Os moradores da região do bairro Itinga, em Araquari, tiveram uma surpresa desagradável ao receber nesta semana a fatura da conta de água. Os consumidores, que passaram praticamente o primeiro mês do ano sem abastecimento, estão indignados com valores absurdos, alguns mais de cinco vezes maior que o normalmente faturado. “Não vou pagar por um produto que não foi entregue”, observou Marcelo Gonçalves, 42 anos, microempresário, destacando que o ar da tubulação fez girar o relógio e contabilizou um consumo inexistente.
No caso de Gonçalves, o valor cobrado chegou a quase quatro vezes mais que o normal. A última fatura totaliza R$ 198, 34, quando a média mensal costuma ficar na casa dos R$ 60. “Este foi o pior mês em termos de abastecimento em todo o tempo que resido no município. Ficamos sem água muitos dias e, inclusive, é do conhecimento dos senhores que a população desesperada do nosso bairro promoveu até protestos”, diz texto de uma carta protocolada por ele ontem no escritório regional da Casan (Companhia Catarinense de Água e Saneamento), e também encaminhada à Prefeitura e à Câmara de Vereadores.
No documento, além da revisão da fatura, Gonçalves pede a verificação das contas de outras pessoas da comunidade que também notaram discrepâncias nos valores e a construção de uma caixa d`água para atender a população crescente da região. “A cidade está recebendo uma fábrica alemã de primeiro mundo, mas tem uma infraestrutura de Índia”, criticou, sobre a falta de investimentos no Itinga, onde mora a metade dos habitantes de Araquari.
Para Cristiana Cunha, 33, a surpresa na conta foi maior ainda, com um valor de quase R$ 400, quando normalmente a fatura fica entre R$ 60 e R$ 90. “A gente quer uma solução para o problema da água e para essa conta absurda”, comentou a moradora. Ela também procurou a Casan, que reteve a fatura e deu um prazo de 20 dias para avaliação. Ainda segundo Cristiana, o abastecimento de água tem sido complicado nos últimos três anos. Nesta temporada, ela teve até que ir lavar roupa na casa da cunhada, no bairro Itaum, em Joinville. “Até no inverno está faltando água”.
Casos serão avaliados
Uma das preocupações dos moradores é que as ligações de água sejam cortadas com o não pagamento das faturas. César Cunha, superintendente regional da Casan, esclareceu que não haverá cortes até a verificação da situação. “A conta não deveria vir assim. Estaremos vendo caso a caso”, disse. A orientação é que os consumidores que tiveram o problema procurem o escritório regional da Casan em Araquari, que irá verificar os valores conforme cada situação.
Ainda não é certo se haverá descontos ou outro tipo de medida. “Estamos vendo com a direção da companhia para saber o que será feito. No momento não tem nada definido, mas vamos analisar com carinho e cuidado”, frisou. Cunha também explicou que o ar, sozinho, não faz o hidrômetro girar. “Pode acontecer se passa ar com água na tubulação”, considerou. É o que ocorre, por exemplo, quando o abastecimento volta após um período de canos vazios. Isso foi comum no último mês em Araquari, com a água chegando às casas somente de madrugada.
Desde última quinta a situação da falta de água não está tão crítica no Itinga. Ações emergenciais da Casan foram tomadas para normalizar o abastecimento. A companhia instalou um sistema provisório de captação e tratamento de água junto a uma fonte na rua das Carpas, que atenderá cerca de 80% da demanda no bairro. No loteamento Mário Dunzer, outra fonte de água está sendo alternativa para cerca de 600 famílias.
Além disso, também está prevista no bairro a perfuração de dois poços artesianos, em fase de licenciamento ambiental. A implantação da ETA (Estação de Tratamento de Água) do rio Piraí e instalação de um reservatório no Itinga estão nos planos da companhia para este ano como medidas definitivas.
Fonte: Notícias do Dia
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