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Porque construir brinquedos de sucata NÃO ensina sustentabilidade

Muitas escolas, preocupadas em passar valores como a importância da reciclagem, incluíram em seus currículos a construção de brinquedos com sucata. A intenção até é boa, porém, tenho minhas dúvidas sobre se esse tipo de trabalho tem sido realmente efetivo.

O que é ser sustentável?
Pra começar, sucata é, em uma breve definição, lixo produzido por uma sociedade consumista. Então, antes de introduzir o tema, seria interessante trabalhar o consumo consciente e como o processo de produção desses materiais afeta o meio ambiente – utilizando em grandes quantidades recursos naturais cada vez mais escassos, como a água, por exemplo. Feito isso, poderíamos prestar atenção no próprio contexto escolar para descobrirmos se aplicamos esse conceito no dia-a-dia: Há muito desperdício durante as refeições? Os lanches que as crianças e os funcionários levam ou compram na cantina são, em sua maioria, industrializados? Qual a quantidade de embalagens que sobra a cada momento desses? Como essas embalagens são descartadas?

A partir daí, com ações simples, poderíamos implementar algumas mudanças, como a utilização de canecas, separação dos materiais recicláveis, incentivo à uma alimentação mais saudável com redução do consumo de produtos industrializados, etc.. Enfim, caberia a cada escola escolher, de acordo com as faixas etárias, a melhor forma de trazer à tona essas questões.

Parece bobagem ou exagero, mas já vi muitas instituições ensinando aos alunos como aproveitar materiais recicláveis para fazer brinquedos, enquanto as lixeiras das salas de aula estavam transbordando de copos e garrafinhas descartáveis, misturados a papéis e restos orgânicos – ou seja, “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Aí, não dá, né?! Se o próprio meio escolar não está disposto a mudar, melhor nem abordar o tema.

Após feita a conscientização sobre a importância de evitar o consumo desses produtos (ou, caso não seja possível evitar tudo, ao menos priorizar as embalagens retornáveis, que podem ser reutilizadas), agora sim posso partir para a reciclagem.

A reciclagem em sala de aula
Começamos com a separação do material a ser utilizado. Aqui, gostaria de acrescentar parênteses: Sem querer magoar ninguém e compreendendo que muitas vezes as atividades são sugestões do método apostilado, adotado pela instituição de ensino, tenho que confessar que acabo vendo muita inadequação por aí. Na maioria das vezes, o brinquedo que será feito já está preestabelecido, o que significa que todas as crianças farão o mesmo! Então, o professor, bem intencionado, envia um bilhete para a família, solicitando o material. Agora vamos por parte.

Primeiro: acho muito limitador, em termos de criatividade e imaginação, pedir que as crianças criem o mesmo brinquedo. Além disso, haverá uma preocupação estética com o produto final e, por isso, muitas crianças serão auxiliadas no processo de construção, o que acarretará no baixo investimento afetivo voltado para esse novo objeto. Sendo assim, também não há a vontade de brincar com ele. O desfecho, nesse caso, pode ser o contrário do que planejávamos – o brinquedo será descartado como lixo e, não necessariamente, da maneira correta.

Segundo: solicitar um material específico à família é um tanto delicado. Às vezes, as pessoas não têm em casa exatamente aquilo que foi pedido. O que fazem então? Compram o produto que nem iriam consumir para enviá-lo à escola. Novamente, o contrário do objetivo traçado. Em nenhum momento foi priorizado o desenvolvimento da criança e ensinado sustentabilidade.

Quais seriam as possíveis soluções?
Separar os materiais descartados na própria escola ou solicitar os materiais que as pessoas têm em casa e que iriam descartar. Limpá-los adequadamente, separá-los e deixá-los à disposição dos alunos para a realização das atividades.

Se a quantidade de materiais coletados ultrapassar o esperado, a escola poderia utilizar esse dado para reunir alunos, funcionários e familiares para discutir sobre o tema, sugerindo ações que realmente seriam eficazes e mobilizariam a comunidade. Por exemplo, conhecer como funciona a reciclagem e encaminhar o lixo reciclável à alguma cooperativa, onde diversas pessoas seriam beneficiadas; ou ainda refletir se há meios de comprar produtos similares mais saudáveis, a granel ou de produtores locais.

Quanto às atividades, é mais indicado deixar a criança criar livremente, utilizando todo seu repertório interno e de habilidades próprias. Já vi muitas produções interessantes como uma “máquina” de fazer bebês dormirem, com um quadro que conta histórias. Produções possíveis porque o adulto permitiu à criança compartilhar o seu mundinho. Os ganhos para ambos são imensuráveis!

Também podemos abordar o valor do trabalho artesanal e a diferença dele em relação à produção em escala industrial. Um brinquedo feito por um artesão será sempre único, enquanto um desenvolvido em uma indústria trará sempre o mesmo padrão estético e incentivará o consumo. Outra alternativa é a construção de brinquedos coletivos que farão parte do acervo disponível para brincadeiras na escola: como vai e vem, pés de lata, telefone de lata, instrumentos, bilboquê, etc..

Fonte: Naescola

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