saneamento basico

Análise de retorno em obras de substituição de redes (estudo de caso)

Resumo

A renovação de redes, dentre as ações de combate e controle de perdas de água, é uma ação que apesar de apresentar bons resultados, demanda investimentos de uma parcela significativa do orçamento disponível das companhias de saneamento básico. Neste contexto, o presente trabalho avalia os ganhos obtidos em duas áreas de estudo onde aproximadamente 80% de suas redes antigas, predominantemente em ferro fundido, foram substituídas por redes em polietileno. Nesta avaliação foram analisadas as condições de abastecimento antes e após a implantação das obras com a adoção da metodologia de trabalho de checagem dos limites de setores através de testes de estanqueidade, realização de campanhas de medições de vazão e pressão em pontos estratégicos e cálculo de indicadores de perdas conforme preconizado pela IWA.
Os resultados do estudo mostraram que para ambas as áreas houve um significativo ganho com as obras, com redução no IPDt em 91% para a Área de Estudo 1 e 64% para a Área de Estudo 2. A análise de viabilidade econômica, resultou em um payback de 12 anos e TIR de 14,15% para a Área de Estudo 1 e payback de 11 anos e TIR de 18,95% para a Área de Estudo 2 considerando uma taxa de desconto de 8,06%.

Introdução

O Brasil é o país onde se encontra a maior concentração de reservas hídricas do mundo e apesar desse fator, possui regiões que sofrem com a escassez ou falta de água potável. A região sudeste, em especial o estado de São Paulo, possui apenas 6% dos recursos hídricos disponíveis do país, enquanto abriga cerca de 10% da população brasileira e mantém alto grau de industrialização quando comparado com outros estados (SORIANO et al., 2015). A alta demanda para manutenção das necessidades básicas da população e o abastecimento da indústria faz desta região um desafio para a gestão dos recursos hídricos.

De acordo com estudo do DAEE apud SORIANO et al (2015), a Região Metropolitana de São Paulo está inserida numa região onde a disponibilidade de água superficial é considerada crítica, com uma disponibilidade menor que 1500 m³/ano/hab. conforme pode ser verificado na Figura 1. Na figura, a Região Metropolitana está delimitada em destaque com linhas mais espessas na cor cinza.

Diante deste cenário de baixa disponibilidade hídrica associada à elevada demanda e alto custo na produção de
água, as companhias de abastecimento se vêem obrigadas a criar mecanismos para uma gestão mais eficiente
dos recursos disponíveis, principalmente nos aspectos que tangem o controle e combate às perdas que ocorrem
no sistema. Num sistema de abastecimento, estas perdas podem ocorrer nas diferentes etapas que estão
compreendidas entre a captação da água no manancial e a distribuição para a população, sendo inclusive, de
ocorrência nas instalações internas dos consumidores. Na Sabesp, por exemplo, no ano de 2017 as perdas
representaram 30,7% do volume produzido no ano. Desse total perdido, cerca de 3,5% ocorreram no sistema
de adução e 96,5% no sistema de distribuição.

As perdas reais devem receber atenção especial, uma vez que elas representam desperdícios de recursos e
indicam falhas na infraestrutura do sistema de abastecimento. De acordo com Lambert e Hirner (2000) apud
Morais, Cavalcante e Almeida (2009), o gerenciamento de perdas reais deve ser feito por 4 atividades
essenciais que são: gerenciamento de pressão, controle ativo de vazamentos, velocidade e qualidade dos
reparos e por fim, gerenciamento da infraestrutura. Tais atividades, conforme relacionado na Figura 2 devem
ser implementadas em conjunto para se ter o melhor resultado e dentre elas, o gerenciamento da infraestrutura
se mostra o mais oneroso, pois envolve, por exemplo, a substituição de redes que além de cara, produz grandes
transtornos para a população com a escavação de valas, fechamento de vias e paralisação temporária do
abastecimento.

O desenvolvimento desse trabalho contou com o apoio e a participação do corpo técnico do Departamento de Gestão do Programa Corporativo de Perdas de Água (TOR) e do Departamento de Perdas da Unidade de Negócio Leste (UN ML), ambos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP-SP).

Autores: Paulo Mendes da Silva; Julio Tamai e Emerson Kioshi Waki.

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