Análises apontam presença da substância no solo da antiga estação ferroviária do Ouro.
O Ministério Público Federal quer que a Prefeitura de Araraquara (SP) e a União providenciem a descontaminação do solo da região da antiga estação ferroviária do Ouro. Análises apontaram que a área esta contaminada com ascarel, um óleo que é tóxico e cancerígeno.
A água superficial das cisternas e águas profundas de poços artesianos também foram testadas, mas não apresentaram contaminação.
“Na água da cisterna e do poço artesiano foram encontrados óleos minerais e graxas, mas não óleo ascarel, mas no solo foi encontrado o ascarel”, afirmou o procurador da república, Rudson Coutinho da Silva.
Tóxico
A estação do Ouro fica na zona rural de Araraquara e foi inaugurada em 1897. O ascarel era usado para resfriar transformadores de energia elétrica instalados na substação elétrica, inaugurada tempos depois ao lado da ferrovia, e que abastecia a estação ferroviária de Araraquara.
Segundo o ambientalista Adalberto Cunha, este tipo de óleo não é mais utilizado, devido a sua alta toxicidade. A presença da substância no solo oferece risco para o aquífero Guarani, já que o local é uma área de recarga de um dos maiores reservatórios de água doce do mundo.
“Esse material pode contaminar a água e chegar até a gente por meio do lençol freático”, alertou.
Abandono
Para o MPF, houve abandono quando a estação foi desativada há mais de duas décadas.
“Depois que foi encerrado a atividade da subestação, esses transformadores ficaram abandonados e houve invasão, retirada de peças e fez com que esse olho vazasse”, afirmou Silva. “A ideia é que esta área contaminada seja protegida de modo que impeça o acesso para evitar a contaminação de moradores ou pessoas que passem pelo local.”
Cunha ainda salienta que também é preciso dar uma destinação correta aos transformadores que permanecem no local.
“Tem que fazer a retirada dos transformadores e dar a destinação correta e os óleos devem ser reciclados e destruídos”, afirmou o ambientalista.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), informou que já autuou a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) por não atender às exigências técnicas no local e que poderá fazer nova vistoria. Caso as irregularidades permaneçam, os responsáveis poderão ser novamente autuados.
Responsabilidade
Como a área é federal, mas está cedida ao município, tanto a União quanto a Prefeitura de Araraquara foram responsabilizadas. O procurador da república disse que o julgamento do caso será feito após ambas serem notificadas e apresentarem seus posicionamentos sobre a contaminação.
A Prefeitura de Araraquara informou que não recebeu intimação da Justiça Federal sobre o caso. O governo federal disse que não deveria ter sido citado na ação porque o município tem a guarda provisória da estação ferroviária e da subestação elétrica do Ouro desde 2010.