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Comparação entre tecnologias de aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos e balanço de emissões de gases de efeito estufa no município do Rio de Janeiro, RJ, Brasil

 

Resumo

 

O presente estudo analisou o potencial de recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e o balanço de emissões de gases de efeito estufa (GEE)resultante no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, com base em três cenários tecnológicos alternativos. Os potenciais de geração foram calculados para a recuperação de gás de lixo (GDL) em 363,98 GWhe.ano-1 e 0,181 MWhe.t-1,para a biodigestão anaeróbica em 367,27 GWhe.ano-1 e 0,247 MWhe.t-1; e para a incineração em 1.139,33 GWhe.ano-1 e 0,459 MWhe.t-1. Os indicadores de intensidade de carbono mostram que, ao se considerar somente as emissões de GEE de combustão, a recuperação de GDL e a biodigestão anaeróbica apresentam os menores valores (7,488.10-4 tCO2 eq.MWhe-1), enquanto a incineração apresenta o valor de 1,248 tCO2 eq.MWhe-1. Por outro lado, ao se considerar também as emissões de aterro associadas, os indicadores dos dois primeiros cenários correspondem a 8,191 e 3,552 tCO2 eq.MWhe-1, respectivamente.

 

Introdução

 

A temática da gestão sustentável dos resíduos sólidos urbanos (RSU) nunca foi tão evidente no panorama nacional, devendo-se, em grande parte, à identificação dos impactos ambientais derivados da ingerência desses resíduos e dos desafios encontrados ao longo de todas as etapas do processo de gestão adequada deles. O tema ficou ainda mais evidente após a aprovação da Lei nº 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que, entre outros, define e hierarquiza as destinações ambientalmente adequadas a serem aplicadas aos RSU, em seu artigo 9º (BRASIL, 2010). Destaca-se que tal priorização está alinhada com aquela posta em prática pelos países europeus (Figura 1), por meio da Diretiva-Quadro sobre Resíduos da União Europeia (UE), conforme observado pelo Ministério do Meio Ambiente, Alimento e Assuntos Rurais do governo da Inglaterra (Department for Environmental Food & Rural Affairs – DEFRA) (DEFRA, 2014).

Apesar das inovações introduzidas pela PNRS, a disposição em aterros sanitários — a opção menos indicada pela hierarquia definida na referida política — é o principal destino dos resíduos sólidos no Brasil — 58,4% dos RSU coletados no país (ABRELPE, 2017). No entanto, a dificuldade de se encontrar locais apropriados para sua construção nas grandes cidades do país já foi identificada como um obstáculo de grande importância (SOUZA et al., 2014).

Esse contexto, associado a um cenário de crise econômica e energética recente, porém incipiente, no país, resultado da falta de capacidade de planejamento e gestão dos governos atuais e do passado recente, é um estímulo à busca por alternativas integradas. Estas precisam contemplar não apenas a solução de problemas, mas devem identificar e lançar mão das oportunidades de desenvolvimento tecnológico que se apresentam. Uma dessas opções corresponde ao aproveitamento energético dos RSU, que está incluído como alternativa de destinação final ambientalmente adequada de resíduos na PNRS, no 1º parágrafo do já mencionado artigo 9º (ECOLOGUS, 2013; SANTOS; OLIVEIRA; CORREA, 2013; BRASIL, 2010).

Destaca-se ainda que, além dos claros benefícios ambientais, sanitários e sociais derivados do aproveitamento energético dos resíduos sólidos, este está baseado em tecnologias maduras, sendo dos anos 1980 as primeiras termelétricas alimentadas por RSU, implantadas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão (EPE, 2008). Santos, Oliveira e Correa (2013) destacam que, além da captura e recuperação energética do gás de lixo (GDL) gerado em aterros, são duas as tecnologias de aproveitamento energético de resíduos já consideradas comercialmente viáveis, também para o cenário nacional: a incineração e a biodigestão anaeróbica.

Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi analisar o potencial de recuperação energética a partir dos RSU e o balanço de emissões de gases de efeito estufa (GEE) resultante no município do Rio de Janeiro, com base em três cenários tecnológicos alternativos (queima de GDL com recuperação energética, biodigestão anaeróbica e incineração), de forma a quantificar os potenciais não aproveitados de geração de energia a partir de dados referentes ao período de 2006 a 2014.

Autores: Giuseppe Cernicchiaro Palermo, David Alves Castelo Branco, Marcos Aurélio Vasconcelos Freitas

 

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