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Uso inovador de água em um ambiente urbano

Em vez de esperar pela escassez de água e reagir a uma crise, a Comissão de Serviços Públicos de São Francisco (EUA) está forjando seu próprio futuro, e o de outros, ao abrir um rastro de práticas e políticas de reutilização de água.

De Paula Kehoe e Taylor Chang

A seca, as mudanças climáticas, os eventos climáticos extremos e o crescimento populacional colocaram os gestores da água em uma encruzilhada. Nossos modelos de gestão de água do século XX adotam uma abordagem linear: entrada e saída de água. Construir a resiliência da água exigirá que repensemos nossos modos antigos e transformemos nossos sistemas.

A boa notícia é que os gestores de água em todo o mundo estão começando a pensar sobre as sinergias e o potencial de recursos através da água, energia e águas residuais. Essa abordagem “One Water” nos leva a repensar nossa infraestrutura, colaborar com disciplinas, adaptar nossa governança e envolver nossas comunidades.

“Sistemas Onsite de água não potável estão transformando a maneira como vivemos e fazemos negócios em São Francisco.”

A Comissão de Serviços Públicos de São Francisco (SFPUC) adotou uma abordagem OneWaterSF para gerenciar nossos recursos finitos baseado na resiliência e confiabilidade a longo prazo. Cultivando uma forma de conjeturar um projeto de cada vez a fim de pensar de forma mais holística sobre os impactos e potenciais sinergias entre nossas operações de água, esgoto e energia.

Construindo a Sustentabilidade

Demonstrando seu compromisso, a sede da SFPUC incorpora um sistema de água descentralizado no local para coletar e tratar as águas residuais geradas no edifício. O Living Machine ™ captura a água negra e a trata para reutilização de banheiros e descarga de urinóis, resultando em 60% menos uso de água em comparação com prédios de tamanhos semelhantes.

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O Living Machine ™ do SFPUC

Como este foi o primeiro edifício em São Francisco, e um dos primeiros edifícios no país a fazer tratamento de águas negras no local, a SFPUC enfrentou desafios, já que os padrões de exigência a qualidade da água e a orientação de permissão não existiam. No entanto, reconhecendo o potencial para reduzir o uso de água potável em novos edifícios, a comissão colaborou com o Departamento de Saúde Pública, Departamento de Inspeção de Edifícios e com o San Francisco Public Works para estabelecer o Programa de Água Não-Potável de São Francisco. Juntas, as quatro agências fornecem supervisão e gerenciamento do uso de água não potável para garantir que os sistemas protejam a saúde pública.

Em 2012, São Francisco tornou-se a primeira cidade dos EUA a adotar uma legislação inovadora para otimizar o processo de licenciamento com a finalidade de permitir que os edifícios coletem, tratem e usem águas cinzas, negras, pluviais e de drenagem no local para atender à edificação com água não potável em demandas como descarga de vasos sanitários, resfriamento e irrigação. Atualmente, é obrigatório que todos os novos projetos de desenvolvimento comercial, de uso misto e multifamiliar com mais de 23.225 metros quadrados instalem e operem um sistema de água não potável no local. Atualmente, mais de 80 projetos em São Francisco estão em andamento com planta, licenciamento e operação, dos quais cerca de 70% são projetos são de coleta de água da chuva. Os projetos restantes estão implementando uma combinação de sistemas de drenagem de fundação, águas cinzas e tratamento de águas negras.

Ao abrir caminho para novas formas de coletar e tratar a água para reutilização em prédios e bairros de São Francisco, criamos a oportunidade de construir nossa infraestrutura de água descentralizada, integrando sistemas menores de tratamento Onsite com o objetivo de produzir água adequada para irrigação e descarga em sanitários nos ajudando a preservar e ampliar nossos suprimentos de água potável. Esses sistemas de água não potável estão transformando a maneira como vivemos e fazemos negócios em São Francisco.

Como líder no uso inovador da água em um ambiente urbano, a SFPUC também está dirigindo esforços para a pesquisa que visa mensurar o potencial do reuso de água, para fins potáveis em escala real. Por meio de uma parceria com a Water Research Foundation e o US Bureau of Reclamation, a SFPUC está auxiliando na promoção do diálogo sobre a reutilização potável com a PureWaterSF. Compondo as tratativas iniciais, esboçou-se um projeto piloto de nove meses que levará água tratada da Living Machine ™, prédio onde se localiza a SFPUC, até a sede da PureWaterSF atendendo padrões de potabilidade. O piloto será equipado com membranas de ultrafiltração, osmose reversa e contará com oxidação avançada e desinfecção por ultravioleta. Após a coleta de dados, a água tratada será bombeada para descarga de vasos sanitários no prédio.

Expansão da reutilização Onsite

Além de contribuir para o desenvolvimento de regulamentos para reutilização potável, a SFPUC também está envolvida no avanço da reutilização de água onsite em cervejarias. Em resposta ao crescente interesse das cervejarias em São Francisco, e na ausência de regulamentos claros sobre a reutilização da água oriunda dos processos dessa indústria, a SFPUC desenvolveu diretrizes de tratamento e qualidade objetivando a reutilização desses recursos hídricos. Fontes, como água de processo de filtração, produção e embalagem, podem ser tratadas para produzir água adequada para reutilização no enxágue de tanques, lavagem de garrafas, embalagens e limpeza do local.

A SFPUC reconhece que, à medida que os regulamentos evoluem, a reutilização da água onsite pode ser feita de forma segura e confiável, e deve ser realizada de modo que proteja a saúde pública e beneficie a comunidade. Assim, a qualidade da água e as diretrizes de tratamento para as cervejarias refletem estratégias de controle de sólidos, patógenos, matéria orgânica e químicos. Essas diretrizes são consistentes com os elementos críticos dos padrões de segurança alimentar e dos padrões municipais de água potável.

Desde o lançamento do Programa de Água Não Potável, a SFPUC assumiu a liderança em um esforço nacional para avançar no campo da reutilização de água no local. Trabalhando com parceiros como a Water Research Foundation e a US Water Alliance, a SFPUC convocou um grupo diversificado de empresas do setor público, municípios e departamentos de saúde pública de toda a América do Norte para enfrentar os desafios à adoção generalizada da reutilização de água onsite. Apesar da ampla gama de benefícios, a adoção desses sistemas foi limitada por barreiras políticas e regulatórias. Primeiro, há uma atual falta de padrões nacionais de qualidade da água para esses sistemas. Em segundo lugar, as comunidades carecem de orientação sobre como estabelecer programas de supervisão e gestão.

Sob a condução da SFPUC, líderes de serviços públicos e agências de saúde de todo os EUA, incluindo Califórnia, Nova York, Havaí, Oregon, Minnesota e Washington, se reuniram para abordar a necessidade da criação de padrões consistentes de qualidade da água de estado para estado. Esses esforços culminaram na publicação do Risk-Based Framework for the Development of Public Health Guidance for Decentralized Non-Potable Water Systems, financiado e patrocinado pela Water Environment & Reuse Foundation. O relatório utilizou a modelagem quantitativa de avaliação microbiana de riscos preponderantes (QMRA) para desenvolver metas de redução de log baseadas em desempenho para o tratamento de patógenos, com base nos possíveis riscos à saúde associados à sua exposição. Um painel consultivo independente de especialistas técnicos nas áreas de avaliação de riscos, microbiologia e normas e padrões de qualidade da água preparou a estrutura baseada em riscos preponderantes com os objetivos de avaliar os padrões existentes de qualidade de água para fontes alternativas, desenvolvendo recomendações para ajudar os reguladores a implementar supervisão e programas de gestão e estabelecimento de padrões uniformes entre os estados. Esta abordagem baseada nos parâmetros de riscos preponderantes é considerada a mais abrangente e protetora da saúde pública.

Em 2016, a National Blue Ribbon Commission for Onsite Non-potable Water Systems foi formada para promover as melhores práticas de gestão e conduzir pesquisas para apoiar o uso de sistemas de água onsite. A Comissão é composta por 36 representantes de agências de saúde pública, água e águas residuais e é o resultado de mais de quatro anos de trabalho liderados pela SFPUC, US Water Alliance e a Water Research Foundation.

A National Blue Ribbon Commission desenvolveu ferramentas adicionais para incentivar a reutilização onsite como uma estratégia eficaz no planejamento de recursos hídricos e resiliência a longo prazo. A Comissão divulgou recentemente o relatório Making the Utility Case for Onsite Non-potable Water Systems para inspirar as empresas de água e esgoto e agências governamentais locais a considerar a incorporação de sistemas descentralizados de água não potável em seus recursos hídricos e seu consequente planejamento no longo prazo. O documento fornece estudos de caso e destaca os benefícios dos sistemas de água onsite nas comunidades em todo os EUA. O documento também oferece soluções para os desafios que as concessionárias enfrentam com esses sistemas de água.

Com base nesta pesquisa abrangente e no trabalho que foi concluído pela SFPUC, a legislação para sistemas de água não potável onsite foi introduzida no início deste ano a fim de estabelecer regulamentos estaduais na Califórnia por meio do Projeto de Lei do Senado 966 (SB 966). Escrito pelo senador Scott Wiener e patrocinado pelo SFPUC, o SB 966 orienta o Conselho Estadual de Controle de Recursos Hídricos a estabelecer padrões de qualidade de água baseados em parâmetros de riscos preponderantes para sistemas de água não potável onsite, bem como critérios de monitoramento, relatórios, notificações, informações públicas, requisitos e controles de conexão cruzada. Este projeto de lei está cultivando uma mudança no pensamento sobre como proteger melhor a saúde pública por meio da adoção de padrões de qualidade de água baseados nos riscos preponderantes, que são considerados os mais protetores e avançados.

Embora esses esforços representem um passo significativo para simplificar as abordagens regulatórias, a National Blue Ribbon Commission identificou uma necessidade adicional de instrução e treinamento para as jurisdições locais e suas partes interessadas em traduzirem a orientação de saúde pública baseada em riscos preponderantes no projeto, operação e regulamentação eficazes de sistemas de água não potável onsite. No próximo ano, a Comissão desenvolverá um manual que abordará esses temas. O objetivo desse material será o de educar as partes interessadas sobre os requisitos necessários para o tratamento e monitoramento além de fornecer ​​orientações e materiais de treinamento que possam ser adaptados e implementados por jurisdições que buscam efetivar um programa de água não potável onsite.

O futuro exigirá que todos nós respondamos de maneira diferente de como no passado. Todos seremos confrontados com a criação de novas soluções para novos desafios que afetam a infraestrutura de água e esgoto. Os sistemas de água não potável onsite apresentam uma oportunidade de melhorar nossos atuais sistemas e aumentar nossa capacidade de sermos mais resilientes no futuro.

Fonte: Water Online, adaptado por Portal Saneamento Básico

Traduzido por Pedro Carvalho Oliveira

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