para não conseguirmos adaptar a cidade ao novo normal”, avalia Machado.

Assim sendo, outra solução, aponta Borsagli, seria trabalhar a redução da velocidade e do volume de água que corre pelas vias durante os temporais.

“Retirada da manta asfáltica de algumas vias menos transitadas e a captação das águas pelos edifícios e casas”, indica.

SLU retirou 5.000 toneladas de lixo de córregos

Em meio ao caos provocado pelos temporais, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informa que executa ações para impedir ocorrências relacionadas à chuva, assim como a limpeza e manutenção das 18 bacias de controle de cheias em operação no município. O Executivo diz ainda que faz a limpeza nos córregos para impedir o assoreamento dos cursos d’água. Essa limpeza, segundo a PBH, inclui a capina e roçada das margens e a retirada de entulho e lixo do leito lançados indevidamente pela população. Em média, cada córrego é limpado três vezes por ano, obedecendo a uma programação da SLU – são 166 trechos de cursos d’água por ano. Em 2023, a SLU retirou cerca de 5.000 toneladas de resíduos de córregos.

ALTERNATIVA

Em abril do ano passado, a PBH aprovou lei que prevê a instalação de caixas coletoras dentro de bueiros das vias da cidade. Dessa maneira, o equipamento funcionaria como uma peneira, permitindo a passagem da água e retendo o lixo.

A Lei 11.473 já está em vigor, mas até o momento nenhum equipamento foi instalado. O poder público diz que faz estudos técnicos e de viabilidade. Não há prazo para que instalar as caixas coletoras. Com relação às tubulações, a PBH afirma que realiza diversas obras de modernização e ampliação, sendo que algumas já foram concluídas.

Por: Raquel Penaforte

Fonte: O Tempo

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