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Efetividade das trocas preventivas de ramais de distribuição de água – estudo de caso: 12 anos de implantação

Resumo

O estudo foi realizado como trabalho de conclusão de curso – TCC, do curso de Tecnólogo em Hidráulica e Saneamento Ambiental da Fatec São Paulo. Apresenta um estudo sobre o quanto a troca preventiva dos ramais de distribuição contribui efetivamente na redução das perdas de água, na redução dos vazamentos e se é viável financeiramente. Para desenvolvimento deste trabalho foi feito uma ampla pesquisa bibliográfica sobre as perdas de água, com foco maior nas perdas reais. A metodologia compreendeu o levantamento de dados históricos do período de 12 anos utilizando banco de dados e ferramentas de georreferenciamento, comparando as trocas de ramais executadas no Polo de Manutenção de São Mateus e mais dois Polos de Manutenção na região central da Cidade de São Paulo. O Polo de São Mateus fez um trabalho diferenciado com amplo planejamento e incluindo a troca também do pé do cavalete. Após a conclusão da pesquisa constatou-se que a prática da troca preventiva do ramal de distribuição é eficaz por todos os ângulos observados, representando efetiva redução da perda de água, redução dos vazamentos e representando um eficiente retorno financeiro, e quando se insere a troca do pé do cavalete o retorno se mostrou ainda mais vantajoso.

Introdução

Uma das maiores preocupações das empresas de saneamento em todo o mundo é a utilização eficiente dos recursos hídricos. No cenário onde a água se apresenta cada vez mais escassa a redução do nível de perdas se torna fator essencial para garantir um uso sustentável da água, com disponibilidade para futuras gerações, além da manutenção do negócio.

Segundo relatório do SNIS – Sistema Nacional de Informações do Saneamento, de 2017 o Brasil possui um índice de perdas na distribuição de 38,3%, o estado de São Paulo perde 35,3% e a cidade 35,59%. A média dos países da América Latina é de 43,03% (ADERASA – Asociación de Entes de Reguladores de Agua Y Saneamiento de lãs Américas, 2016).

Segundo TARDELLI (2016) os indicadores de perdas de água de um sistema indicam se a operação e manutenção estão sendo bem conduzidas.

Até o ano de 2000 não se existia uma definição clara sobre as perdas e seus componentes, assim a IWA – International Water Association propôs uma estrutura de balanço hídrico para padronizar de forma clara a questão. Uma das definições foi sobre os tipos de Perdas, segundo ALEGRE (2006) as perdas reais são compostas de vazamentos nas tubulações e extravasamento nos reservatórios e as perdas aparentes de erros de medição, fraudes e falhas no sistema comercial.

As Perdas Reais de Água ou Perda Física é a fatia do problema que precisa ser olhado com a maior preocupação, quando se pensa em um problema ambiental, uma vez que essa é a água perdida de fato, além de na maioria dos sistemas ser a maior parcela da perda. Em 2016 a perda em São Paulo estava estimada em 67% reais e 33% aparente (TARDELLI, 2016).

Sabe-se que a perda de água não é algo imóvel, não existe cenário onde se alcance um patamar onde nada mais precise ser feito, se as empresas não fazem nada ela sobe. Um estudo feito pela Sabesp na Região Metropolitana de São Paulo em 2014 mostra que se nada for feito em 2 anos o sistema entraria em colapso, somente considerando os vazamentos não visíveis. (ABES, 2015).

Muitas são as ações paliativas que são tomadas para melhorar ou pelo menos conter o aumento do volume perdido como, controle de pressão através de Válvulas Redutoras de Pressão, pesquisa ativa de vazamentos não visíveis, agilidade e qualidade nos reparos. Porém para obter resultados mais efetivos e de longo prazo é necessário a renovação da infraestrutura.

As perdas reais acontecem nas adutoras que levam a água até os reservatórios, nos extravasamentos dos reservatórios de distribuição, nas redes de distribuição e nos ramais de ligação domiciliar. Os maiores volumes perdidos são nos vazamentos de rede, porém por terem uma vazão maior esses vazamentos são rapidamente identificados. Já os ramais domiciliares por terem uma grande quantidade de conexões se tornam o ponto mais vulnerável para vazamento, e por terem uma vazão menor seus vazamentos são mais difíceis de aflorarem, e assim demoram mais para serem localizados, sendo que alguns passam anos vazando sem que ninguém perceba. Essa característica torna o ramal um dos vilões das perdas reais de água.

Nosso estudo irá abordar o Polo de Manutenção de São Mateus, um dos polos da Região Metropolitana de São Paulo, localizado na zona leste, com 212.113 ligações de água, que traçou uma estratégia para utilizar da forma mais efetiva possível essa disponibilidade do novo contrato, uma vez que a renovação de infraestrutura demanda alto custo. Após quatro anos de trabalho os resultados alcançados foram muito significativos chegando à redução de 73% do número de vazamentos de ramal e 43% do índice de perdas, o que levou o trabalho a ser apresentado no Congresso da IWA como um case de sucesso.

Autores: Regiane Garcia; Vanessa Viana de Almeida e Robson Fontes da Costa.

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