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Avaliação da disponibilidade hídrica de mananciais com a utilização de modelagem hidrológica – estudo de caso: crise hídrica 2014/2015 nos sistemas produtores que atendem a RMSP

Resumo

Neste trabalho é apresentado e discutido o estudo de disponibilidade hídrica para os mananciais do Sistema Integrado Metropolitano de Abastecimento de Água da RMSP – SIM, no período da crise hídrica (2014-2015), utilizando a ferramenta de modelagem matemática, o Modelo AcquaNet 2013, desenvolvido pelo LabSid – Laboratório de Sistemas de Suporte a Decisões da Escola Politécnica da USP. As avaliações de disponibilidade hídrica, utilizando como ferramenta modelagens matemáticas, são fundamentais para a elaboração de planos diretores de abastecimento de água. Em uma modelagem “convencional” para avaliação de disponibilidade hídrica as simulações ocorrem para o conjunto de mananciais de um sistema produtor, aqui nomeado de modelagem “isolada”. O diferencial introduzido neste estudo foi a construção de um modelo que interligou os Sistemas Produtores por meio do Sistema Adutor Metropolitano (SAM), e assim foi possível retratar em modelagem matemática a crise hídrica de 2014/2015 ocorrida em São Paulo. Cabe lembrar que estas interligações propiciam a transferência de vazões de água tratada entre os sistemas, interligando assim os próprios sistemas produtores. Estas transferências já eram utilizadas em alguns sistemas, e foi intensificada no período de enfrentamento da crise. Com este aprimoramento da representação matemática da realidade (melhoria na modelagem matemática), e de posse de observações das cotas dos reservatórios e das vazões produzidas pelas ETAs no período de 2014/2015, foi possível calibrar o modelo hidrológico. Como conclusão dos resultados das simulações verificou-se que, mesmo que o Sistema São Lourenço estivesse em operação, não seria possível atender por completo a demanda média de 2013, e somente com a Interligação Jaguari – Atibainha em operação seria possível atender estas mesmas demandas. Conclui-se ainda que, no curto prazo, numa eventual crise futura nas proporções da crise hídrica já vivenciada, as ações emergenciais já implantadas e os novos aportes com obras em execução (São Lourenço e Interligação Jaguari-Atibainha), seriam suficientes para o atendimento das vazões médias ocorridas em 2013.

Introdução

O Plano Diretor de Abastecimento de Água – PDAA da RMSP é o principal instrumento de planejamento e gestão dos serviços de abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP. O Plano tem o objetivo amplo de compor diretrizes de planejamento para o aproveitamento dos Recursos Hídricos destinados ao abastecimento público, sob a forma de mananciais, bem como para os sistemas de tratamento, adução e reservação. Para tanto, o Plano deve identificar e priorizar obras, ações e providências que visem implantar e operar, com eficácia e flexibilidade, todos os sistemas, existentes e propostos, para o abastecimento de água da RMSP. Tais objetivos devem ser alcançados através da consolidação de estudos existentes e da elaboração de novos estudos técnicos, ambientais, econômicos e financeiros, que deverão convergir para a proposição de alternativas viáveis a serem submetidas à análise e aprovação da SABESP (SABESP, 2012).

É de fundamental importância que os estudos que compõem o Plano Diretor devam identificar a necessidade de novos aportes de água e a necessidade de ampliação de estações de tratamento de água existentes, com avaliação de suas unidades e processos de tratamento e, se for o caso, a implantação de novos sistemas produtores. Assim, os estudos de disponibilidade hídrica dos mananciais atualmente explorados e dos mananciais que se configuram em alternativas de uso futuro para abastecimento de água são importantíssimos na elaboração de Planos Diretores de Abastecimento de Água.

Neste contexto, no ano de 2014, durante a atualização e revisão do PDAA da RMSP, deparou-se com um evento extremo, uma crise hídrica sem precedentes. Esta situação desencadeou uma série de novos estudos no intuito de avaliar as ações emergências que estavam sendo apresentadas, além de surgir a necessidade de avaliação do cenário de crise hídrica, ocorrido em 2014/2015 nos mananciais que atendem a população da RMSP.

Autores: Silene Cristina Baptistelli; Gladys Fernandes Januario; Fabiana Rorato L. Prado; Maria Regina Ferraz Campos e Dante Ragazzi Pauli.

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