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EPIDEMIOLOGIA DO ESGOTO COMO ESTRATÉGIA PARA MONITORAMENTO COMUNITÁRIO, MAPEAMENTO DE FOCOS EMERGENTES E ELABORAÇÃO DE SISTEMAS DE ALERTA RÁPIDO PARA COVID-19

RESUMO

A capacidade de monitorar a propagação de doenças é essencial para a prevenção, práticas de intervenção e controle. Neste contexto, a WBE (Wastewater-Based Epidemiology) tem sido aplicada para avaliar empiricamente a exposição das populações a substâncias químicas e patógenos de preocupação emergente em tempo quase real. Durante a atual COVID-19 , a WBE continua sendo uma ferramenta epidemiológica inovadora, com potencial para complementar os sistemas de vigilância de doenças infecciosas. Estudos recentes sobre a WBE e a COVID-19 baseiam-se no monitoramento de fragmentos de RNA viral como biomarcadores-alvo para a SARS-CoV-2 via RT-qPCR e técnicas aliadas. Os resultados da literatura mostraram o potencial da WBE como uma ferramenta inovadora para monitorar o vírus espalhadas em grandes comunidades, mapear curvas de contágio e pontos de acesso, identificar a contribuição de indivíduos assintomáticos e subsidiar sistemas de alerta precoce para surtos de doenças. A WBE pode oferecer respostas menos dispendiosas para o monitoramento de grandes populações em comparação com testes clínicos individuais que não são viáveis em grandes escalas. Este aspecto é importante em termos de vigilância sanitária e políticas públicas, principalmente onde os testes clínicos são escassos ou subestimados e em regiões menos desenvolvidas com condições sanitárias inadequadas.

CONTEXTUALIZAÇÃO

A quantificação de moléculas de drogas ilícitas, seus metabólitos e adulterantes em amostras de esgoto tem permitido estimar o consumo comunitário de cocaína, cannabis, anfetaminas, opioides, novas drogas sintéticas, dentre outras, de maneira empírica, não invasiva e em tempo quase-real. Essa estratégia, denominada epidemiologia do esgoto (do inglês, Wastewater-Based Epidemiology – WBE), tem complementado estimativas obtidas por métodos usuais e subsidiado os mais recentes relatórios do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. No Brasil, estimativas do consumo de drogas de abuso via WBE, sob diferentes condições espaciais e temporais, têm sido produzidas há cerca de dez anos, especificamente no Distrito Federal (DF), por interveniência do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA) e com participação do Instituto de Química da UnB, do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, do Departamento de Polícia Técnica da Polícia Civil do DF e da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (CAESB). De forma ilustrativa, os resultados obtidos no DF apontam consistentemente para um aumento do consumo de cocaína nos finais de semana, que praticamente dobra em comparação aos outros dias indicando um incremento do uso recreativo da cocaína, ou seja, usuários esporádicos que consomem drogas apenas em eventos sociais ou festivos, ou ainda usuários compulsivos que aumentam o uso nestes dias. A WBE aumentou o conhecimento recente sobre padrões de consumo de drogas e mostra potencial crescente para medir aspectos socioeconômicos e relacionados à saúde pública. Mais recentemente, esta estratégia tem sido ajustada para identificar a exposição de populações a produtos químicos, pesticidas, micotoxinas, dietas alimentares e doenças infecciosas.

Autores: Fernando F. Sodré; Cristina C. S. Brandão; Carla S. Vizzotto; Adriano O. Maldaner.

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