Especialista explica como o tratamento adequado protege a saúde da população e o meio ambiente
Quando você aciona a descarga ou abre o ralo da pia, raramente imagina o destino daquela água. Mas, esse caminho é determinante para a saúde pública e para a preservação ambiental do local onde vivemos.
No Brasil, mais de 90 milhões de pessoas ainda não têm acesso à coleta de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Tal problema amplia riscos de doenças, contamina rios e compromete o abastecimento de água potável. É nesse contexto que as Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) assumem papel fundamental para o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida.
Apesar da cobertura ainda ser insuficiente para atender toda a população brasileira, as ETEs são estruturas essenciais.
“Ao tratar os dejetos, evitamos que contaminem o solo e os cursos d’água e, em muitos casos, conseguimos devolver essa água para usos produtivos, como irrigação de algumas culturas agrícolas e outras finalidades em que a potabilidade não é um critério requerido. Isso significa preservar recursos hídricos e proteger a saúde coletiva”, explica Sibylle Muller, CEO da NeoAcqua.
Como funciona o tratamento de esgoto
As ETEs recebem e tratam os resíduos de residências, comércios e indústrias em etapas que incluem:
- Remoção de sólidos
- Degradação biológica da matéria orgânica
- Desinfecção da água antes de retornar ao meio ambiente
- Além disso, o lodo resultante pode ser reaproveitado em atividades agrícolas, promovendo economia circular e reduzindo o impacto ambiental.
Por que o de esgoto evita doenças
O esgoto não tratado está entre os principais vetores de doenças de transmissão hídrica, como diarreia, hepatite A, cólera e parasitoses. Por isso, investir em saneamento é investir diretamente em saúde pública.
“Cada litro de esgoto tratado é um litro a menos de possibilidade de contaminação nos rios e nas comunidades. Investir em saneamento é investir diretamente em saúde pública, em qualidade de vida para todos e desenvolvimento do País”, reforça a CEO da NeoAcqua.
Consequências do descarte irregular de esgoto
Sem tratamento adequado, os resíduos:
- Comprometem ecossistemas aquáticos
- Reduzem a disponibilidade de água limpa para consumo
- Aumentam atendimentos médicos, especialmente no sistema público
- Geram mortalidade de peixes e desequilíbrios ecológicos
- Aceleram a degradação da biodiversidade
- Já o tratamento eficiente diminui a carga de poluentes e protege os recursos hídricos naturais.
Os prazos finais do Marco Legal do Saneamento estão se aproximando. Apesar dos avanços alcançados até agora, o desafio do Brasil ainda é enorme e passa pela universalização da cobertura de coleta e tratamento de esgoto para toda a população. É necessário o incentivo e o investimento urgente em projetos e na construção de redes de coleta e de Estações de Tratamento de Esgoto eficientes.
Boas práticas da população
Apesar de o tratamento caber ao poder público e às concessionárias, o comportamento da população influencia diretamente o bom funcionamento das ETEs. O descarte incorreto de resíduos, como óleo de cozinha, medicamentos ou lixo comum, prejudica o sistema, eleva custos operacionais e dificulta a universalização do saneamento.
“ Os cuidados no descarte do esgoto ajudam a manter a eficiência dos sistemas de tratamento, necessária para a saúde pública e o equilíbrio ambiental das cidades”, conclui Sibylle Muller.
Então, como colaborar com a eficiência do saneamento? Abaixo, você confere algumas dicas para fazer a sua parte em casa:
- Não jogar óleo de cozinha no ralo – veja aqui o que fazer
- Descartar medicamentos vencidos em farmácias ou pontos de coleta
- Não jogar lixo no vaso sanitário
- Usar produtos de limpeza moderadamente, preferencialmente biodegradáveis
- Reutilizar água sempre que possível em pequenas tarefas domésticas
Fonte: Ciclo Vivo