O lodo passa por compostagem depois de ser retirado de estação de tratamento de esgoto.
A estação de tratamento de esgoto de Jundiaí recebe 1100 litros de esgoto por segundo. Do local saem água tratada, que é despejada novamente nos rios, e o lodo.
O resíduo costuma ser um problema. Na maioria das cidades, ele é descartado em aterros sanitários. Em Jundiaí, no entanto, o lodo é utilizado como fertilizante.
Todos os meses, 5 toneladas de lodo são retiradas da água e levadas para um galpão da Companhia de Saneamento, onde começa o processo de compostagem.
Material Orgânico
O agrônomo Fernando Carvalho foi quem trouxe a Jundiaí a ideia de transformar o lodo em fertilizante. O processo já é feito há um bom tempo em países como os Estados Unidos. No Brasil, Jundiaí é o único município que produz em grande escala.
Fernando conta que o fertilizante é uma importante fonte de matéria orgânica e de nutrientes como nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e micronutrientes (cobre, zinco, molibdênio e bório). Ele diz que, além de oferecer uma fertilização orgânica, a iniciativa garante uma fertilização biológica. A diversidade microbiana ajuda, em certos casos, a combater doenças de plantas.
Assim que o lodo é descarregado, ele recebe a adição de cavacos de madeira, que é a fonte de energia para que os microorganismos comecem o trabalho de compostagem.
Fertilizante
A cada 2 dias, uma máquina revira e oxigena o material. Leva 60 dias para o lodo ser transformado em fertilizante. A partir daí está pronto para ser comercializado.
O fertilizante feito a partir do lodo em Jundiaí pode ser utilizado em grandes culturas, como citros, café, cana-de-açúcar e plantações de frutas de clima temperado. O uso só não é permitido em hortaliças e pastagens por uma questão de segurança.
Do total, 80% do fertilizante produzido em Jundiaí é vendido para grandes lavouras de café, laranja e cana-de-açúcar. O material também desperta o interesse de produtores de uva.
O agricultor Márcio Tancredi tem apostado nesse fertilizante para o sucesso da colheita. O sítio dele conta com 97 mil pés de uva, a maioria das variedades niagara e isabel. O fertilizante tem sido mais utilizado na área onde o produtor experimenta o cultivo de 17 outras variedades, muitas vindas do sul do Brasil.
Outro produtor que também usa o fertilizante é João Bardi. Há 3 anos ele fez o teste e gostou.