saneamento basico

Análise espacial de casos notificados de dengue e sua relação com as condições de saneamento básico: um estudo na cidade de Parnaíba-PI

Resumo

A dengue é considerada no Brasil uma endemia e tem se configurado como uma das doenças com maior prevalência, com a população sendo acometida em todos os estados. Essa doença é considerada um grave problema de saúde pública, e tem como vetor primário do vírus o mosquito Aedes Aegypti. Este trabalho teve como objetivo principal realizar uma Análise Espacial dos casos de dengue na cidade de Parnaíba, Piauí, através do uso de SIG (Sistema de Informação Geográfica), e analisar sua relação com as condições de saneamento básico nos bairros da cidade. Para tanto, realizou-se um mapeamento espacial da incidência de casos notificados e casos confirmados de dengue, elaborando-se mapas temáticos dos casos de dengue e analisou-se a relação entre os registros de dengue e as condições de saneamento básico, através do levantamento do número de ligações de água e esgoto. Os resultados apontaram um aumento de 47% de casos de 2016 a 2017.

No ano de 2017 os bairros João XXIII, Pindorama, Cristo Rei, Frei Higino e Primavera saíram da lista dos bairros com maior incidência. O bairro Ceará e Piauí permaneceram entre os com maiores índices e os bairros Rodoviária, São José, Nova Parnaíba e Sabiazal, que em 2016 não estavam entre os bairros com maior incidência, entraram na lista em 2017. As variáveis saneamento básico e casos de dengue não apresentaram relação, ou seja, neste trabalho não ficou evidente as condições de saneamento básico como determinantes na proliferação de mosquitos da dengue. Este trabalho deixa evidente a importância do uso de técnicas de geoprocessamento e sua aplicabilidade na rotina da Vigilância em Saúde. Uma vigilância dotada de boas estratégias é fundamental para a realização de interferências rápidas e importantes para o controle da transmissão de dengue.

Introdução

Os mosquitos da família Culicidae abrangem espécies vetoras de arbovírus que podem ser danosos à economia, ao ambiente e às pessoas, e por isso são de grande interesse para a saúde pública. O Aedes (Stegomyia) aegypti é uma das espécies mais conhecidas desta família e é o principal vetor de importantes arboviroses, como o vírus transmissor da febre amarela, Chikungunya vírus, zika vírus, la crosse vírus e a Dengue vírus (DENV). Essa espécie pode adaptar-se e expandir-se com uma enorme capacidade, podendo ser encontradas em ambientes urbanos, suburbanos e rurais, assim como em regiões tropicais e subtropicais (SCHAFFNER; MEDLOCK; VAN BORTEL, 2013). A dinâmica do mundo globalizado, imigrações e o crescente número de voos internacionais favorecem a movimentação e proliferação dessas doenças, devido a movimentação de doentes ou pessoas infectadas em período de incubação.

Em função de suas características ambientais, climáticas e sociais, os países tropicais, que é o caso do Brasil, são os mais atingidos por doenças transmitidas por vetores, e tem sido uma causa importante de morbidade e mortalidade. A incidência da Chikungunya, zika, e da Dengue e complicações geradas pelos vírus transmissores dessas doenças têm aumentado de forma progressiva no Brasil, tornando-se endêmicas em diversas regiões do país. (CARVALHO; SOUZA, 2017). No caso da dengue, atualmente ela tem se configurado como uma das doenças mais prevalentes no Brasil, acometendo a população em todos os estados. Ela é considerada a arbovirose mais importante que atinge o homem, consistindo em um grave problema de saúde pública (SALES et al., 2016). Alguns fatores estão associados à proliferação dos casos dessa doença, como as condições climáticas, a vulnerabilidade turística de regiões litorâneas e a urbanização sem a devida estrutura de saneamento. Esses fatores podem contribuir para a dispersão do mosquito e disseminação dos vários tipos da doença (RIBEIRO et al., 2006). A dengue é considerada endêmica no Brasil, e de acordo com os dados publicados pelo Ministério da saúde, em 2015 foram notificados um total de 1.688.688 casos.

Neste mesmo ano, no Piauí notificou-se 7.618 casos de suspeita de dengue, sendo que tanto na capital quanto na região litorânea, especificamente na cidade de Parnaíba, os dados acompanharam as projeções nacionais, mostrando que esta patologia está presente, com um total de 4.543 casos notificados na capital e 215 em Parnaíba. Em 2016, foram registrados 1.500.535 prováveis casos de dengue no Brasil, 4.655 casos no Piauí e 412 em Parnaíba. Percebe-se que apesar do Estado ter notificado uma diminuição na quantidade de casos, Parnaíba apresentou um aumento de quase 100% (BRASIL, 2016; PIAUÍ, 2016). Parnaíba é considerada a segunda maior cidade do Piauí, por ser a segunda cidade com maior população, ficando atrás apenas da capital Teresina. Devido à complexidade relacionada ao controle do vetor, a detecção precoce e a investigação de surtos de doença com sintomas semelhantes aos da dengue, sem confirmação diagnóstica, mas que se apresentada em área infestada pelo Aedes aegypti, é uma forma eficaz para prevenir epidemias de grandes dimensões, por permitirem que sejam tomadas medidas de controle localizadas. Diante disso, a utilização dos sistemas de informação geográficas (SIG) pode se apresentar como uma poderosa ferramenta para apoiar as ações de prevenção e controle da dengue (MALAVASI, 2011). Através de técnicas de geoprocessamento, ou seja, por intermédio de mapas que permitam observar a distribuição espacial de situações de risco e de problemáticas de saúde, é possível conhecer mais detalhadamente as condições de saúde da população (FLAUZINO; SOUZA-SANTOS; OLIVEIRA, 2009).

O geoprocessamento é a ferramenta que permite a realização das análises espaciais, afim de obter a localização e distribuição espacial da ocorrência da doença. “A análise espacial pode ser definida como uma técnica que busca descrever os padrões existentes nos dados espaciais e estabelecer, preferencialmente de forma quantitativa, os relacionamentos entre as diferentes variáveis geográficas” (CARNEIRO; SANTOS; QUINTANILHA, 2005, p.2). A avaliação da distribuição espacial da dengue possibilita a geração de hipóteses explicativas sobre a sua ocorrência na área geográfica, e auxilia a avaliação dos esforços para combatê-la. As técnicas de geoprocessamento também auxiliam a compreender os caminhos da transmissão ao trazer informações que podem redirecionar as equipes de controle de vetores para atuar em regiões de maior risco, concentrar esforços na interrupção da transmissão em áreas de início da circulação viral, assim como evitar a entrada em regiões ainda não atingidas (MALAVASI, 2011).

Autor: RILDONN RANIEL SILVA BRITO

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