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Modelagem em ACV para a escolha de sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos para um município de grande porte

Resumo

A geração de resíduos sólidos vem aumentando e tornou-se um grande problema ambiental, visto que seu mau gerenciamento pode gerar inúmeros impactos ambientais. Este artigo tem por objetivo comparar e analisar cenários de alternativas de gerenciamento e identificar qual deles é o mais sustentável quanto às categorias de indicadores ambientais avaliadas para o processo de destinação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) de um município de grande porte no estado do Rio Grande do Sul, por meio do uso da ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) e do programa computacional IWM-2. Foram avaliados diferentes categorias de impactos: mudanças climáticas, toxicidade humana, foto-oxidação, acidificação, eutrofização e uso de energia, em três cenários distintos. Os indicadores de impacto do ciclo de vida foram avaliadas para as diferentes etapas que compõem uma alternativa ou uma rota tecnológica, como coleta, triagem, tratamento térmico, tratamento biológico, reciclagem e aterro sanitário. Conclui-se que a aplicação da ACV facilita o apoio à decisão em sistemas municipais de gestão de resíduos sólidos urbanos, sendo que, no caso em estudo, o cenário com menor impacto ambiental, ou seja, o mais sustentável, apresentou-se sendo o #3 (tratamento térmico) e o que causa maior impacto negativo foi o cenário #1 (aterro sanitário), que é o modelo de gestão utilizado atualmente.

Introdução

A geração de resíduos e seu posterior abandono no ambiente podem criar sérios problemas ambientais, propiciando, por exemplo, a incorporação de agentes contaminantes na cadeia trófica interagindo em processos físico-químicos naturais, dando lugar à sua dispersão e, dessa forma, aumentando o comprometimento da qualidade ambiental (SCHNEIDER et al., 2001).

Particularmente em relação à problemática dos resíduos sólidos, a forma como estes vêm sendo dispostos no ambiente vem se tornando uma preocupação crescente e irreversível, como também é a geração de resíduos na sociedade moderna. Segundo Mol (2013), os produtos de uso único, a descartabilidade, a disponibilidade de inúmeros produtos cada vez mais atraentes, a obsolescência programada dos produtos à venda, entre outros fatores, levam a um consumo desenfreado. O grande impasse existente é como compatibilizar a geração desses resíduos com a capacidade de armazenamento e de suporte do ambiente.

Estes resíduos, quando não manejados de forma adequada, impactam o meio ambiente aumentando os riscos tanto à saúde humana quanto ambiental. Como solução para o manejo de resíduos, tem-se o gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos, sistema que engloba o fluxo de resíduos como um todo, incluindo os métodos de coleta, de tratamento e de disposição final, visando à otimização econômica, a aceitabilidade social e, principalmente, os benefícios ao meio ambiente (REICHERT; CASAGRANDE, 2014).

O planejamento sistemático do setor de resíduos sólidos por parte do poder público se torna ainda mais relevante com a aprovação da Lei Federal 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). Essa lei estabelece a priorização da reciclagem e do tratamento dos resíduos, destinando para aterros sanitários somente aqueles resíduos que não podem ser reaproveitados, os rejeitos, estabelecendo ainda a necessidade da comprovação da viabilidade técnica e ambiental de tecnologias de recuperação enérgica de resíduos (REICHERT; MENDES, 2014). Ressalta-se que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em seus objetivos, prioriza a ordem para os resíduos sólidos urbanos como: não geração; redução; reutilização; reciclagem; tratamento; e por fim, a disposição final adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010). Desta forma, busca alcançar todas as etapas do ciclo de vida dos produtos, desde a produção ao pós-consumo, e tenta atenuar as mudanças climáticas, criar um sistema ambientalmente sustentável, preservar a biodiversidade e os demais recursos naturais.

Assim, fica explícita a necessidade do estabelecimento de metodologias aplicáveis à realidade brasileira e que atendam aos princípios e objetivos dessa política, em especial a visão sistêmica da gestão dos resíduos e da sustentabilidade. Para a definição dos sistemas sustentáveis de manejo de resíduos, a montagem de cenários com diferentes propostas tem sido uma forma muito utilizada. Cenários de gerenciamento de resíduos são as diferentes alternativas de manejo dos resíduos possíveis de serem implementados, que podem incluir as etapas de coleta, transporte, triagem centralizada, reciclagem de materiais, tratamento biológico, tratamento térmico e aterro sanitário. Busca-se, nesses cenários, uma combinação de diferentes técnicas e tecnologias que resulte no sistema mais ambientalmente efetivo em termos de emissões gasosas, líquidas e de resíduo sólido final, em um custo mais viável e que seja socialmente aceitável pela população (REICHERT; MENDES, 2014).

Desta forma, para avaliar diferentes cenários propostos, a utilização da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) pode ser considerada uma ferramenta muito importante, pois busca soluções para problemas ambientais incluindo todas as etapas do ciclo de vida de um produto, processo ou atividade (extração e processamento de matérias-primas, fabricação, transporte, e distribuição, uso/reuso/manutenção, reciclagem e disposição final), com o objetivo de estabelecer uma sistemática confiável que possa ser reproduzida a fim de possibilitar a decisão dentre várias atividades, por aquela com menor impacto ambiental (SILVA; SOARES; SEO, 2015).

Desse modo, a ACV vai além da visão focada apenas no processo produtivo, tratamento e disposição dos resíduos gerados, para uma visão holística de todos os impactos ambientais associados a todas as fases do ciclo de vida. A partir dessa metodologia pode-se verificar que a prevenção à poluição é a alternativa mais viável, econômica e efetiva se comparada às ações sobre os efeitos gerados (HINZ; VALENTINA; FRANCO, 2006).

Neste contexto, este estudo tem como objetivo comparar e analisar cenários, por meio da técnica de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida, construídos para o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos do município de Porto Alegre – RS. Ainda, busca identificar qual o cenário mais sustentável quanto às categorias de indicadores ambientais avaliadas.

Autores: Artur Rech da Rosa e Geraldo Antônio Reichert.

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