Para o sócio da GO Associados e ex-presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Gesner Oliveira, o Brasil demorou para investir em tecnologias e ações que focam a coleta e tratamento do esgoto, assim como em projetos que visam o reúso da água. A afirmação foi feita ontem, durante o fórum Arq.Futuro, que pela primeira vez ocorre fora do circuito das capitais brasileiras.
A iniciativa aborda o tema “A Cidade e a Água” e termina hoje, no Teatro do Engenho de Piracicaba. Entre os participantes estão a secretária nacional de Habitação, Inês Magalhães, o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, Fernando de Mello Franco; e o diretor presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba (Ipplap), Lauro Pinotti.
Diante da situação de escassez de água, Oliveira sugere ações para que, na próxima década, um quarto da oferta de água seja de reúso.
“Não falta dinheiro para o segmento. O grande problema que enfrentamos é a estiagem estritamente severa, que era impossível de ser prevista. A Sabesp tem enfrentado a situação porque tem capacidade de remanejo. Investiu de forma pioneira no reúso da água, no combate às perdas com financiamento de tecnologias e gestão”, explica Oliveira.
Ainda segundo o profissional, as ações que deveriam ter sido colocadas em prática funcionam atualmente.
“A companhia investiu em um novo sistema de água e também no maior programa da América Latina de reúso do recurso hídrico. Mas estes dados da estiagem são históricos”.De acordo com o diretor da Arq.Futuro, Tomas Alvim, a escolha de Piracicaba para sediar o evento está ligada à gestão positiva da cidade em relação aos seus recursos hídricos.
A limpeza do rio e o índice de saneamento atípico para a média dos municípios brasileiros, além da participação no Consórcio PCJ (Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), foram alguns dos fatores determinantes para a escolha da cidade para sediar o fórum.Cultura
Para o ex-presidente da Sabes, Gesner Oliveira, é necessário investir na mudança de atitude de todos os segmentos em relação ao uso consciente da água.
“As pessoas precisam tirar da cabeça a ideia de que a água é de uso livre. Ela é um bem escasso e precisa ter uso racional por parte de todos os segmentos”, diz Oliveira.
“O grande desafio é fazer com que as pessoas compreendam que esgoto e água são a mesma coisa. O bom gerenciamento do recurso hídrico exige a união de comunicação, boa governança, planejamento, além de boas agências reguladoras”, explica.Profissionais de renome ministram palestras e promovem debates sobre questões que envolvem a água em diversas esferas.
Na manhã de ontem, o presidente do Grupo Raízen, Rubens Ometto Silveira Mello, apresentou o tema “Gestão urbana e o futuro das cidades”. Já o diretor do fórum, Tomas Alvim, e o prefeito de Piracicaba, Gabriel Ferrato (PSDB), fizeram a abertura do evento.
Na ocasião, mediados por Laura Grrenhalgh, o sócio da GO Associados, Gesner Oliveira, e a gerente do Departamento de Meio Ambiente do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Odette Lima Campos, discutiram o tema “Recursos hídricos: como e onde investir”.
Racionamento O prefeito Gabriel Ferrato (PSDB) se diz orgulhoso por Piracicaba ser a primeira cidade fora do circuito de capitais brasileiras a receber o fórum e garantiu que a cidade não corre risco de racionamento.
“Não devemos sofrer efeitos graves com a estiagem. Inclusive, não há qualqeur risco de racionamento”, afirma.
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