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Indústrias de beneficiamento de peças em jeans investem em reúso da água

A crise da água afeta não apenas diretamente o dia a dia das pessoas. A escassez de chuva também interfere na produção industrial, como em Toritama, no Agreste pernambucano. No município, há 74 empresas de beneficiamento de peças em jeans – calças, bermudas, shorts, saias, entre outros. Destas, 69 possuem sistema de reutilização da água, de acordo com a Associação Comercial e Industrial de Toritama (Acit). O G1 visitou alguns desses locais para mostrar como o reúso é feito e como a estiagem tem motivado a busca por tecnologias sustentáveis.

O empresário Edilson Tavares tem há 26 anos uma lavanderia – indústria de beneficiamento que tinge, desbota e dá “estilo” às peças em jeans. Há quase 16, ele implantou o sistema de reúso. “Quando nós começamos, eu fazia o reúso em torno de 20 a 25% do processo. Hoje, nós temos um volume que supera isso em três vezes. Então, temos um reúso acima de 70%. Nós só deixamos de reutilizar praticamente aquilo que evapora e não tem condições de ser reusado”, explica.

Segundo o empresário, a peça mais básica necessita de aproximadamente 18 litros de água. “O consumo médio por peça é de 49 litros. Eu já tive uma média de 120 litros de água por peça, porque os processos que eu tinha consumiam mais água. Então, parte das nossas estratégias é também identificar aqueles que têm menos água. E oferecer a nossos clientes. É como se a gente ajustasse a oferta à demanda”, diz.

Para Edilson, a dificuldade em lidar com a estiagem tem motivado a criar novas técnicas. “Com o tempo, a seca se prolonga, a escassez se torna maior. A cada ano, as estiagens se tornam ainda mais fortes. E tudo isso nos leva a desenvolver tecnologias mais avançadas. Quando a gente percebeu que reusar fazia muito bem, era algo que tinha um valor ambiental muito grande, mas também um valor econômico-financeiro”.

Além da viabilidade ambiental, o empresário destaca que reutilizar a água proporciona maior economia. “Hoje, o nosso sistema de reúso garante a sobrevivência da nossa empresa. É mais do que apenas um trabalho de sustentabilidade ambiental, é também de sustentabilidade econômica. Foi quando a gente se motivou a pesquisar, a desenvolver tecnologias, a aprofundar o conhecimento”, conta Tavares.

Por conta da escassez, serviços deixaram de ser oferecidos. “Alguns processos que consomem muita água, nessa época de crise, nós não estamos realizando. Às vezes, o cliente chega, solicita aquele acabamento e eu digo: ‘olha, por enquanto nós não estamos fazendo este tipo de processo'”, afirma Edilson.

Quanto menos água, mais produto químico é necessário para poder “dar o charme” às peças em jeans. “A gente trabalha com produto químico. Quando a água não tem boa qualidade, a gente gasta mais produto químico para poder beneficiar a roupa. Isso dificulta e aumenta o custo. Em relação à qualidade da roupa não mudou porque a gente toma todos os cuidados, gasta mais produto, investe mais para que a roupa continue com a qualidade que a gente tem”, detalha o empresário Ronaldo Silva, que é proprietário de uma lavanderia e de uma confecção – onde são produzidos os vestuários.

De acordo com Ronaldo, o valor que é investido a mais por conta das consequências da estiagem ainda não foi repassado para o consumidor. “O preço a gente não conseguiu passar para os clientes por conta da crise comercial. Já está ruim de vender. Se repassar um preço desse, a gente não vai vender”. O empresário informa que o aumento seria “em torno de R$ 3 a R$ 4 por peça”.

Etapas para reusar a água
Para o reúso nas lavanderias, primeiro a água passa pelo gradeamento, ou filtragem. Nesta etapa, é realizada a “limpeza pesada”. No segundo estágio, passa pelo tanque de equalização; a água suja fica com apenas uma característica (alguns processos de beneficiamento deixam o líquido com diferentes cores).

Já a transformação da água suja em água limpa ocorre em tanques de decantação, onde são retiradas as impurezas. Lá, um supervisor acompanha se as dosagens dos produtos químicos utilizados para a decantação estão corretas. O resíduo após esse processo é chamado de lodo têxtil.

O ciclo completo dura aproximadamente duas horas. Por dia, cerca de 300 mil litros passam pelo processo. Ainda assim, os empresários precisam buscar água bruta para “oxigenar” aquela reutilizada. Devido à falta de chuvas, a água bruta precisa ser captada em outros municípios. “Não há onde buscar água, [não há] reservatórios próximos onde você possa ir comprar. Não é uma questão de dinheiro, é uma questão de oferta. Por isso, eu sempre digo que nós precisamos ter um cuidado com relação à água porque quando ela falta, falta mesmo”, desabafa o empresário Edilson.

 

Fonte: G1

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