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Como analistas de mercado veem incorporação do Jequitinhonha ao bloco da Copasa, em PL aprovado na ALMG

Como analistas de mercado veem incorporação do Jequitinhonha ao bloco da Copasa, em PL aprovado na ALMG

Região de maior vulnerabilidade do estado será integrada à unidade regional mais rentável, possibilitando subsídio cruzado

Analistas de mercado viram com bons olhos a integração do Bloco de Referência do Vale do Jequitinhonha ao bloco dos municípios atendidos pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). O entendimento é que permitir o uso do recurso gerado nas localidades mais rentáveis para sustentar a operação e os altos custos de investimento na região mais vulnerável eleva o equilíbrio financeiro e a previsibilidade de um possível comprador da estatal.

A mudança foi incluída por emenda ao Projeto de Lei 3.739/2025, aprovado em 2º turno pelos deputados estaduais na quarta-feira (10), e altera a configuração regional que orientará a prestação dos serviços de saneamento no estado.

O texto aprovado reorganiza o saneamento básico em Minas em conformidade com o Novo Marco do Saneamento (Lei Federal 14.026 de 2020) em blocos regionalizados. Além disso, redefine atribuições da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae-MG).

A emenda, assinada pelos 77 deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), reduz de quatro para três as Unidades Regionais de Abastecimento, Esgotamento Sanitário e Drenagem Urbana (Uraeds) e inclui os municípios atendidos pela Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S.A. (Copanor) na Uraed 1, que reúne cidades atendidas pela Copasa, incluindo municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Subsídio cruzado

A unificação, segundo interlocutores do setor, garante o equilíbrio econômico dos contratos ao permitir o subsídio cruzado. Nesse modelo, a receita gerada nas localidades com maior capacidade de pagamento garante a operação nas áreas com menor escala e maior custo de investimento.

A avaliação é que esse modelo reduz o risco de tarifas descoladas da realidade nos municípios do Vale do Jequitinhonha, onde o custo por ligação é mais alto.

A mudança tem impacto direto no debate sobre a possível privatização da Copasa. Integrar os municípios do Vale do Jequitinhonha ao bloco mais robusto tende a reduzir incertezas para potenciais compradores e aumenta a previsibilidade sobre o fluxo de receitas e investimentos.

Para o governo, que defende a desestatização como forma de arcar com o pagamento das contrapartidas do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), a medida pode ser considerada estratégica. A oposição, por sua vez, sustenta que o novo modelo tende a segurar a pressão das tarifas no Jequitinhonha.

Planejamento colegiado

As Uraeds terão um colegiado responsável por decisões sobre planejamento, contratações e execução das políticas de saneamento. As votações internas seguirão pesos pré-definidos no PL.

Na Uraed 1, o Estado terá 40% dos votos e os municípios terão 60%, proporcionais à população de cada cidade. Na Uraed 2 e na Uraed 3, o Estado terá 30% dos votos e os municípios terão 70%. O formato atende às exigências de governança interfederativa previstas na legislação federal.

Gestão de resíduos sólidos

O projeto também cria 26 Unidades Regionais de Gestão de Resíduos Sólidos (URGRs). Elas foram estruturadas com base nos consórcios que já atuam no estado e incorporam municípios não consorciados para garantir escala mínima de operação.

Fundo de saneamento

O Projeto de Lei 3.739 institui, ainda, o Fundo Estadual de Saneamento Básico de Minas Gerais (Funesb-MG). O fundo receberá 4,5% dos recursos destinados ao estado por meio do Fundo de Equalização Federativa (FEF), previsto no Propag.

O governo estima a possibilidade de destinar até R$ 250 milhões ao fundo, valor condicionado à privatização da Copasa.

Fonte: O FATOR


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