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O Saneamento Básico no Brasil – por Hiram Sartori

O Saneamento básico é ainda um grande problema no Brasil.

Apesar de ser um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei n° 11.445/2007, os dados comprovam que o país ainda tem um longo caminho para ter uma saúde pública adequada.

A carência de abastecimento de água e tratamento e coleta de esgoto são um dos fatores que deixam o Brasil em atraso no índice de desenvolvimento humano

Como é o acesso ao Saneamento Básico no Brasil?

Para se ter uma ideia, o número de brasileiros que não tem acesso a água tratada chega a 35 milhões, segundo o Instituto Trata Brasil.

E pior: mais de 100 milhões de pessoas não tem as suas casas ligadas a redes de esgoto no Brasil. E apenas 40% dos esgotos são tratados – a região norte é a que mais sofre, com apenas 14% do esgoto sendo tratados.

Estima-se que o país demoraria cerca de 20 a 30 anos para universalizar o saneamento básico, e gastaria 500 bilhões de reais na empreitada. São números inaceitáveis para um país com o potencial de crescimento do Brasil.

Mas é preciso começar de algum lugar e rápido. Os benefícios de se ter água tratada e coleta e tratamento de esgoto são inúmeros e é essencial para o bem-estar da população.

Eles trazem melhorias na educação, expansão do turismo, valorização de imóveis, preservação dos recursos hídricos e o principal: traz saúde e qualidade de vida para as pessoas. Infelizmente o que a realidade nos mostra é a existência de doenças e uma taxa de mortalidade infantil que poderiam ser erradicados com atitudes do governo.

Ainda segundo estudo do Instituto Trata Brasil, o Brasil apresenta milhares de casos de internação por diarreias todos os anos, a maioria devido à falta de saneamento.

Os números são assustadores: 400 mil casos em 2011, sendo mais da metade de crianças entre 0 a 5 anos. É estimado que 65% das internações em hospitais de crianças com menos de 10 anos sejam devido a deficiência ou ausência de esgoto e água tratada. Isso afeta o indivíduo em todas as áreas da sua vida.

A prioridade de um país devia ser suas necessidades básicas, como saúde e bem-estar, mas as prioridades e a corrupção do Brasil só resultam em estatísticas de saúde pública iguais de um país com pobreza extrema.

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Os dados ainda mostram que a desigualdade está viva e forte. Apesar da carência de saneamento acontecer em todo país, o maior impacto ainda é sentido pela população mais vulnerável, e que reside em áreas irregulares onde a infraestrutura sanitária é precária ou inexistente.

Essas pessoas são obrigadas a conviver com doenças como hepatite A, problemas de pele, dengue, e com acúmulo de lixo e poluição extrema.

Isso acontece tanto por desleixo das autoridades em carregadas quanto pelo difícil acesso a lugares não urbanizados ou improvisados que não apresentam estrutura adequada.

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Leia também: A gestão do saneamento no Brasil

A pior situação do Brasil

É a região norte, com apenas 14,36% de esgoto tratado e o índice de atendimento total é de 7,88%. No Nordeste, 28,8% do esgoto é tratado; no Sudeste 43,9% é tratado e o índice de atendimento total é de 78,33%; e a região Sul apresenta 43,9% de esgoto tratado.

A região Centro-oeste tem o melhor desempenho com 46,7% de esgoto tratado, mas a média não atinge nem metade da população.

Os dados são do Instituto Trata Brasil que ainda conclui: 4 milhões de brasileiros não tem acesso a banheiro. E do total, 48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto, isto é, não chega a metade.

A realidade é que ninguém pode viver sem saneamento, e a falta de investimento põe toda população em risco. O Brasil passa por epidemias frequentes de dengue e outras doenças, que precisam de prevenção urgente.

Mesmo que a universalização do serviço esteja distante, esperamos ver melhorias consistentes que melhorem a saúde dos brasileiros.

*Hiram Sartori é Engenheiro Sanitarista, possui doutorado em Engenharia Civil e atua como consultor e professor do Ensino Superior.

Site: hiramsartori.com.br
Twitter: @hiram_sartori
LinkedIn: https://br.linkedin.com/in/hiramsartori

 

A opinião apresentada é de responsabilidade do autor.

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