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Perdas de Água – por que os programas fracassam?

Há muito tempo tenho a intenção de compartilhar minhas lições aprendidas com estruturação de Programas para Controle das Perdas de Água em empresas de saneamento. Durante os últimos 10 anos, tive a oportunidade de visitar, acompanhar e conduzir alguns trabalhos em prestadores de serviços de saneamento. Tenho percebido que o Sucesso e o Fracasso dos Programas dependem muito do processo de Planejamento, da Capacidade de Execução da Empresa (Time), da Cultura Organizacional e da disponibilização de Recursos para Investimento. Assim, na sequencia, apresento algumas sugestões que julgo relevantes.

1) A organização está preparada para elaboração e execução do do Plano?

É recomendável que todos os setores da organização estejam representados na elaboração do Plano de Perdas de Água. No entanto, sempre é importante levantar algumas perguntas: a organização está disposta a mudanças; os dirigentes estão dispostos a cumprir o Plano e medirem suas metas através de indicadores de desempenho? há um setor na organização responsável pelo ambiente externo (regulação, comitês de bacia, ministério público)? há na organização um Comitê de Perdas*?

Os programas de perdas devem ser customizados para cada prestador de serviços. É muito importante analisar os ambientes externos e internos (SWOT) bem como os documentos exigidos (outorgas, contratos de concessão, contratos de programa, resoluções de regulação, planos municipais de saneamento, planos de bacias, regras do setor elétrico). 

*O comitê de perdas ou grupo gestor, minimamente, pode ser composto por representantes da empresa representantes da alta direção, setor operacional, comercial, departamento de TI, comunicação & imprensa e setor responsável pela relação com os stakeholders.

2) Analisar o comportamento social e cultural do consumidor

Estudar com profundidade a percepção do consumidor em relação a água é muito importante para o sucesso dos programas de perdas. Por exemplo, nas ações de Perdas Aparentes (Comerciais e Não Físicas), onde hidrômetros são trocados e padronizados, ramais de água substuídos, fraudes identificadas, é necessário entender o consumidor para traçar a melhor estratégia de comunicação e analisar a viabilidade do investimento. A Figura 1, obtida através da aplicação de questionários nos consumidores de água de baixa renda em um trabalho que conduzi no Brasil, mostra a relação dos consumidores com saneamento. Nas imagens observam-se que “consumidores” relacionaram Águacom Saúde. Por outro lado, na imagem da direita, a Água aparece relacionada com a Luz; o que de alguma forma sinaliza o uso de poços subterrâneos (muito comum em áreas rurais).

Figura 1. Estudos de Comportamento do Consumidor

Essas informações são muito úteis na elaboração de campanhas de comunicação e permitem decidir os setores que devem ser priorizados ou postergados para investimentos em perdas. Por exemplo, dependendo dos resultados da análise do consumidor, pode-se postergar uma ação de redução de perdas aparentes (comerciais) e substituir por uma ação de mobilização social, a qual “Educará o Consumidor” antes de qualquer das ações previamente planejadas.

3) Aplicar ferramentas para analisar os Volumes Utilizados e Perdidos

Balanço Hídrico (Fig. 2)conhecido também como aplicação Top-Down, é uma forma universal de avaliar volumetricamente as perdas de água. É através de sua aplicação que se consegue obter estimativas de perdas reais e aparentes. Poucas empresas de saneamento tem adotado essa ferramenta em seus processos.

Figura 2. Exemplo de Balanço Hídrico

4) Ter um plano de perdas alinhado ao Plano Estratégico ou Corporativo da Empresa e do Municipio (Titular)

Muitos prestadores de serviços de saneamento (companhias de água) não possui Plano Estratégico Corporativo. Segundo as normas ISO 24511/24512, os prestadores de serviços de saneamento devem sempre que possível, pautar seu planejamento em Objetivos Estratégicos, são eles:

  1. Proteger a saúde pública
  2. Tornar a entidade gestora sustentável
  3. Satisfazer as expectativas e necessidades dos usuários
  4. Prover o serviço em condições normais e de emergência
  5. Proteger o meio ambiente
  6. Promover o desenvolvimento sustentável da comunidade

Uma vez elaborado o Plano Estratégico Corporativo, é possível estruturar os programas de perdas, as metas e os Indicadores de Desempenho mais adequados e alinhados a estratégia corporativa. Segundo a ISO 24512:2012, convém que a metodologia da avaliação dos planos e os procedimentos sejam:

….desenvolvidos com uma capacidade de determinar tendências por meio de repetição de medições. 

Em se tratando da avaliação do desempenho na Gestão de Ativos, a ABNT NBR ISO 55000:2014 declara:

A eficaz gestão dos dados dos ativos e a transformação de dados em informação são fundamentais para medir o desempenho do ativo. 

São por essas razões que as tecnologias (Figura 3) desenvolvidas pela Optimale tem em seu DNA a transformação de dados em informação, auxiliando gestores, tomadores de decisão na melhor alocação de recuros, na otimização de recursos humanos, na melhoria dos serviços e na proteção ao meio ambiente.

 

Fonte: Infosan.

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