saneamento basico

Projeto de requalificação do rio Pinheiros

por José Eduardo Cavalcanti

A proposta de requalificação do rio Pinheiros (São Paulo / SP) almejada de há muito pelos munícipes paulistanos está mui lentamente evoluindo pela implementação das obras de infraestrutura de saneamento sob a forma de coletores-tronco nos afluentes do rio Pinheiros, elevatórias e interceptores localizados em ambas as suas margens. os quais propiciarão conduzir os esgotos coletados até a Estação de tratamento de Esgotos de Barueri. Entretanto, ainda há muito o que fazer principalmente em termos de novos assentamentos de coletores notadamente ao longo das margens dos córregos afluentes.

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Todavia, mesmo com toda a infraestrutura sanitária convencional implantada é sabido que as condições sanitárias do rio Pinheiros ainda deixarão de ser satisfatórias se não houver o controle da poluição difusa originada de várias causas que procuraremos abordar em outro artigo.

O objetivo deste texto é reportar a atual qualidade de água do rio Pinheiros e descrever o sistema de interceptação Pinheiros que está sendo levado a cabo pela Sabesp no bojo do Projeto Tietê.

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Perfil sanitário atual do rio Pinheiros (2016)

A Estação Pedreira de monitoramento da qualidade das águas, situada no canal do rio Pinheiros, junto à Usina Elevatória de Pedreira é capacitada a determinar a qualidade das águas bombeadas para o reservatório Billings.

Segundo a Cetesb, em 2017, a condutividade variou de 200 a 400 µS/cm, indicando tratar-se o rio Pinheiros de um corpo d’água impactado por cargas poluidoras.

Ainda segundo a Cetesb, “o rio Pinheiros apresenta comportamento hidrodinâmico misto : (i) Lótico, quando da ocorrência de bombeamento, situação mais frequente no período chuvoso, na qual se observa maior variabilidade da turbidez, com picos de mais de 200 UNT, devido às variações na vazão do rio.

Nesse caso, o oxigênio dissolvido tende a apresentar valores mais baixos, observando-se inclusive sua ausência ; (ii) Lêntico, na ausência de bombeamento, situação mais frequente no período de estiagem, na qual se verifica maior amplitude dos valores de OD ( Oxigênio Dissolvido ), com valores próximos de 10 mg/L, devido à ocorrência de altas densidade de algas, característica de eutrofização do corpo d’água. O oxigênio dissolvido atende ao padrão de qualidade em 41 % do tempo e o pH em 98 %. Para rios classe 4, não há padrão de turbidez estabelecido na Resolução CONAMA 357/05”.

O Ponto PINH 04900 da rede de monitoramento da qualidade da água ( ver localização no mapa mais abaixo ) revelou que qualidade da água bombeada do Rio Pinheiros não teve uma evolução significativa das concentrações de DBO ( Demanda Bioquímica de Oxigênio ) e COT ( Carbono Orgânico Total ) ao longo dos anos. As médias anuais de DBO e COT no ponto PINH 04900 em 2016 foram respectivamente, 35 e 60 mg/L.

O rio Pinheiros tem os seguintes afluentes. Pela sua margem direita, Córrego Belini, Córrego das Corujas, Córrego Verde I, Córrego Verde II, Córrego Iguatemi, Córrego Sapateiro, Córrego Uberaba, Córrego da Traição, Córrego Água Espraiada, Córrego Cordeiro, Córrego Maria Joaquina, Córrego Poli, Córrego Zavuvus, Córrego Olaria, Córrego Pedreiras e Córrego Apucas.

Pela margem esquerda, Córrego Continental, Córrego Jaguaré, Córrego Pirajuçara, Córrego Morro do “S”, Córrego Ponte Baixa, Córrego Itupu, Contr. Direta Guarapiranga/ Pinheiros, Rio das Pedras, Córrego São José e Rio Cocaia.

No tocante aos principais afluentes do rio Pinheiros a Cetesb constatou que, “embora os afluentes Pirajussara, Água Espraiada e Zavuvus tenham apresentado uma diminuição de suas concentrações de COT em 2016, não se verificou a mesma melhora na calha do Pinheiros”.

( Fonte : Síntese da Qualidade das Águas no Estado de São Paulo : Gráfico 3.66 – Médias anuais de DBO e Carbono Orgânico Total no ponto PINH 04900 )

Sistema de interceptação Pinheiros

O rio Pinheiros é servido por dois interceptores de esgotos: IPi-6 ( diâmetro de 2.000 mm e extensão de 19 km ) e IPi-7 ( diâmetro de 2.000 mm e extensão de 9,5 km ). Um terceiro interceptor (IPi-8) ( diâmetro de 1.500 mm e extensão de 2.248 m ) está sendo implantado.

O interceptor da margem direita, denominado IPi-6, transporta os esgotos desde as elevatórias da margem direita da Billings ( EEE Billings ) prosseguindo até a Estação Elevatória Pomar ( EEE Pomar ) localizada próxima a estação Vila Olímpia da CPTM.

Neste trecho, o interceptor denominado IPi-6 Montante recebe ainda as contribuições do interceptor IPi-7 que se desenvolve na margem esquerda desde a elevatória EEE Grajaú interligando-se ao IPi-6 através de uma travessia ( diâmetro de 2.500 mm, extensão de 230 m e 16 m de profundidade ) sob o rio Pinheiros localizada frente ao Credicard Hall. São também lançadas nesta interligação algumas contribuições de jusante do IPi-7. O IPi-6 passa a se denominar a partir desta travessia IPi-6 Jusante.

Os esgotos depois de alteados na EEE Pomar prosseguem fluindo no IPi-6 Jusante em direção à Estação Elevatória Pinheiros (EES Pinheiros). De lá os esgotos são bombeados por um emissário EM-1 de recalque (existente) que se encaminha, atravessando sob o rio Pinheiros, até a margem esquerda  prosseguindo  até a ETE Barueri.

Está prevista na 3ª etapa do Projeto Tietê a implantação do interceptor IPi-8, entre a Ponte Otávio Frias de Oliveira (Ponte Estaiada) e o Parque Burle Marx. O interceptor terá 2.248 m de extensão, diâmetro de 800 mm e se interligará com o IPi-6 em uma travessia de 203 m de extensão e 1.500 mm de diâmetro por baixo do rio Pinheiros na altura da Ponte Estaiada. Receberá as contribuições dos coletores Cidade jardim e Goiás.

A requalificação do rio Pinheiros neste ritmo apesar dos bilhões já investidos nestas obras ao que tudo indica não será efetivada nesta nossa geração a menos que outras intervenções sejam feitas em paralelo como o tratamento local das águas do próprio rio e o incremento da educação ambiental da população.

No início de 2016, o Governo do Estado de S. Paulo ensaiou realizar um chamamento aos setores privados para que pudesse propor tecnologias avançadas de tratamento de águas poluídas do rio Pinheiros com o intuito de acelerar sua recuperação. Mas, até agora, não houve avanço na formatação desta PPP.

O INSTITUTO DE ENGENHARIA ( www.institutodeengenharia.org.br ) almeja não deixar que essa boa iniciativa por parte do governo estadual caia no vazio, risco provável principalmente tendo em vista a proximidade das eleições. Nossa aspiração é motivar a vice- governança a dar andamento as tratativas que visem tornar realidade a parceria com a iniciativa privada no esforço de se requalificar o rio Pinheiros.

Abaixo: Caminhamento dos interceptores do Pinheiros

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Eng. José Eduardo Cavalcanti

Ambiental do Brasil – www.ambientaldobrasil.com.br

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