saneamento basico

Estudo de caso para avaliação de viabilidade de uso de hidrômetro ultrassônico para melhoria da micromedição

Resumo

A submedição dos hidrômetros é uma parcela muito importante na composição das perdas no sistema de distribuição de água. A aplicação de novas tecnologias, com maior exatidão na medição, principalmente nas baixas vazões, é uma alternativa para a redução das perdas de água e de faturamento. O presente trabalho apresenta um estudo de caso de aplicação de hidrômetros ultrassônicos em um DMC – Distrito de Medição e Controle de 856 ligações de água. O estudo de caso tem como objetivo verificar o desempenho da medição do hidrômetro ultrassônico em uma situação real, comparando os resultados com as medições anteriores, realizadas com hidrômetros mecânicos. Tais comparações são realizadas em termos de volume medido, índice de perdas e análise econômica, de forma a identificar potenciais e replicação em maior escala. Os resultados demonstram a viabilidade da aplicação de hidrômetros ultrassônicos para medição e faturamento de ligações residenciais, principalmente para os casos de maiores consumos. Além disso, o estudo de caso apresentou significante redução no índice de perdas, principalmente devido ao fato de que a maior parcela da perda antes da realização das ações era composta pela submedição. O incremento de faturamento gerado pela melhoria da eficiência da micromedição resulta um payback estimado de 15,0 meses. Considerando que o tempo de vida útil dos hidrômetros ultrassônicos pode chegar a 15 anos, a aplicação deste tipo de tecnologia apresenta viabilidade neste estudo de caso.

Introdução

A submedição dos hidrômetros é uma parcela importante da perda aparente, que possui grande relevância nos índices de perdas de água. A submedição está relacionada ao princípio de medição e ao dimensionamento do hidrômetro em função do perfil de consumo. Desta forma, as características das instalações hidráulicas prediais também influenciam a eficiência da medição do hidrômetro, conforme observam autores como Charalambous et al. (2007), Cobacho et al. (2007) e Criminisi et al. (2009).

A presença de reservatório domiciliar exerce grande influência na vazão que passa pelo hidrômetro, que é determinada pela torneira bóia do reservatório, independente da pressão existente na rede de distribuição. Desta forma, o hidrômetro é submetido a baixas vazões por períodos maiores, o que resulta na redução da medição dos volumes consumidos mais frequentes, resultando em elevação das perdas aparentes por submedição (OLIVEIRA et al., 2011).

Outro fator importante é a classe metrológica do hidrômetro. Um estudo realizado por Silva (2014), em um condomínio residencial, demonstra que a substituição de hidrômetros com classe metrológica B por C apresenta significativa redução no índice de perdas. Além disso, o desgaste provocado pelo uso, nos hidrômetros mecânicos, provoca aumento da submedição ao longo do tempo. Alguns estudos demonstram que a eficiência da medição nos hidrômetros mecânicos reduz entre 0,5 e 1,0% ao ano, conforme apresentado por Nielsen et al. (2003), Ferréol (2005), Arregui et al. (2010) e Depexe e Gasparini (2012).

Nos últimos anos, as companhias de saneamento iniciaram a aplicação de hidrômetros estáticos para medição do consumo de clientes. Tais hidrômetros não possuem peças móveis e, portanto, não estão sujeitos ao aumento da submedição com o uso ao longo do tempo.

Além disso, possuem melhor eficiência na medição, pois geralmente apresentam maior exatidão para baixas
vazões, medindo corretamente vazões em que muitas vezes os hidrômetros mecânicos não apresentam
sensibilidade. São exemplos de hidrômetros estáticos aqueles com princípio de funcionamento
eletromagnético, ultrassônico e de oscilação fluídica.

Rodrigues (2014) apresenta um estudo comparativo entre as tecnologias de micromedição na cidade de Campo
Grande – MS. As conclusões indicam que o equipamento de medição ultrassônico oferece uma melhor
performance em comparação ao medidor velocimétrico, reduzindo a submedição e impactando os indicadores
de perdas. O autor ressalta que, apesar do custo do ultrassônico superar em dez vezes o hidrômetro
velocimétrico, o benefício obtido compensa o investimento, desde que se faça uma avaliação prévia do
histograma de consumo, que passa a ser uma ferramenta na análise da viabilidade para a implantação de
hidrômetros ultrassônicos.

Outra vantagem dos hidrômetros ultrassônicos existentes no mercado é a possibilidade de integração com
sistemas de telemetria, uma vez que podem ser equipados com rádio interno. Assim, é possível instalar uma
rede de comunicação fixa para coleta horária dos consumos e, desta forma, realizar uma gestão muito mais
apurada e com mais informações do que a prática atual de leituras mensais. Também existe a possibilidade da
realização de leituras por meio de um coletor manual, o que proporciona maior agilidade no processo. A
principal desvantagem do hidrômetro ultrassônico é o atual preço de aquisição, que chega a ser 10 vezes
superior ao hidrômetro mecânico. Tal fato limita a aplicação desta tecnologia, que deve ser avaliada de forma
criteriosa para que ocorra o melhor uso de cada tipo de hidrômetro, de acordo com cada situação.

O presente trabalho apresenta um estudo de caso de aplicação de hidrômetros ultrassônicos em um DMC –
Distrito de Medição e Controle. O estudo de caso tem como objetivo verificar o desempenho da medição do hidrômetro
ultrassônico em uma situação real, comparando os resultados com as medições anteriores, realizadas com hidrômetros
mecânicos. Tais comparações serão realizadas em termos de volume medido, índice de perdas e análise econômica, de
forma a identificar potenciais e replicação em maior escala.

Autor: Marcelo D. Depexe.

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