saneamento basico
Marco do Saneamento Projetos

Obras prometem livrar Baía de Guanabara do despejo de 18 mil litros de esgoto por segundo

Obras na Baía de Guanabara

Gilberto Alves, presidente da Colônia de Pescadores Z-8 (Niterói/São Gonçalo) começou na profissão ainda criança. Ele é do tempo em que se encontravam, na Baía de Guanabara, bagre amarelo, roncador, arraias chita e ticonha, além do cação bico-doce. Espécies que, segundo Alves, desapareceram, sobretudo por conta da poluição e do lixo. Aos 73 anos, ele ainda tem esperanças de que o quadro mude.

A Secretaria do Ambiente e Sustentabilidade entrega as licenças ambientais para a concessionária Águas do Rio poder iniciar, em cerca de 30 dias, a implantação de um cinturão de tempo seco.

O secretário Thiago Pampolha acredita que, ao fim dessas obras, previstas para serem executadas em três anos e meio, e outras que estão sendo feitas pelo estado, deixem de entrar na baía, em dias sem chuva, 18 mil litros de esgoto in natura por segundo.

— Vamos tirar tudo, 100% do esgoto difuso que vem das redes pluviais em tempo seco. Em dias de chuva, esse sistema vaza. Mas, ainda na chuva, terá capacidade de segurar bastante — diz Pampolha.

Em boa parte da Região Metropolitana do Rio, não existe rede de esgoto. Os dejetos acabam sendo lançados em tubulações que deveriam receber apenas água de chuva, e que desembocam em rios e canais, antes de irem para a baía.

LEIA TAMBÉM: ‘Pantanal Fluminense’ reúne fauna e flora ricas no ponto mais preservado da Baía de Guanabara

Previsão em contrato

As futuras obras dos coletores de tempo seco fazem parte do contrato de concessão, firmado em agosto de 2021, com a Águas do Rio, que assumiu os serviços de água e esgoto em 27 cidades fluminenses, incluindo 124 bairros no Centro e nas Zonas Sul e Norte da capital.

O cinturão da Baía vai custar R$ 2,7 bilhões.

O modelo é semelhante ao implantado na Lagoa de Araruama, que abrange seis municípios da Região dos Lagos: Arraial do Cabo, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Araruama e Saquarema.

Numa próxima etapa, a concessionária deverá instalar tubulações separadas para esgoto e água nos 17 municípios que fazem parte da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabana. O prazo para isso, porém, é longo: 12 anos.

Limpeza na Baía

O pescador Gilberto Alves sonha com uma baía mais limpa. E lembra que, para isso, é preciso também cuidar do lixo e fiscalizar os navios que lavam o fundo de seus cascos e jogam óleo no mar, além dos aterros clandestinos.

— Nós, pescadores, estamos lutando por uma baía mais limpa. Com o apoio das prefeituras de São Gonçalo e Magé, retiramos, em um ano 500 toneladas de lixo — conta ele. — Já temos encontrado muito camarão. E ainda pescada branca e amarela e robalo, encostados nos camarões, porque fazem parte da cadeia alimentar deles.

Grades para conter lixo
Pampolha explica que o lixo lançado nas galerias de águas pluviais ficará preso em grades no sistema de coletores que será implantado:

— Na rede de água de chuva passa esgoto e lixo. Serão feitos mecanismos de gradeamento para segurar esse lixo. Mas grande parte do assoreamento no espelho d’água da baía é de lodo, um passivo ambiental. Claro, com o tempo, esse sedimento vai sendo trocado com a renovação da água. A cada 12 dias, 50% da água da baía são trocados, através do canal de interligação com o Oceano Atlântico. Com a queda do assoreamento, vai começar o processo reverso da natureza.

Segundo a Águas do Rio, o cinturão prevê a instalação de coletores (espécies de caixas) em 120 pontos ao redor da Baía de Guanabara, no entroncamento com galerias de águas pluviais. O sistema prevê ainda 47 quilômetros de tubulações, que se interligarão a elevatórias. Estas bombearão o esgoto para oito estações de tratamento (90%) ou para o emissário submarino de Ipanema.

LEIA TAMBÉM: RJ perde R$ 31 bi com poluição na Baía de Guanabara

Em sua fase inicial, o trabalho terá algumas frentes, afirma o secretário do Ambiente. Mas, conforme Pampolha, começará por áreas onde não haja casas — e, portanto, sejam necessários reassentamentos — nem problemas de segurança.

Quanto às obras paralelas, estas feitas pelo estado, que também contribuirão para impedir que esgoto chegue à Baía de Guanabara, o secretário cita o tronco coletor de esgoto de Manguinhos, que será dragado para a ETE Alegria e inaugurado este mês. No ano que vem, será concluído o tronco coletor de esgoto do Faria-Timbó. Juntos, os dois somam 2,5 mil litros dos 18 mil lançados hoje na baía.

Novas obras também beneficiarão lagoas de Barra e Jacarepaguá

Não serão apenas municípios no entorno da Baía de Guanabara que receberão coletores de tempo seco. Também hoje a concessionária Iguá, que atende a Baixada de Jacarepaguá, receberá licença ambiental para implantar o sistema em uma microbacia e uma das cinco bacias da região.

Nesse primeira etapa, que começará em setembro e tem previsão de duração de 18 meses, serão instalados 26 pontos de captação, no Canal das Taxas (microbacia) no rio Arroio Fundo, 2,5 quilômetros de rede e duas estações elevatórias.

Com isso, 170 litros por segundo de esgoto, em média, que hoje acabam em rios e lagoas da região serão direcionados para a ETE da Barra da Tijuca.

Ao todo serão beneficiadas cinco bacias da região, com investimento de R$ 126 milhões, previsto no contrato de concessão. São obras para cinco anos.

— Antes dessas obras, com as intervenções que já fizemos, a ETE da Barra está tratando 30% a mais de esgoto do que antes da concessão — conta o diretor-presidente da Iguá, Eduardo Dantas

Mas o secretário do Ambiente, Thiago Pampolha, quer dar um voo mais alto do que o previsto no contrato com a Iguá. Está negociando trocar parte da outorga (valor que o governo tem a receber pela concessão) pela ampliação dos serviços para despoluir as lagoas de Barra e Jacarepaguá (Tijuca, Jacarepaguá, Marapendi e Camorin), fixado em R$ 250 milhões pelo contrato. O novo projeto ainda está sendo orçado e desenhado, mas é estimado em R$ 1 bilhão.

O projeto que o estado pretende que seja executado prevê a construção de estruturas de pedra, mar adentro na saída dos canais da Joatinga e de Marapendi, para facilitar a troca hídrica entre o oceano e as lagoas, independentemente da maré. Com o maior aporte de recursos, o secretário quer ainda que o projeto de dragagem contemple todas as lagoas:

— A dragagem prevista é superficial, sendo construídos canais de navegação de dois a três metros de profundidade para facilitar a circulação da água.

Fonte: Extra.

Últimas Notícias:
Embrapa Saneamento Rural

Balanço Social da Embrapa destaca ações em saneamento básico rural

As ações desenvolvidas pela Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) e parceiros em saneamento básico rural estão entre os nove casos de sucesso do Balanço Social da Embrapa 2023, que será apresentado na quinta-feira (25), a partir das 10 horas, em Brasília, na solenidade em comemoração aos 51 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Leia mais »