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Instalações hidráulicas; pesquisa cria solução acessível para a mistura de fluídos quentes e frios

Misturador Regulador de Fluxos: economia, acessibilidade, pesquisa, patente e os caminhos de um novo produto.

Entre tantos detalhes de um projeto residencial, um dos itens mais importantes e que menos concentra atenção, são questões hidrossanitárias. Por pontos econômicos e culturais, muitos projetistas que indicam soluções para a mistura de fluídos quentes e frios, tem seus projetos sabotados ao longo da obra. Muitos profissionais e usuários buscam a economia, entretanto evitar o desperdício de gás e água intensifica as ações sustentáveis.

Em 2019, uma pesquisa desenvolvida dentro do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil (mestrado), do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU), resultou na criação de produto inovador na área de instalações hidráulicas residenciais, que utilizam sistemas de aquecimento solar ou a gás. É o chamado Misturador Regulador de Fluxos. Após 01 ano da conclusão do projeto, conversamos com exclusividade com uma das idealizadoras, a Ms. Jeniffer Lopes Oliana, que explicou como nasceu a ideia, quais foram os percalços na criação da patente e que benefícios o MRF resulta para o mercado.

Como surgiu a ideia?

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Créditos: Jeniffer Oliana.

Segundo Jeniffer Oliana, os profissionais recém formados tem a iniciativa de indicar soluções as questões hidrossanitárias, porém, observam suas ideias serem rejeitadas:

“A gente enxerga um cenário engessado, principalmente na nossa cultura é que foi possível identificar esse diferente fluxo no projetos e quando tentamos corrigir, esse diferencial de fluxo com uma serpentina ou com redutor, isso era barrado direto com o cliente, o material era retirado no meio do caminho por outros profissionais que não entendiam a necessidade, exemplo: serpentina ou resistência.”, conta a engenheira.

O conceito surgiu da necessidade de apresentar um modelo acessível ao consumidor e que sanasse conflitos entre profissionais da obra.

Jeniffer cita a existência de habitações de interesse social em que essa “patologia” chegou a níveis mais extremos, gerando

queimaduras no corpo do usuário, resultado do desconhecimento da normalidade do sistema. Ela explica que muitos moradores se queixavam da dificuldade em dosar a água na hora do banho, por exemplo, em função da pressão entre a água fria e água quente.

A acessibilidade do produto se dá na forma como andou as pesquisas, é possível trocar uma peça do MRF, sem a necessidade de comprar uma peça nova.

“Muitas vezes o consumidor percebe que precisa trocar por outro chuveiro, sendo que somente uma peça pequena foi danificada.”, explica a Mestra, que o produto foi desenvolvido para que possa assim chegar a casas populares com conceito e qualidade.

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MRF chega ao mercado em 2023. Créditos: Jeniffer Oliana.

Na prática, o produto possui os princípios físicos de um monocomando, um dispositivo caro no mercado. Em estudos e simulações o custo de fabricação, superficialmente sairia para o público no máximo r$ 50,00 (cinquenta reais). Outro fator que resulta nessa economia é a redução do tempo de mistura.

Patente

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Altibano Ortenzi Júnior, Jeniffer Oliana e Mateus Nascimento Benek. Créditos: UEL.

Por tudo o que foi desenvolvido, a previsão para lançar o produto no mercado está cogitado para no máximo em três anos. Porém alguns fatores no momento de elaborar uma patente são essenciais para proteger o produto.

“Com relação ao desenvolvimento da patente aprendemos muita coisa, quanto mais complexo o produto, mais a gente precisa cuidar na hora de elaborar a patente. Os centros de pesquisas pensamos em questões técnicas: fluxo vazão, pressão, temperatura, mas, o que nós nunca aprendemos na vida é como elaborar um bom contrato que aborde o produto como um todo e defina ele bem para que ele possa ser assegurado como uma ideia particular.”, nos conta Jeniffer Oliana sobre os dois anos de estudo do MRF e aconselha aos pesquisadores e estudantes a se atentar as linhas e procurar o auxílio de uma advogado: “estudei tanto este assunto que acabei dando um curso sobre patentes, não sobre produtos, mas como você escreve os pormenores, as minúcias de contrato dentro de uma patente.” Define a engenheira.

Existem empresas interessadas em fabricar o produto, porém o objetivo do grupo composto por nossa entrevistada; Altibano Ortenzi Júnior, professor de engenharia civil na Uel; Jonas de Carvalho, professor de engenharia mecânica na USP, incentivador do projeto, participante da banca que disponibilizou as impressoras 3D para o estudo e ajudou a viabilizar a análise por elementos finitos e Mateus Nascimento Benek, aluno de iniciação cientifica (na época), hoje em dia está formado, obteve e título de engenheiro no início desse ano; é garantir que chegue da forma como foi projetado.

Sobre a patente, Jeniffer Oliana conta que o grupo já tem o protocolo de acesso em andamento e isso já assegura que assim que ela estiver liberada o grupo tem o direito deste produto. Ela também reforça a importância das parcerias entre Universidade e grupos de pesquisa. A equipe contou com o apoio do GetIn – Grupo de Estudos em Tecnologia e Inovações – Encabeçado pelo professor Altibano Ortenzi;

Zemch – Grupo Internacional, que mantém acordos de pesquisas com a UEL (Universidade Estadual de Londrina).

Projeto Hidrossanitário na Cultura Brasileira

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Recebimento do prêmio de inovação pelo secretário de Ciencia e Tecnologia do Estado do Paraná – Décio Sperandio. Créditos: Jeniffer Oliana.

Abater a atenção aos projetos hidrossanitários é uma maneira de diminuir o custo de um projeto final?  Quando questionada sobre o assunto, Jeniffer Oliana descreve que “projeto é planejamento” e quanto mais planejamento se faz mais é possível enxergar o quanto será gasto em obras. “Sabotar investimentos em projetos é caminhar no escuro”, conclui Jeniffer Oliana.

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