saneamento basico

Uso da bioaumentação para remediação de solos contaminados por óleo diesel

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a bioaumentação com dois consórcios de micro-organismos como forma de remediação de um solo contaminado por óleo diesel em escala laboratorial. Os consórcios foram formados a partir de cepas previamente isoladas em um sistema de remediação de solos contaminados. A seleção dos micro-organismos foi realizada com base em sua capacidade de degradação do óleo diesel, estudada por meio do uso do indicador redox 2,6-Diclorofenol-indofenol. O primeiro consórcio, C1 foi composto pelas bactérias B. pumilus, B. subtilis e B. licheniformis. O segundo consórcio, C2, foi composto pelas mesmas bactérias anteriormente citadas e o fungo Aspergillus fumigatus. Os hidrocarbonetos totais de petróleo foram degradados pelos consórcios C1 e C2, respectivamente, em 35% e 62% destes compostos. Estes valores mostram que consórcios de fungos são mais efetivos na degradação de moléculas orgânicas de elevado peso molecular, como as contidas no óleo diesel, do que os consórcios puramente bacterianos.

Introdução

O transporte e a distribuição de combustíveis derivados de petróleo (óleo diesel, gasolina e outros) representam atividades de elevado risco ambiental principalmente em função da possibilidade de acidentes durante o transporte e de vazamentos devidos a estocagem inadequada. Em eventos como esses, compostos orgânicos de baixa solubilidade em água se dissolvem gradualmente, formando plumas de águas poluídas na direção do fluxo da água, contaminando todo o volume do aquífero (Meira, 2007).

Manzochi (2001) acompanhou atividades operacionais de abastecimento e descarga de combustíveis, troca de óleo e lavagem de veículos em um posto de abastecimento de combustíveis de Florianópolis (SC), ele alerta que, carregado pela chuva, o material derramado pode contaminar o solo e a água, atingindo rios, lençóis freáticos e galerias de águas pluviais. Considerando o vazamento de 10 mL por dia, durante um ano, haverá comprometimento de 3 milhões de litros de água. A extensão da contaminação depende do vazamento e das condições do local onde o posto esta instalado, como o tipo de solo da região e as características do material e por onde escoa a água subterrânea.

O monitoramento destas contaminações pode ser realizado a partir de análises por cromatografia gasosa. De acordo com Mariano (2008), o óleo diesel contém de 2000 a 4000 hidrocarbonetos, uma mistura complexa de alcanos normais, ramificados e cíclicos e os compostos aromáticos, obtidos a partir da fração do meio-destilado durante a separação de petróleo. Alguns destes compostos podem ser utilizados como indicadores para a avaliação do processo de degradação do óleo diesel. Os compostos poliaromáticos fornecem também uma ferramenta útil para monitorar alterações ambientais. Alguns desses compostos no diesel estão entre os ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
AESABESP – Associação dos Engenheiros da Sabesp menos afetados pelos processos de intemperismo. Estes compostos semi-voláteis, com uma baixa solubilidade e características recalcitrantes podem persistir durante um longo período de tempo no ambiente.

Considerando-se a poluição e toxicidade de hidrocarbonetos de petróleo, o desenvolvimento de uma estratégia eficaz e ambientalmente amigável para reduzi-la ainda permanece um desafio. A crescente pressão dos órgãos reguladores ambientais tem motivado as empresas a desenvolver tecnologias limpas, com destaque para a tecnologia de biorremediação (FERNÁNDEZ-LUQUEÑO et al., 2011).

A biodegradação de hidrocarbonetos complexos geralmente requer a cooperação de mais de uma espécie. Isto é particularmente verdadeiro em poluentes que são constituídos de muitos compostos diferentes, tais como o petróleo bruto. Micro-organismos individuais podem metabolizar apenas uma gama limitada de substratos de hidrocarbonetos. Por outro lado, grupos de micro-organismos (populações mistas) com grandes capacidades enzimáticas são necessárias para viabilizar uma elevada taxa e extensão da biodegradação dos derivados de petróleo (GHAZALI et al., 2004).

Autores: Marcelo Luís Kronbauer; Diosnel Antônio Rodriguez Lopez; Adriana Bee e Valéria Boetccher.

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