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Descarte inadequado de lixo urbano

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Carlos Silva Filho

Pelo menos 3.331 municípios brasileiros, de um total de 5.570, dão um destino inadequado aos resíduos coletados. Em 2016, essas cidades enviaram 29,7 milhões de toneladas de lixo, ou seja, 41,6 % do total coletado pelas prefeituras, para lixões ou aterros controlados, sem as mínimas condições de proteção ambiental ou da saúde dos moradores de suas vizinhanças. “A situação piorou muito, apesar da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que previa acabar com os lixões, e a criação de sistemas de coleta seletiva nas cidades brasileiras“, afirma Carlos Silva Filho, diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais ( Abrelpe ).

 

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Marilza do Carmo de Oliveira Dias

O montante de resíduos coletado no ano passado foi de 71,3 milhões de toneladas, contra 78,3 milhões de toneladas coletadas em 2015. A falta de recursos das prefeituras para cumprir as exigências da lei agravou esse cenário, segundo Silva Filho. Entre 2016 e março de 2017, elas tinham uma dívida de R$ 12 bilhões com as empresas privadas do setor de limpeza pública, “num mercado que movimenta R$ 27 bilhões“, assinala. O quadro é dramático em algumas cidades, mas a pior situação e mais emblemática, em termos de destinação inadequada no país, é a capital federal. “Brasília tem o maior lixão a céu aberto da América Latina, que recebe três mil toneladas de lixo por dia, e isso a 15 quilômetros da Esplanada dos Ministérios.” Algumas capitais, no entanto, estão com uma situação um pouco mais bem resolvida, de acordo com o relato de agentes e entidades do setor. “Hoje é possível afirmar que 22% dos resíduos coletados em Curitiba vão para a rede de reciclagem, e esse é um dos maiores índices do país“, diz Marilza do Carmo de Oliveira Dias, secretária municipal do meio ambiente.

O lixo de Curitiba, assim como os de mais 22 municípios da região metropolitana que fazem parte do Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos ( Conresol ), vai para o aterro sanitário de Fazenda Rio Grande, a 25 km da Capital. Até março, informa ela, deve ser aprovada a proposta de implantação gradativa de estações de transbordo para diminuir a distancia até o aterro, e a expectativa é de que em cinco anos a totalidade dos resíduos gerados seja tratada. Já o município de Florianópolis recupera 6 % das 183.000 toneladas de resíduos sólidos recolhidos por ano, destaca Carlos Alberto Martins, presidente da Autarquia de Melhoramentos da Capital. “O indicador pode não parecer muito alto, mas é bem mais que o dobro da maioria das capitais brasileiras“, diz. Desse total, 65.000  toneladas ( 35 % ) são resíduos orgânicos que, de acordo com Martins, poderiam ser desviados do aterro sanitário, proporcionando economia de R$ 9,5 milhões. A expectativa é de um salto no indicador de reciclagem, segundo Martins. Em Santa Catarina já não existem lixões e na capital a prefeitura de Florianópolis pretende iniciar um plano agressivo de recuperação de resíduos dos aterros sanitários. “O caminho é a valorização dos resíduos orgânicos para reduzir a pegada de carbono da cidade“, diz ele.

Na cidade de São Paulo, apenas 300 toneladas por dia são recolhidas pela coleta seletiva – representando cerca de 7 % do passível de reciclagem, informa Edson Tomaz de Lima Filho, presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana ( Amlurb ). Todos os dias, a prefeitura paulistana coleta aproximadamente 12.000 toneladas de resíduos domiciliares. Desse total, 35 % representam os resíduos secos, que são passíveis de reciclagem.

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Edson Tomaz de Lima Filho

 

No que se refere ao lixo gerado pelo setor privado, não há maiores indicações ou estimativas do volume coletado, dizem os empresários. Mas várias soluções buscam oferecer serviços para o destino adequado dos resíduos sólidos na área privada. É o caso da Arueira Ambiental, empresa paulista criada há dois anos, que desenvolve um projeto de gestão de resíduos para pelo menos dez estabelecimentos empresariais de São Paulo, entre os quais três shoppings centers: Eldorado, Lar Center e Center Norte.

 

 

Texto de Genilson Cezar – Jornal Valor Econômico

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