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Avaliação da eficiência após implantação da remoção de excedente de lodo em sistemas de lodos ativados na ete central, Jacareí/SP

Resumo

O sistema de tratamento de esgotos de Jacareí conta, desde 2013, com a Estação de Tratamento de Esgoto Central, que se tornou a maior estação do sistema público da cidade e elevou os níveis de tratamento da cidade de Jacareí de 47% para 71% do esgoto coletado e tratado. A estação tem um sistema bastante completo com o tratamento anaeróbio seguido do sistema aeróbio de tratamento por lodos ativados, e apresenta desde o início de sua operação eficiência satisfatória, apresentando uma redução de carga orgânica por volta de 90%.

A estação ainda não havia iniciado os procedimentos de desaguamento de lodo, que na estação é realizado através de centrífuga, sistema importante para o controle de parâmetros dentro da estação. Assim, esse sistema de desaguamento foi iniciado em 2016 e por meio dos dados do parâmetro DBO antes e após do início do funcionamento das centrífugas foi possível avaliar a evolução do tratamento e o consequente aumento de eficiência do efluente enviado ao corpo d’água.

Introdução

As técnicas e sistemas de tratamento de efluentes sanitários e industriais vem evoluindo há bastante tempo e se consolidando com boas alternativas conhecidas, de acordo com os resultados apresentados e o benefício ao meio ambiente constatado. Entretanto, o acesso ao tratamento de efluentes sanitários ainda se encontra bastante restrito no que diz respeito a quantidade de municípios atendidos. Segundo o SNIS (2016), no Brasil cerca de 59,7% da população presente em áreas urbanas tem acesso a rede de coleta de esgoto e quando falamos de tratamento, 79,9% desse esgoto coletado é tratado. Desse modo, ainda temos um déficit expressivo, apesar dos incrementos alcançados em relação aos anos anteriores, e é uma área que ainda há muito que se evoluir.

A fim de se regulamentar o lançamento de efluente tratado em corpos d’água foram desenvolvidas normas específicas de padronização e classificação dos referidos corpos d’água, sendo dispostas essas normas de lançamento na Resolução CONAMA nº 430/2011 (BRASIL, 2011) e a classificação dos corpos d’água na CONAMA nº 357/2005 (BRASIL,2005). Considerando essas normas, cada estação de tratamento de esgoto em solo brasileiro obedece as condições específicas de operação e de eficiência.

A obtenção de um tratamento eficaz que alcance os padrões exigidos nacionalmente, passa por uma série de preocupações e cuidados com os processos envolvidos entre a entrada do efluente bruto e o lançamento dele já tratado no corpo d’água. A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Central, área de estudo da presente pesquisa, é constituída de um sistema de UASB seguido de lodos ativados, com a recirculação de sólidos entre as etapas de decantação, nos decantadores secundários e os tanques de aeração. A recirculação de sólidos constitui parte imprescindível do sistema, que faz com que haja no interior do tanque de aeração um valor de sólidos em suspensão sempre dentro dos limites necessários para a alimentação das bactérias aeróbicas que ali realizam a etapa conhecida como polimento do efluente tratado.

Todavia, a recirculação de sólidos não pode ser total, já que havendo a recirculação de todo o lodo do decantador para o tanque de aeração, em pouco tempo haveria o colapso do sistema, com o excesso de sólidos em suspensão e também excesso de população microbiota, o que é controlado através da relação F/M (definição de relação Alimento/Microrganismo (Food/Microorganism Ratio), indicando a proporção entre a carga orgânica alimentada ao tanque de aeração (COe) e a massa de microrganismos presentes no mesmo, expressa em kg DBO/d. kg SSTA).

O processo biológico de tratamento de efluentes sanitários, especificamente o de reator anaeróbio seguido de lodos ativados, gera uma grande quantidade de sólidos, e o controle dos sólidos gerados é um fator de peso para que o tratamento permaneça eficaz, a quantidade de lodo acumulado em excesso faz com que a idade do lodo seja superior a estimada em processo e corre o risco de saturação dos tanques de operação, logo prejudicam de maneira bastante efetiva o resultado do tratamento.

O descarte correto do lodo excedente na estação altera características importantes do efluente tratado, mais especificamente visto aqui a demanda bioquímica de oxigênio (DBO – quantidade de oxigênio necessária para estabilizar a matéria orgânica), fator importante dentro do controle de padrões de lançamento.

A ETE Central, objeto de estudo, operou 2 anos sem que houvesse a remoção do lodo excedente do sistema, apesar de manter uma eficiência que atendia os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 430/2011. E a partir de 2016 com a implementação da etapa de retirada do lodo juntamente com o processo de desaguamento do resíduo, verificou-se que os parâmetros de qualidade do efluente tratado bem como a eficiência da ETE responderam de forma positiva. Desse modo, o objetivo da pesquisa foi apresentar e avaliar o comportamento da estação com base no parâmetro DBO, durante o período de operação das etapas de remoção de lodo e desaguamento, no sistema UASB seguido de lodos ativados, afim de subsidiar ações na ETE que possam resultar em melhoras na qualidade do efluente tratado.

Autor: Mateus Martins.

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