saneamento basico

Simulação do potencial de contaminação por metais na disposição de celulares em aterros sanitários

Resumo

O aumento de geração de resíduos provenientes de eletroeletrônicos vem causando grande impacto no meio ambiente, devido à constituição destes apresentarem grandes concentrações de metais pesados. Grande quantidade destes materiais hoje ainda são destinados para aterros na forma de resíduos. Este estudo visou avaliar o potencial poluidor destes materiais em um experimento que simula condições aceleradas de aterro. O eletroeletrônico testado neste experimento foram os aparelhos celulares, separados em três frações: display, circuito interno e carcaça. Neste experimento foram desconsiderados os potenciais poluidores das baterias dos celulares. A metodologia utilizada, devido a não serem encontradas normas específicas, foi conforme a ASTM D5526, que avalia a biodegradação de materiais plásticos em simulações de condições aceleradas de aterro. As três frações dos celulares foram analisadas separadamente e a fração de circuito interno, apresentou um maior potencial poluidor, com transferência de contaminação dos seguintes metais para o meio analisado: chumbo, níquel, cobre, estanho e prata.

Introdução

O crescimento mundial no uso de equipamentos de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) e outros equipamentos eletroeletrônicos resulta no aumento na quantidade de equipamentos desse tipo que se tornam resíduos após o seu tempo de uso (BALDÉ, et al, 2015). Resíduos de Eletroeletrônicos (REE) possuem uma complexidade particular em termos de variedade de materiais e componentes que, se não gerenciados de forma adequada, podem causar problemas ambientais e à saúde humana (HUISMAN et al., 2008; EUROPEAN COMMISSION, 2015).

Os métodos convencionais de disposição de REE são a destinação em aterro e incineração (KANG & SCHOENUNG, 2005). No entanto, atualmente buscam-se outras alternativas que permitam o reaproveitamento das matérias-primas e/ou componentes, visando o prolongamento da vida útil dos materiais no ciclo produtivo, tais como a reutilização e a reciclagem (ZINK et al, 2014).

Em cenário internacional há ainda poucos estudos que apresentam quantitativamente e com uma metodologia normatizada os impactos e benefícios ambientais das diferentes alternativas de gestão de REEE. Entre os estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) de equipamentos eletroeletrônicos já desenvolvidos, pode-se citar os seguintes trabalhos: SCHARNHORST et al.
(2005), CHOI et al. (2006), BIGUM, BROGAARD, & CHRISTENSEN (2012), SONG et al. (2013), SOO & DOOLAN (2014), ZINK et al. (2014) e ACHACHLOUEI, MOBERG, & HOCHSCHORNER (2015).
Dentre os cenários de fim de vida analisados, a alternativa de descarte em aterros muitas vezes não é considerada, visto que em alguns países esta não é uma alternativa prevista no sistema de gestão de REEE. Em países da Europa, tais como Suíça, Suécia e França, na ausência de viabilidade de reciclagem, e após processos de despoluição, os REEE são prioritariamente incinerados visando à valorização energética.
No Brasil, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os resíduos eletroeletrônicos devem ser destinados à logística reversa, com participação tanto das empresas quanto dos cidadãos; não sendo a incineração considerada uma possibilidade. Contudo, na prática o que mais acontece é a destinação desses resíduos à lixões e aterros sanitários. Aiolfi (2012) estimou que 4.770 toneladas de celulares, incluindo baterias e carregadores, foram descartados em aterros sanitários do país somente em 2012. As estimativas para os próximos anos eram de quantidades ainda maiores. Já para 2013 a estimativa foi de 7.500 toneladas. Nesse contexto, inúmeros REE foram e continuam sendo dispostos em aterros e lixões, sobretudo celulares, de forma que um dos principais efeitos disso é a contaminação do solo e da água por metais.
Este estudo visou avaliar os impactos causados pelos celulares em disposição em aterros sanitários. Para isso foi realizado ensaio de determinação da biodegradação destes materiais em condições simuladas de aterro sanitário, conforme a ASTM D5526/2012. Este estudo fez parte do Projeto de capacitação desenvolvido no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), denominado de: “Avaliação de desempenho ambiental do processo de resíduos de equipamentos de tecnologia da informação e comunicação (TIC) em diferentes cenários de reciclagem e destinação final”, ou apenas ReTIC.

Autores: Gustavo Tonon Fernanda Peixoto Manéo; Ana Carolina Santana Conceição; Taciana Freire de Oliveira; Camila Camolesi Guimarães; e Letícia dos Santos Macedo.

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