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MT: ‘Quem nos melhora é a derrota’

Quatro anos longe da vida pública, após deixar a prefeitura de Cuiabá para se aventurar em uma eleição para o governo do Estado, o ex-prefeito Wilson Santos (PSDB) está de volta à Assembleia Legislativa.

O tucano acredita que a população do Estado, especialmente a de Cuiabá, lhe deu uma segunda chance. Wilson diz que já pagou pelo erro de ter deixado a prefeitura no meio do mandato e se aventurar numa disputa pelo governo, na qual amargou o terceiro lugar.

Para o tucano, Cuiabá sempre soube reconhecer os feitos de seus seis anos de mandato e agora o presenteou com uma das vagas no Legislativo estadual.

Wilson foi eleito com 20.562 votos e já se consolida como uma das fortes lideranças em defesa do nome do governador eleito Pedro Taques (PDT) no Parlamento a partir doa ano que vem.

Sua primeira missão em prol do grupo que elegeu Taques é trabalhar pela eleição da mesa diretora da AL. O novo grupo governista quer o comando da Mesa do Legislativo. Mas, para isso, precisa de mais dois votos favoráveis ao grupo. Wilson é o responsável por essa interlocução.

DIÁRIO – O senhor retorna à vida pública depois de quatro anos. O que fez neste período?

Wilson Santos – Isso não é comum. Desde 1988, eu sou o primeiro ex-prefeito da Capital que consegue retornar à vida pública. Porque de 1989 a 92 tivemos Frederico Campos como prefeito. Em 94, ele saiu a [deputado] estadual e perdeu. Depois, de 1997 a 2004 teve o [Roberto] França (DEM), que saiu a estadual e perdeu. Agora o Galindo, o Francisco Galindo (PTB), através do filho dele [Neto Galindo], saiu a estadual e perdeu. Então eu tenho que valorizar essa vitória.

Neste período, eu fiquei cinco meses em Portugal, em Coimbra. Fiz uma pós-graduação na Faculdade de Direito da histórica Universidade de Coimbra, em estudos europeus, uma área ligada à história, sociologia e economia. Foi muito importante para a minha formação.

Retornei a Mato Grosso em junho de 2011 e permaneci aqui. Sou conselheiro da Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), em uma das suas subsidiárias que é a Taesa [Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.], com sede no Rio de Janeiro e sou do conselho administrativo da Taesa, por indicação da Cemig.

Montei um escritório de assessoria, onde assessoro várias prefeituras de capitais Brasil afora. Também voltei a lecionar. Leciono hoje em cursos de pós-graduações da FAAP em São Paulo, em Cuiabá para cursos preparatórios para concursos públicos, menos no Cuiabá Vest, que eu criei. Lecionei oito anos e estou impedido de lecionar no cursinho preparatório da prefeitura.

DIÁRIO – Dias atrás o senhor disse que algumas promessas de Taques seriam difíceis de colocar em prática. Por quê?

Wilson – O Taques é muito inteligente. Ele tem uma inteligência acima da média. Eu convivi com vários líderes estaduais como Padre Pombo, Carlos Bezerra, Júlio Campos, Dante de Oliveira, Jayme Campos, Antero Paes de Barros e Blairo Maggi. Eu convivi intimamente com todos eles e posso dizer que o Pedro tem um nível de inteligência e cultural igual e superior ao desses.

O Pedro vai do erudito ao popular muito facilmente. Uma capacidade muito parecida com a de Dante e do Júlio, que na minha opinião são os dois mais experts. Ele tem um feeling muito apurado.

O que eu quis dizer foi: o Pedro precisa tomar cuidado porque eu acho que há um excesso de conhecimento jurídico que ele chega a detalhar leis, artigos, incisos e que nem todos eles serão cumpridos. Dois exemplos: o salário mínimo no Brasil, se for levar ao pé da letra da Constituição Federal de 1988, segundo o Dieese, teria que passar de R$ 3 mil. Nenhum presidente, seja o Aécio Neves (PSDB) ou a Dilma Rousseff (PT), conseguirá nos próximos quatro anos cumprir a lei. Em nível estadual a Constituição Estadual de 1989 estabelece que o duodécimo para a educação tem que ser de 35%, hoje é de 25%. Dificilmente, nos próximos quatro anos, o governador Pedro Taques conseguirá cumprir. Foi neste sentido. Esta legalidade é necessária, tem que ser feita. Mas, em quatro anos, é difícil se cumprir ao pé da letra o que estabelecem as constituições, leis ordinárias e complementares. Então, vamos devagar com o andor que o santo é de barro.

DIÁRIO – O que o senhor espera deste novo governo?

Wilson – Eu estou muito animado. Eu penso que neste momento Mato Grosso não está atrás de um grande tocador de obras como foram Júlio Campos e Dante de Oliveira. O Estado precisa de um homem que faça um freio de arrumação, para reestabelecer a moralidade na coisa pública, um governo que pare com a sangria dos serviços públicos e que devolva à sociedade um pouco de credibilidade nos homens públicos. Essa é a grande tarefa do Pedro.

Assim como Dom Aquino, de 1918 a 1922, tinha como grande tarefa construir a paz em Mato Grosso; assim como Júlio Muller, de 1937 a 1945, desempenhou o grande papel de consolidar Cuiabá como a capital do Estado; assim como Dante teve o grande mérito de reformar o papel do Estado mato-grossense, o papel do Pedro é resgatar a credibilidade através de uma gestão baseada na ética e na moral.

DIÁRIO – O senhor acha que é possível cortar o orçamento da Assembleia Legislativa sem comprometer os trabalhos?

Wilson – Mais do que possível, é necessário e um dever dos novos deputados e do poder Executivo. Estive na quinta-feira (9) com o prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), em seu gabinete. Ele me disse que tirando os recursos do PAC, o orçamento de Várzea Grande é de R$ 420 milhões, que é parecido com o da Assembleia Legislativa.

Veja que a sabedoria “pai d’égua” da mesa diretora da Assembleia é tanta, que além do orçamento literal que é aprovado na LOA eles ainda têm “N” suplementações e excessos de arrecadações que em alguns anos chegam a R$ 400 milhões. Então, é inadmissível, certo?! Inacreditável que para cuidar de apenas um quarteirão e de 24 bacanas deputados o povo de Mato Grosso tenha que depositar algo em torno de R$ 400 milhões ao ano. Isso é um absurdo, um escândalo.

Quando o Pedro afirma que precisa de recursos, uma das fontes, com certeza, será a redução do duodécimo da Assembleia. Se possível, de maneira negociada com o Parlamento mato-grossense.

DIÁRIO – O senhor tem pretensões de ser do governo na Assembleia Legislativa?

Wilson – A minha única pretensão é fazer um bom mandato e representar, de verdade, a população mato-grossense. Não sou candidato à mesa diretora: passei por lá oito anos e nunca disputei cargos. Já comuniquei o Grupo dos Onze que não sou candidato.

Quero ajudar o governador Pedro Taques a cumprir os seus compromissos de campanha e a população mato-grossense reconhecer em mim um parlamentar probo, honesto, contemporâneo, fazendo política com P maiúsculo.

DIÁRIO – O chamado G-11 segue unido para a eleição da mesa. É isso mesmo? O grupo conta com Wilson?

Wilson – Eu serei fiel, leal e transparente com o meu grupo. Defendo que o G-11 vença a mesa diretora. É importante que tenhamos a mesa diretora e, para isso, temos que ampliar o número de deputados. Tanto é que, nesta semana, eu já fiz uma conversa com a deputada Janaína Riva (PSD).

Os colegas me nomearam como uma espécie de secretário das reuniões junto com o deputado Oscar Bezerra (PSB).

Temos algumas ideias para mudanças no Legislativo. A primeira é reduzir o mandato da Mesa para apenas um ano, hoje são dois; impedir a reeleição de quem estiver no cargo de presidente e primeiro-secretário, de maneira que oito deputados comandem a Mesa nos próximos quatro anos. Isso é para evitar o surgimento de pessoas que sejam maiores que o Parlamento.

Queremos dar transparência total e diária a todos os atos da Assembleia; redução do duodécimo; emendas impositivas; fim dos excessos de arrecadações e distribuir aos demais cargos da Mesa atribuições e prerrogativas.

DIÁRIO – Qual seu foco neste novo mandato?

Wilson – Será a educação! Quero participar da comissão de educação, mas não tenho a vaidade de ser o presidente desta comissão. Ainda no primeiro semestre quero andar pelos municípios-polos para saber mais sobre a escola ciclada, onde dá certo, onde não dá. Há muitas reclamações de pais de que a escola ciclada no Estado não funciona.

Também vou lutar pela valorização do profissional da educação, não só salarialmente. Mas também dando condições de trabalho. Quero trabalhar para reconstruir o MT Vest, nos moldes do Cuiabá Vest, não da forma que ele foi criado, feito para alguns bacanas ganharem dinheiro.

DIÁRIO – Após quatro anos longe dos holofotes, o senhor esperava ser eleito?

Wilson – Esperava. Eu sempre tive certeza de que voltaria. Eu tive foco. Confiava nos serviços prestados.

DIÁRIO – Como acha que o cuiabano enxerga o senhor?

Wilson – Sempre soube que a sociedade cuiabana me vê como um filho que cometeu um erro grave e que precisava ser punido com rigor. Mas ela nunca deixou de gostar daquele filho. No primeiro momento em que sentisse um aprendizado que melhorasse, ela devolveria a confiança. Eu assumo, exclusivamente, a responsabilidade por esse erro de ter deixado a prefeitura de Cuiabá precipitadamente. Fiquei quatro anos no ostracismo e isso me levou a reflexões e avaliações muito duras. Eu aprendi muito com as derrotas. Coisas que as vitórias quase não ensinam nada.

A derrota ensina quando você é bem-intencionado. A vitória só envaidece, só embriaga, nos piora. Quem nos melhora é a derrota. Hoje, eu entendo que um político só se completa quando passa por uma derrota.

DIÁRIO – O senhor faz parte do mesmo grupo do prefeito Mauro Mendes, mas em 2008 disputou o comando da prefeitura com ele. Qual avaliação o senhor faz da gestão Mauro?

Wilson – Eu quero deixar essa avaliação pra mais pra frente.

DIÁRIO – O senhor teve a ideia de privatizar a Sanecap e depois desistiu. Depois o Galindo privatizou. Qual a sua avaliação do serviço prestado pela CAB Cuiabá?

Wilson – São vários momentos. Quando eu era parlamentar, eu era contra a privatização da Sanecap. Fiz campanha: “água é vida e vida não se vende”. No primeiro ano em que eu assumi o Executivo eu vi que a cidade não conseguia nem pagar salários.

Eu herdei uma cidade que há 11 anos não conseguia nem pagar salários em dia, o servidor vivia de CDC. Eu peguei 14,5 mil servidores em greve. Quando eu sentei do outro lado do balcão – e percebi que tinha que resolver a parada -, eu vi que não tinha capital para isso. Então eu decido fazer a terceirização.

Rodei o Brasil, conheci a experiência de Niterói, conheci a experiência de Campo Grande. Achei muito positivas, me preparei para fazer a concessão, quando houve o anúncio do PAC.

Com o anúncio do PAC e o surgimento de dinheiro, então eu recuei e mergulhei de cabeça no PAC. O programa foi totalmente politizado, fez com que meus adversários se unissem e bombardearam o PAC e o destruíram.

O Chico Galindo veio e optou pela concessão. Me consultou e eu dei o meu aval. Agora, realmente a CAB está deixando a desejar. Eu vou atuar firmemente na fiscalização. Há um contrato e a CAB vai cumprir este contrato, custe o que custar!

Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=460055

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