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Esquistossomose é considerada doença endêmica no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, mais de um milhão de pessoas vivem em áreas de risco de contaminação.

A Organização Mundial de Saúde estima que um número um pouco maior do que o total da população brasileira, ou mais de 220 milhões de pessoas ao redor do mundo, requer um tratamento preventivo contra a esquistossomose, doença causada pelo Schistosoma mansoni, um verme encontrado em água doce. Ele vai parar em rios e lagos via fezes de pessoas contaminadas. Esses dejetos levam os ovos do verme, que eclodem na água, liberando larvas que infestam seu hospedeiro intermediário, o caramujo.

No Brasil, o problema é considerado endêmico, com cerca de 1,5 milhão de pessoas vivendo em áreas de risco de contaminação. As regiões mais visadas do país são o Nordeste e estados do Sudeste como Minas Gerais e Espírito Santo. Por que essa enfermidade, também conhecida como barriga d’água, persiste entre nós? “O principal motivo é a presença do caramujo, cuja erradicação não é simples”, explica Luis Fernando Aranha, professor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein.

Além disso, entram nessa conta os pacientes não tratados, que são transmissores do verme, e os hábitos higiênicos, em parte derivados da ausência de saneamento básico. Isso afeta até a indústria do turismo. Otávio Sarmento Pieri, professor titular de saúde pública do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, cita artigo das pesquisadoras Constança Simões Barbosa, Mariana Sena Barreto e Elainne Christine de Souza Gomes, da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco, sobre o caso de indivíduos da zona rural parasitados com o Schistosoma mansoni e que foram trabalhar em áreas turísticas no litoral daquele estado, como Porto de Galinhas.

Investimentos em saneamento

Os caramujos foram introduzidos por meio da areia retirada de um rio e usada na construção civil. Sem falar nas condições sanitárias inadequadas. Em 2000, já existiam 15 focos de transmissão de esquistossomose, sendo registrado o primeiro surto epidêmico da doença na região. Hoje, o problema é considerado endêmico, não só lá, mas também em outros pontos do litoral do Brasil.

Daí a necessidade de se investir em saneamento. “Sem dúvida, é o ponto mais relevante, associado à identificação e tratamento de portadores e combate ao hospedeiro”, diz Aranha. Em todo o país 83,6% da população têm acesso ao abastecimento de água, enquanto a rede de esgoto atende a 53,2% dos brasileiros. E apenas 46,3% do esgoto gerado recebe tratamento no país. “O saneamento é fundamental, mas só ele não vai resolver o problema”, diz Otávio Pieri.

De acordo com o professor de saúde pública, na década de 1950 tentou-se eliminar o caramujo jogando sulfato de cobre nas águas. “Mas é um metal pesado que fica ali pelo resto da vida.” Veneno em pó também é outra possibilidade, porém o impacto ambiental é grande. “É necessário descobrir uma substância que só mate o caramujo”, diz Pieri.

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Saúde pública

O grande problema para a saúde da pessoa com esquistossomose é presença dos ovos do Schistosoma mansoni no fígado. Ali, como explica Luis Fernando Aranha, ele causa uma reação inflamatória que provoca um aumento da pressão no sistema venoso do órgão e seus tributários, que transporta o sangue dos intestinos para o fígado e outros vasos. Esse quadro também pode acometer as veias dos pulmões.

O comprometimento do fígado leva à hipertensão da veia porta. Isso se manifesta ao longo dos anos com o crescimento do volume abdominal. Eis a razão da alcunha barriga d’água. “Quando há acometimento pulmonar, a pressão dos pulmões se eleva, o que se manifesta por falta de ar grave e progressiva”, explica Aranha. Na forma aguda da doença, acontece transmissão maciça dos agentes infecciosos, ocorrendo febre alta, aumento no sangue de eosinófilos, células de defesa que atuam contra parasitas, e lesões de pele, onde há entrada dos protozoários, completa o especialista.

Para debelar a esquistossomose, a droga mais eficaz é o praziquantel, um antiparasitário. “Os tratamentos em geral são curtos e eficazes, exceto em situações onde já existe lesão orgânica avançada”, diz Aranha. A eficácia da droga é de 60% a 70% e ela não é indicada para grávidas. Ela é distribuída pelo Sistema Único de Saúde.

Fonte: Diário da Amazônia.

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