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IPOs devem voltar a ganhar fôlego em 2023

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Após um ano de seca no mercado de capitais, que não registrou nenhuma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), bancos de investimentos começam a fazer suas projeções para 2023 e veem espaço para cerca de 40 operações, incluindo também ofertas subsequentes (“follow-ons) e venda de lotes de participação de companhias na bolsa (“block trade”). A tensão do mercado financeiro ainda é com a PEC da Transição, que passou pelo Senado na semana passada e deve ser aprovada pelo Congresso nos próximos dias.

Empresas de Saneamento e energia podem fazer a estreia na Bolsa

A expectativa é que as ofertas movimentem entre R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões, em uma estimativa mais conservadora dos bancos de investimentos. Em um cenário mais otimista, que dependerá da reversão da curva de alta da taxa de juros no Brasil e de uma melhora do cenário externo, que enfrenta recessão, inflação e guerra, o mercado de capitais teria potencial para movimentar até R$ 100 bilhões.

“Vemos uma demanda reprimida tanto por parte dos investidores quanto dos emissores”, diz Roderick Greenlees, diretor do banco de investimento do Itaú BBA. Para o executivo, os IPOs devem começar a aparecer a partir do segundo trimestre e ganharão força na segunda metade do ano. Já as operações de “follow-on” podem começar mais cedo, ainda em janeiro.

Para Greenlees, os IPOs devem ser maiores do que os vistos nos anos anteriores, ficando entre R$ 2 bilhões a R$ 4 bilhões, e concentrados em setores da economia real, como varejo, óleo e gás e energia. Ele estima entre 25 e 35 operações de IPOs, na proporção de um terço das operações, e “follow-ons”, que irão movimentar, juntos, de R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões.

Neste ano, até o momento, as emissões de renda variável somaram cerca de R$ 55 bilhões, com 18 “follow-ons”. A maior parte do montante movimentado foi concentrada na operação da Eletrobras. Em novembro, logo após as eleições, o Assaí, do grupo Casino, levantou R$ 2,7 bilhões em sua oferta subsequente de ações. O mercado financeiro avaliou a operação como um bom sinalizador, uma vez que a demanda superou a oferta em quatro vezes.

Gustavo Miranda, responsável pela área de banco de investimento do Santander, acredita que as primeiras estreias na bolsa em 2023 serão de companhias com forte capacidade de geração de caixa e custos previsíveis. “São IPOs de empresas que mais para frente se tornarão líquidas”, diz. Ele espera que sejam realizadas de 30 a 40 ofertas, considerando também as subsequentes. “Demanda tem, mas depende do mercado estar receptivo e as empresas considerarem os preços atraentes”, diz.

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Na corrida para fazer estreia na bolsa, a subsidiária da gigante chinesa de energia CTG saiu na frente, ao protocolar registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sondaram os investidores em um passado recente, como as empresas de gás e energia Compass, da Cosan, e a Origem, que tem a Prisma Capital como principal acionista, apurou o Valor. As empresas de saneamento Aegea, BRK Ambiental e Iguá, e a farmacêutica nacional Eurofarma, também engrossam esse movimento, de acordo com fontes.

Do lado da demanda, a participação de investidores estrangeiros deve ser maior em 2023 do que nos últimos anos, segundo Fabio Nazari, sócio do BTG Pactual para mercado de capitais em renda variável. Para ele, o ambiente para o Brasil está mais propício, sobretudo quando o país é comparado a outras economias emergentes. “Este ano foi ruim para todo mundo, mas não vamos mais passar por um inverno como passamos.

” Nas operações dos dois últimos anos, a maior parte dos compradores era formada por fundos locais, grupo que diminuiu de tamanho após os resgates de investimentos que ocorreram em meio ao ciclo de alta da Selic. No próximo ano, os estrangeiros devem ganhar relevância. “Acredito que os gringos vão participar mais dos deals.” No radar dos investidores de fora estão empresas grandes, de setores mais tradicionais, e com liquidez. “Eles devem entrar primeiro nas empresas listadas e depois irão para os IPOs.

” Nazari estima cerca de 40 operações, incluindo “block trades”, para o ano que vem. Se as estimativas se confirmarem, vai ser um bom momento para a bolsa brasileira. “O que não pode ter é dez operações em um ano e 80 em outro.

” Antes das eleições, o mercado financeiro já estimava uma retomada do mercado de capitais para 2023, independentemente de quem ganhasse as eleições. Poucos dias após Lula vencer o pleito, contudo, o mercado começou a ficar mais volátil.

“O fluxo dos gringos começou a crescer após a vitória do Lula. Foi como se a Amazônia tivesse parado de queimar no domingo à noite [dia 30 de outubro]”, de inflação nos EUA recentemente, mas ainda é um cenário de contração monetária e de diminuição dos balanços [dos bancos centrais] que foram aumentados durante a covid. Isso é superimportante porque a gente viveu um período muito grande de abundância, de taxas de juros baixas e de reguladores comprando ativos. Agora, para a gente, pode ser um cenário superpositivo pelas características do país. Acho que vai ter muita atividade no mercado de capitais sim”, afirma.

Para Greenlees, do Itaú BBA, contudo, o mercado de capitais vai demorar um pouco mais para voltar aos patamares de 2020 e 2021, quando a taxa de juro real era negativa. “Isso não vai voltar tão cedo, tanto no Brasil como lá fora”, afirma. No ano passado, entre IPOs e follow-ons, houve 76 operações, movimentando quase R$ 130 bilhões. Em 2020, foram 51 ofertas, com R$ 117 bilhões levantados.

Procuradas, BRK Ambiental, Compass, CTG, Iguá e Origem não comentaram o assunto.

Em nota, a Aegea informou que “o IPO é uma possibilidade sempre avaliada pela empresa e que depende de alguns fatores, como condições de mercado e da decisão em conjunto” com seus acionistas. “A companhia sempre busca alternativas para aprimorar sua estrutura de capital. Atualmente, a Aegea possui registro de capital aberto na CVM para emissão de títulos e debêntures.

” A Eurofarma informou que está atenta aos movimentos e oportunidades de mercado. “No momento, a companhia não está trabalhando ativamente em qualquer oferta de ações. Contudo, caso haja alguma oportunidade estratégica e as condições adequadas, o acesso ao mercado de capitais será sempre uma opção considerada.”

Fonte: Valor.

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