Os brasileiros podem voltar a reviver cenas de 2001, quando aconteceu o racionamento de energia. Segundo especialistas do setor, as chances do consumo de energia ser restrito tem grandes chances de acontecer neste ano. “Se não chover 80% da média histórica para o resto do ano, teremos racionamento entre setembro e outubro deste ano”, observa o professor de MBA em setor elétrico da FGV/IBS, Franklin Miguel. Na primeira quinzena de maço, choveu apenas 30% da média histórica para o período.
Ele afirma que a curto prazo não há muito a ser feito. “Estamos dependendo da sorte”, observa. Além da seca, que fez com que os reservatórios ficassem abaixo de sua capacidade, Miguel observa que o consumo em alta está colaborando para a situação nada confortável para os próximos meses no que se refere ao fornecimento de energia. Ele ressalta que no primeiro mês de 2014 frente janeiro do ano passado, o incremento no consumo de energia do brasileiro foi de 10%. O mesmo aconteceu em fevereiro frente igual mês de 2013, com alta de 7%. “Com o calor, o consumidor usou mais o ar-condicionado e ventiladores”, diz. O professor ressalta que o incremento é bem superior à média anual, que varia de 4,5% a 5%.
Outro problema é que parte dos projetos de geração está em atraso. “Só de 60% a 70% dos novos projetos entram em operação a cada ano. Ou seja, convivemos com um déficit de 30% a 40% por causa dos atrasos”, diz. Para ele, o ideal em termo de grande produção de energia são as usinas hidráulicas com reservatórios, que levam em torno de cinco anos para serem viabilizadas. “As térmicas são mais rápidas, de 12 a 18 meses, só que mais caras. As eólicas e solares demoram 12 meses”, observa.
O consultor de energia elétrica Rafael Herzberg também aposta que o racionamento é quase que inevitável em 2014. “Estamos com um abacaxi a curto prazo. O governo está escondendo o problema esperando um milagre, que é a chuva. Os reservatórios do jeito que estão só irão durar mais alguns meses”, observa. O consultor técnico da Loja Elétrica, Herbert Abreu, não descarta o racionamento de energia. “Estamos dependentes da água da chuva”.
Térmicas
Contratos. Numa situação emergencial, Franklin Miguel diz que 5 gigawatts das térmicas já resolveria o problema. O ideal é que sejam contratados por ano de 10 a 12 GW.
Realista
“O fato é que o risco de racionamento é alto no país. A situação é mais crítica do que o governo fala. Neste ano, estamos dependentes de são Pedro, pois as térmicas já estão praticamente no total de sua capacidade. Para se construir usinas, leva-se tempo. Emergencialmente, o problema poderia ser resolvido de 12 a 18 meses”
Fonte: O Tempo
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