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O setor brasileiro de saneamento básico oferece espaço e visão para absorver inovações disruptivas?

Em 2017, a Feira Nacional do Saneamento (Congresso ABES/FENASAN 2017) apresentou uma inovação há tempos aguardada por quem acompanha o setor: o Espaço Startup. Apesar de relegado a um canto pouco atraente da feira, não há como negar a importância da dedicação de um espaço aberto para novas propostas tecnológicas em um setor caracterizado pelo monopólio natural (denominação econômica dada a estruturas monoprodutoras, que não admitem – tecnicamente – seu uso para outros fins além daquele tido como principal).

Em 2017, a Feira Nacional do Saneamento (Congresso ABES/FENASAN 2017) apresentou uma inovação há tempos aguardada por quem acompanha o setor: o Espaço Startup. Apesar de relegado a um canto pouco atraente da feira, não há como negar a importância da dedicação de um espaço aberto para novas propostas tecnológicas em um setor caracterizado pelo monopólio natural (denominação econômica dada a estruturas monoprodutoras, que não admitem – tecnicamente – seu uso para outros fins além daquele tido como principal).

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No dia do julgamento dos projetos, quem esteve por lá não foi decepcionado. Os três vencedores ofereceram ideias factíveis, pautadas por necessidades presentes em todo o Brasil e certamente em muitos outros países, com planos de negócios bem montados e orçamentos chamativos.

O projeto vencedor foi o “Wetlands Construídos”, de autoria de André Baxter Barreto, que oferecia para residências distantes de centros urbanos ou para regiões sem infraestrutura de abastecimento e esgotamento sanitário o tratamento, feito a partir de processos naturais, de águas, efluentes e lodos. Alex foi premiado com:

  • Curso SHIFT/FIAP;
  • Espaço disponibilizado pela FIAP para a evolução do projeto (sala ou lab);
  • Indicação para o Acelera FIESP, maior evento de investimento-anjo da América Latina;
  • Inscrição para a 16ª Conferência Anpei de Inovação (Belo Horizonte/MG, 31 de outubro a 1º de novembro/2017);
  • R$ 1500,00.

O segundo lugar foi conquistado pelo projeto “BRCloro”, apresentado por Matheus Oliveira Pigatto Azevedo. Tratava-se de um dosador automático de cloro para residências. Atente para o fato de que esse, assim como o vencedor, foi um projeto que beneficiava a independência de imóveis da rede pública de abastecimento e de esgotamento sanitário. Matheus recebeu a seguinte premiação:

  • Espaço disponibilizado pela FIAP para a evolução do projeto (sala ou lab);
  • Indicação para o Acelera FIESP, maior evento de investimento-anjo da América Latina;
  • Inscrição para a 16ª Conferência Anpei de Inovação (Belo Horizonte/MG, 31 de outubro a 1º de novembro);
  • R$ 500,00.

Por fim, o terceiro projeto premiado foi o “Infraverde”, apresentado por Rodolfo Vieira Nunes de Almeida, que consistia em um centro virtual de formação de instalação de saneamento básico, e que foi contemplado com a mesma premiação do segundo colocado.

Nas semanas seguintes à FENASAN 2017, procurei conversar com diversas pessoas que lá estiveram, e a grande maioria avaliou o Espaço Startup como um grande e promissor sucesso, o que fortaleceu a expectativa por um espaço maior e fisicamente mais centralizado na edição de 2018, que aconteceu de 18 a 20 de setembro. Entretanto, tão grande como a expectativa foi a decepção ao, tendo acesso à divulgação do mapa e do programa deste ano, não encontrar qualquer referência a um novo Espaço Startup.

O setor de saneamento básico, apesar de ainda ser definido como um dos últimos monopólios naturais em voga no Brasil, passa por grandes mudanças de legislação. Com quase metade da população brasileira sem atendimento de tratamento de esgotos, essa atividade é objeto da cobiça de muitas corporações internacionais e de consórcios nacionais. Além disso, uma rápida pesquisa feita nos departamentos de saneamento de algumas importantes universidades paulistas mostra que há muita pesquisa aplicada em avançado estágio de desenvolvimento, prontas para serem colocadas em prática. A grande maioria delas conduz à independência dos imóveis da rede pública de abastecimento e de esgotamento sanitário, como células isoladas que tratam e reaproveitam águas pluviais, efluentes e resíduos sólidos.

Essa falta de sintonia, entre um setor que ainda se sente parte integrante de um mercado monopolista e uma sociedade que oferece novas gerações de profissionais prontas para inovar e pensar o novo, é prato cheio para aqueles casos de inovações disruptivas que acabam com empresas – e milhares de empregos – em curto espaço de tempo. Talvez seja imprescindível que as lideranças brasileiras do setor de saneamento comecem a pensar com mais carinho sobre um novo e amplo Espaço Startup para a FENASAN 2019.

Fonte: Linkedin

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