Nossa produção de alimentos não está preparada para um clima mais quente

Neste ano, muitas regiões do mundo estão enfrentando situações climáticas atípicas. Em São Paulo, o risco de faltar água é grande. Nos Estados Unidos, a Califórnia enfrenta a pior seca em séculos. O Reino Unido perdeu grande parte da sua produção por conta das enchentes. Cientistas concordam que esses eventos extremos devem ficar mais comuns por conta das mudanças climáticas, o que pode ameaçar a produção de alimento. No entanto, de acordo com um relatório lançado nesta semana, nenhum país do mundo está se preparando para proteger sua agricultura.

O relatório, produzido pela ONG de combate à probreza Oxfam, mostra um cenário perigoso. Os efeitos das mudanças do clima podem retardar a luta pela erradicação da fome em décadas, e mais de 25 milhões de crianças poderão ficar desnutridas, em todo o mundo, pela dificuldade de obter alimentos. “O quadro global é o de um sistema alimentar perigosamente despreparado“, diz o estudo.

As mudanças climáticas, causadas pela emissão de gases de efeito estufa, afetam a produção de alimentos basicamente de duas formas. Primeiro, secas, enchentes e deslizamentos comprometem plantações e terras agriculturáveis. Segundo, os eventos extremos, que devem ficar mais comuns, destroem infraestrutura, como pontes, estradas e portos, tornando o acesso aos alimentos mais difícil. O resultado é o aumento do preço dos alimentos. E esse problema não vai se manifestar apenas no futuro, mas já acontece agora. De acordo com o relatório, nos últimos seis anos houve três aumentos expressivos no mundo, em 2008, 2010 e 2012.

Segundo Analuce Freitas, especialista em mudanças climáticas e agricultura da Oxfam, a adaptação às mudanças climáticas não está sendo incorporada pelas políticas públicas, e esse é um problema global. Os países em desenvolvimento são os que mais correm riscos, por falta de proteção para agricultores e defasagem na tecnologia, mas mesmo os países ricos podem sofrer escassez de alguns tipos de alimentos nas próximas décadas.

No caso do Brasil, a Oxfam diz que o país avançou nos últimos anos com as políticas para a erradicação da fome, mas não na adaptação às mudanças do clima. O Plano Nacional de Mudanças do Clima, por exemplo, sequer tem metas concretas nessa área. “O Brasil vem investindo em tecnologia na agricultura. Mas estamos atrasados para promover a adaptação“, diz Analuce.
Segundo ela, há um descompasso entre as políticas do governo. Falta diálogo entre os setores, e os planos voltados para a agricultura tradicional e para a agricultura familiar muitas vezes são antagônicos. Mas há pontos positivos nas políticas do país, como os investimentos em agroecologia e na agricultura familiar. “O Brasil pode mostrar que é possível resolver esses problemas, e a agroecologia é um dos caminhos.

Fonte: Blog do Planeta
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