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Corsan faz 50 anos com foco na coleta de esgoto

Atendendo 316 dos 497 municípios do Estado, o que representa uma cobertura de mais de seis milhões de pessoas, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) completa 50 anos hoje. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, o diretor-presidente, Flávio Ferreira Presser, destaca a importância da água potável e do tratamento de esgoto para a população, ressaltando também os desafios para que o atendimento chegue a integralidade. Atualmente, a companhia faz a coleta de apenas 12,28% do esgoto nas localidades que atende. A meta é, em 2030, estar com 70% de cobertura efetiva na área. Para isso, precisará investir R$ 10 bilhões no período.
Jornal do Comércio – Como o senhor avalia a importância da atuação da Corsan nestas cinco décadas?
Flávio Ferreira Presser – A Corsan começou a funcionar na década de 1960 e havia uma grande demanda por serviços. Entre 1970 e 1980, os financiamentos de maior valor foram feitos para custar as obras necessárias e isso teve impactos muito positivos nos indicadores sociais, como a redução pela metade da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida. A Organização das Nações Unidos (ONU) diz que, para cada R$ 1,00 investido em saneamento, se economiza R$ 4,00 na saúde. Temos ainda os problemas ambientais trazidos pela insuficiência da infraestrutura, principalmente de esgoto sanitário, que contamina os mananciais. Nestas décadas, a Corsan deu prioridade à água potável, com 99% de atendimento. Ainda temos um déficit muito grande na parte do esgoto, pois não tivemos condições de investimento nas duas áreas. Neste último setor, temos apenas 12,28% de coleta.
JC – Quais as metas da companhia para os próximos anos na área mais deficitária, que é o esgoto?
Presser – Os 100%, segundo meta do Plano Nacional de Saneamento Básico, deveriam ser atingidos em 2033. Entretanto, se percebe que só será conseguido em 2043, até por conta da crise que está acontecendo na esfera federal. Isso porque as grandes fontes de financiamento são do governo federal. A meta da Corsan é, até 2019, chegar a 30% de coleta e tratamento. E, até 2030, a 70% de população efetivamente atendida, com ligação em redes. Existe sempre um percentual de domicílios que, apesar da rede de esgoto passar na rua, não estão ligados a ela. Para que isso aconteça, precisamos investir R$ 10 bilhões só na área de esgoto sanitário. Até o fim do primeiro semestre, investiremos R$ 320 milhões por meio de licitação.
JC- Quais regiões requerem o maior aporte de investimento?
Presser – Nossos esforços hoje estão concentrados na Região Metropolitana, pois tem a maior concentração de pessoas, e o potencial poluidor é maior, com três dos dez rios mais poluídos do Estado (Caí, Gravataí e Sinos). Outra regiões são os litorais Sul e Norte, porque têm uma fragilidade ecológica muito grande. De um lado, temos o mar, e do outro, uma linha de lagoas. Precisamos, então, ter cuidado com a questão do esgoto sanitário. Outras cidades maiores demandam investimentos mais imediatos, como Santa Maria, Passo Fundo, Santo Ângelo e Ijuí. Nós estamos também buscando financiamento internacional junto ao BID, na área da segurança hídrica, que garante o provimento suficiente da água potável em períodos longos de restrições de uso. Precisamos de verba para a construção de novas Estações de Tratamento de Água e sistemas de captação e adução na Região Metropolitana e na Serra e também na região de Santa Cruz do Sul.
JC – Um dos grandes problemas nos sistemas de abastecimento de água são as perdas hídricas. Qual o percentual de perda da Corsan?
Presser – Ao reduzir as perdas, se garante mais oferta de água. Elas têm relação normalmente com vazamentos. O nosso percentual é de 37%, bem próximo do nacional. Contudo, aí estão incluídas também as lavagens nas canalizações após consertos, abrindo os hidrantes.
JC – A crise que o Estado vem enfrentando tem prejudicado os investimentos da companhia?
Presser – Não. Tivemos, no último ano, um lucro líquido de R$ 163 milhões. A companhia está bem equilibrada. Se pegarmos uma média de R$ 150 milhões por ano, nos próximos 14 anos teremos R$ 2,1 bilhões de recursos próprios para investir.
JC – Qual o impacto dos Planos de Saneamento Básico dos municípios nos investimentos da Corsan?
Presser – Os serviços agora são de titularidade municipal, o que significa ser de interesse local. Nos planos que estão sendo feitos, a maior necessidade é na área de esgoto, pois a estrutura de água potável está praticamente pronta. A sociedade, cada vez mais, se conscientiza da importância disso e cobra a prestação dos serviços. Os prefeitos precisam atender a esses reclames e também às pressões dos órgãos de controle. Assim, os planos buscam acelerar os investimentos, e boa parte é prevista em imediato e curto prazo. Fizemos um levantamento na Região Metropolitana, e o resultado foi que 61% dos investimentos necessário devem ser aplicados nos próximos cinco anos. E isso parte da Corsan. Costumo dizer que o “a longo prazo” já chegou. Somente para os nove maiores municípios da região, estamos estudando uma parceria público-privada para dar o aporte de R$ 1,2 bilhão necessários, além de outros recursos próprios e financiamentos. Com isso, essas cidades teriam a coleta e o tratamento de esgoto universalizados.
JC – Existe alguma possibilidade de privatização da Corsan?
Presser – Neste governo, não existe. Essa não é a nossa intenção, exatamente porque temos sustentabilidade.
Fonte: JC
Foto: GIOVANNA K. FOLCHINI/JC
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