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Como o turismo sustentável pode contribuir para melhorias no saneamento básico

A ONU declarou este ano de 2017, o Ano Internacional do Turismo Sustentável.

A Agência Mundial do Turismo afirmou que este título deve estimular a criação de novos roteiros de ecoturismo e a aproximação de turistas com a natureza. Esta decisão tem grande peso não só para um turismo mais sustentável, mas também um ganho social, econômico e de saúde para as regiões turísticas do mundo.

Segundo a ONU, existe “a importância do turismo internacional e, em particular, a designação de um ano internacional de turismo sustentável para o desenvolvimento, para promover uma melhor compreensão entre os povos em todo o mundo, levando a uma maior conscientização sobre o rico patrimônio das diversas civilizações”.

Gestão sustentável da água e saneamento para todos

Um dos vários objetivos deste marco é assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. De fato, precisamos de programas e incentivos para o desenvolvimento e preservação desses locais visados. E um dos setores mais prejudicados nesse quesito é o saneamento básico, que tem alta taxa de retorno em investimento, mas tem tido melhoras mínimas no Brasil. O país sofre com esgotos sendo despejados no mar, prejudicando a saúde pública e o turismo.

Segundo o Instituto Trata Brasil, se o serviço de saneamento básico no Brasil fosse universalizado, o país teria um ganho de 7 bilhões de reais. Em estudo sobre a região Nordeste foi revelado que os estados lucrariam muito mais e gerariam empregos se o saneamento básico atingisse mais pessoas.

O Nordeste é conhecido pelas suas belas praias, mas inúmeras estão impróprias para banhos, causando um prejuízo enorme. Para se ter uma ideia, o Rio Grande do Norte poderia arrecadar cerca de 199 bilhões com a universalização do saneamento básico e ainda gerar mais de 18 mil empregos. Está claro que o saneamento básico é um problema econômico, social, assim como ambiental.

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Além do rendimento com turismo, a falta de saneamento causa um prejuízo muito grande no setor da saúde. Em 2013, por exemplo, houveram 2.745 internações em cidades ao redor da Baía da Guanabara por infecções gastrointestinais, vindos de áreas populosas e com menos de 50% de cobertura de esgoto tratado. Além de despesas de saúde, há uma redução da produtividade do trabalhador e uma deficiência no rendimento das crianças na escola.

Doenças

Um dos fatores que afastou os turistas do Brasil nos últimos anos, e pôs um alerta vermelho no Rio de Janeiro no período das Olimpíadas, em 2016, foi a epidemia de doenças como a dengue e a zika. Essas doenças transmitidas por vetores, como o Aede argypti, é um problema essencialmente de saneamento básico. É um problema urgentíssimo, mas que só tende a piorar com as elevações da temperatura causadas pelo aquecimento global.

Apenas a dengue causou perdas na economia de 1,5 bilhão entre 2007 e 2016, isso sem mencionar outras doenças causadas pela falta de saneamento. De acordo com a OMS, 95% dos casos de dengue podem ser evitados desde que haja investimentos em saneamento. A priorização destes serviços pode evitar uma epidemia que afeta toda América Latina, além de evitar outros problemas de saúde pública.

O tratamento de esgoto é garantido constitucionalmente. A decisão da ONU de pôr um foco no turismo sustentável é importante porque pode ajudar no desenvolvimento dos países. O fato é que os investimentos em turismo não cobrem melhorias com saneamento básico, já que locais com grande potencial turístico apresentam sub investimento na área. É uma grande oportunidade para que o turismo sustentável contribua para o desenvolvimento e se tornar um catalisador para mudanças positivas no mundo.

*Hiram Sartori é Engenheiro Sanitarista, possui doutorado em Engenharia Civil e atua como consultor e professor do Ensino Superior.

Site: hiramsartori.com.br
Twitter: @hiram_sartori
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