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O uso do plástico e seu descarte correto

Entre os inúmeros resíduos descartados irregularmente no meio ambiente, o plástico se destaca como um dos grandes vilões do meio ambiente. Ele é matéria prima de um grande volume de produtos, e apresenta uma enorme quantidade de descarte pós-consumo, o que causa um impacto ambiental em todo o mundo.

Em 2010 a produção mundial de plástico chegou aos 265 milhões de toneladas. E o plástico não é biodegradável e pode causar danos à saúde da população e dos animais, já que possuem aditivos e químicos na sua fabricação.

Mas existem razões para o uso contínuo e cada vez maior do plástico. Ele é feito a partir do petróleo, que é um material bastante explorado no mundo todo, ele é barato, durável, leve e versátil, que podem ser usados nos setores de embalagens, construção civil, eletrônicos e outros.

Os plásticos podem até diminuir o consumo energético e as emissões de gases de efeito estufa de diversas formas e podem ainda ser usados em sistemas de geração de energia solar e fotovoltaica.

No entanto, esse material que pode ser tão útil, causa um grande estrago no meio ambiente se não for descartado adequadamente.

O que acontece ainda é que esses resíduos são enviados para lixões, aterros ou disposto irregularmente no ambiente, colocando a vida e a saúde da população em risco. As políticas públicas e a legislação têm incentivado a reciclagem mecânica, e tem surtido bastante efeito principalmente na Europa e Estados Unidos.

No Brasil ainda estamos dando passos lentos, mas já há sinal de melhora desde o surgimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010.

Existem, porém, mais tipos de reciclagem, como a química e a energética, que devem ser usadas de acordo com o material do plástico, tipos de resina, grau de mistura de polímeros e da limpeza, e levar em consideração até a verba disponível para o processo.

Esses tipos de reciclagem devem ser usados complementarmente, de acordo com sua adequação. O governo deve incentivar e adotar medidas regulatórias para que isso ocorra.

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É essencial projetos que destaquem a importância da gestão e disposição dos resíduos plásticos, como aconteceu na União Europeia, com a criação de programas como o Ação Ambiental e o REACH.

O Brasil ainda enfrenta problemas quanto a gestão inadequada de resíduos sólidos. Além da PNRS, que incentiva a reciclagem, é preciso outras ações governamentais dos estados e municípios e a colaboração das indústrias. Aqui a principal forma de reciclagem é a mecânica, devido aos custos e pela sua importância social, já que emprega milhares de catadores e sucateiros por todo território.

Mas eu aconselharia as autoridades a investir em novos métodos de reciclagem, para que uma maior quantidade de plásticos possa ser reciclada, aumentando a eficácia do processo.

O uso da logística reversa promete uma mudança no cenário brasileiro, promovendo a valorização econômica, ambiental e social do plástico pós-consumo, e priorizando formas de recuperação do material.

Precisamos entender que apesar dos benefícios do uso do plástico, ainda é preciso melhorar as formas de atuação do ciclo de sua produção e descarte. Sendo um caso de saúde pública, cidadãos, governo e indústrias devem agir em conjunto e cada um deve ficar atento ao seu papel.

Cabe ao cidadão ficar atento a práticas adequadas de uso e disposição de plásticos, reciclando sempre que possível. Às indústrias cabe repensar todo seu processo de produção e de rever suas responsabilidades. É preciso reduzir o material usado, pensar em um design mais ambientalmente correto, que facilite o reuso e reciclagem.

E o governo deve traçar metas de uso e descarte de resíduos sólidos e principalmente do plástico, moldando sua legislação de acordo com as possibilidades e a realidade brasileira, mas que ainda avance e estimule ações, pesquisas acadêmicas e desenvolvimento tecnológico.

*Hiram Sartori é Engenheiro Sanitarista, possui doutorado em Engenharia Civil e atua como consultor e professor do Ensino Superior.

Site: hiramsartori.com.br
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