Resumo
O emprego de tratamentos anaeróbios tem ganhado destaque no Brasil nos últimos anos. Os sistemas anaeróbios de tratamento de esgotos apresentam diversas vantagens, como economia no processo, simplicidade operacional, baixa produção de lodo excedente com lodo estabilizado e requer menores áreas para implantação. Este estudo avaliou o desempenho de um reator anaeróbio híbrido (UAHB) no tratamento de esgoto sanitário quanto à remoção de sólidos em suspensão e material carbonáceo. O sistema hibrido era composto de um reator UASB na parte inferior acoplado a um filtro anaeróbio na parte superior. O processo de alimentação foi de fluxo ascendente onde o esgoto entra na parte inferior passando primeiramente pelo UASB que tem uma manta de lodo disperso e em seguida por um filtro anaeróbio com formação de lodo aderido em poliuretano. O tempo de detenção hidráulica usado foi de seis horas para UASB e de cinco horas e meia para o filtro anaeróbio, totalizando um TDH de onze horas e meia. O reator foi alimentado com esgoto municipal originário do sistema de esgotamento sanitário da cidade de Campina Grande – PB. O desempenho do UAHB foi calculado a partir da concentração de material carbonáceo afluente e efluente, o efluente tratado no UASB e no filtro anaeróbio, foram analisados para verificar se o filtro conseguiria potencializar a remoção sólidos em suspensão e de material carbonáceo, a partir do parâmetro DQO – Demanda de Química de Oxigênio. O reator híbrido proporcionou considerável eficiência de remoção de matéria orgânica (77%), sendo 60% no UASB e 17% no filtro anaeróbio. Apresentou boa eficiência de remoção de sólidos sendo 21% de ST e 38% de remoção de STV, as remoções de SST e SSV foram de 88%. Com os resultados encontrados pode-se considerar o reator híbrido como uma boa tecnologia para remover maiores quantidades de sólidos em suspensão e matéria orgânica, resultando em um efluente com baixa turbidez.
Introdução
Estudos atuais demostram que tratamentos biológicos de águas residuárias têm focado em alternativas que promovam o pós-tratamento e que busquem por sistemas compactos, unindo diferentes tipos de tratamentos biológicos, o que resulta em eficiência maior do que aquelas obtidas com o uso de cada uma delas separadamente, são obtidos melhores resultados com diminuições das falhas individuais de cada tecnologia, de forma que a desvantagem de um processo pode ser aproveitada como vantagem para o outro. Com isso, é indicado o uso de reatores anaeróbios associados a outras tecnologias, com a finalidade de promover um sistema mais eficiente para tratar águas residuárias domésticas (FORESTI et al, 2006).
Reatores anaeróbios híbridos têm sido aplicados no tratamento de uma ampla variedade de águas residuais industriais, com elevadas cargas orgânicas, incluindo produtos lácteos, farmacêuticos, efluentes de matadouro, águas residuais oleosas e de mandioca usadas na produção do amido (TAWFIK & EL-KAMAH, 2012).
Um reator anaeróbio híbrido é qualquer reator originário da mistura de duas ou mais concepções de reatores anaeróbios. Um exemplo comum é a combinação de um reator UASB na parte inferior e um filtro anaeróbio na parte superior. Estes tipos de reatores possuem parte de seu volume preenchido com meio suporte que deve ser de materiais inertes, como espuma ou anéis de plásticos, com fins de retenção de biomassa microbiana (FERNANDEZ et al., 2001).
Os sistemas híbridos constituem uma tecnologia relativamente nova no tratamento de esgotos e tem alcançando aceitação mundial. Estes utilizam processos modernos combinando duas tecnologias para o tratamento de efluentes: a tecnologia dos reatores UASB e dos filtros anaeróbios, que pode ser opção preferencial no tratamento de diversos efluentes (ØDEGAARDE, 2006).
O reator anaeróbio híbrido (RAH) procura combinar as vantagens do UASB e do filtro anaeróbio em um único reator e reduzir as desvantagens destes reatores quando funcionam separadamente. Nesse contexto o presente trabalho visa avaliar o desempenho do reator anaeróbio híbrido (RAH) na remoção de sólidos suspensos e material carbonáceo, expresso em DQO.
Autores: Dayane de Andrade Lima; Jéssyca de Freitas Lima; Israel Nunes Henrique e José Tavares de Sousa.
