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Multa vai ficar para Mariana

Prioridades são recuperação da cobertura florestal da bacia do rio Doce e projetos de saneamento

Os recursos da multa aplicada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) à Samarco por danos ao meio ambiente serão destinados a projetos ambientais em Mariana e demais localidades afetadas pelo rompimento das barragens. O valor é de R$ 250 milhões, mas, se a empresa pagar no prazo, cairá para R$ 175 milhões.

A distribuição do dinheiro será proporcional aos impactos. Em Bento Rodrigues, subdistrito mais prejudicado, a intenção é recuperar o ribeirão do Carmo, que ainda recebe esgoto em seu curso.

A informação foi confirmada neste domingo após visita a Mariana da presidente do Ibama, Marilene Ramos. “Nós temos a possibilidade de reverter esse recurso integralmente aqui para a região, seja através do mecanismo de conversão de multas ou celebração de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)”, detalhou Marilene.

Em sua segunda visita a Mariana desde a tragédia, no último dia 5, a presidente do Ibama sobrevoou as áreas afetadas, se reuniu com o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), e visitou um morador de Bento Rodrigues para ouvir as demandas da população e garantir que a região receberá os valores das multas.

Marilene Ramos esclareceu que o recurso não será utilizado para reparar os danos causados pela tragédia, que são de responsabilidade da Samarco. “A prioridade máxima é ligada à recuperação da cobertura florestal dessa bacia degradada, mas pode haver interesse em projetos ligados à destinação de resíduos sólidos, a saneamento, coleta e tratamento de esgotos. São projetos de interesse dos municípios e podem trazer outros benefícios aos afetados”.

A notícia trouxe um pouco de alívio para a cidade. “Nesse momento de tragédia, é a primeira boa notícia. A tragédia é uma obrigação da empresa, mas agora teremos a possibilidade de sonhar em recuperar o ribeirão do Carmo, que corta a cidade”, afirmou o prefeito de Mariana, Duarte Júnior.

O Ibama também pretende ajuizar ação civil pública contra a Samarco para reparação de todos os danos causados, como perda de biodiversidade. “Ainda estamos fazendo a apuração para valorar os danos”, destacou. Para ela, a tragédia de Mariana é o maior desastre do Brasil e um dos maiores do mundo na área de mineração.

Corpo
Resgate
. Foi resgatado neste domingo um corpo na região de Ponte Quebrada, em Águas Claras, distrito de Mariana. Até a noite deste domingo, ele não havia sido identificado – outros três corpos estão na mesma situação.

Ações
Barreiras
. Para tentar minimizar os impactos ambientais e limpar a água do rio Doce, serão instaladas 20 km de barreiras flutuantes para proteger áreas sensíveis, como de manguezais e de reprodução de espécies em extinção. Uma próxima etapa será a reversão dos danos de assoreamento e recuperação da fauna do rio.

Decantação. A presidente do Ibama, Marilene Ramos, também confirmou o uso de floculantes, produtos de origem vegetal usados para o tratamento de água, em toda a extensão do rio atingida pela lama das barragens.

Polícia Civil
Longa, mas de qualidade
. O delegado Rodrigo Bustamante disse que segue ouvindo envolvidos no rompimento das barragens. “O processo está em sua fase inicial e vamos seguir com toda a tranquilidade. Será uma investigação longa, para ser de qualidade. Temos um cronograma que será seguido”, afirmou, sem entrar em detalhes.

Perícia. Bustamante informou também que uma equipe da Delegacia Especializada de Meio Ambiente já está realizando perícias técnicas na área da tragédia. O volume de laudos, inclusive, é um dos motivos para o que ele espera ser uma longa investigação. “Respeitaremos todos os prazos processuais, mas dependemos de muitos laudos, entre outros documentos”.

Valadares volta a receber água potável

Os reservatórios de água de Governador Valadares, na região do Rio Doce, voltaram a ser abastecidos neste domingo, e, no decorrer da tarde, moradores começaram a receber água em suas torneiras. A retomada foi graças ao uso do polímero de acácia negra, um coagulante orgânico produzido no Sul do Brasil que separa a lama da água.

“Por volta das 14h, a água começou a voltar. O aspecto e a vazão dela estão normais. De toda forma, vamos continuar economizando até ter certeza que a situação foi normalizada”, afirmou a funcionária pública Cristina Oliveira de Paulo, 58, moradora do bairro Universitário.

Em nota, a Prefeitura de Valadares informou que mesmo após o recomeço da distribuição, a água levaria cerca de quatro dias para chegar a todos os pontos da cidade. Além disso, o Executivo divulgou um laudo apresentado pela Copasa atestando que a água é própria para consumo. O Executivo mantém, porém, a situação de emergência e pede que os moradores continuem economizando água.

Manifestação. Na tarde deste domingo, cerca de 200 moradores de Pedra Corrida, a 40 km de Valadares, fecharam a BR–381 reivindicando água potável. A manifestação gerou um congestionamento de 2 km em cada sentido da rodovia.

Cientistas fazem análises autônomas

Cientistas brasileiros estão se organizando para fazer uma avaliação independente do impacto ambiental causado pelo rompimento das barragens de Mariana, na região Central de Minas. Muitos deles se deslocaram para os locais atingidos e estão coletando dados e amostras para análises. Além disso, uma iniciativa de crowdfunding foi lançada para financiar os estudos e a elaboração de relatórios.

“Considerando que as posturas das instituições públicas são vagas e o poder econômico dos envolvidos, é de extrema importância que exista um relatório independente e isento”, diz a proposta de crowdfunding na internet, que visa a arrecadar R$ 50 mil.

Segundo o biólogo Alexandre Martensen, muitos profissionais já estão em campo com recursos próprios. “Houve a organização das equipes, de forma a se otimizar as coletas de amostras de água e sedimentos. Algumas coletas foram realizadas antes da chegada da lama, e outras estão sendo feitas agora, após a chegada”, disse Martensen. “Nosso objetivo é conseguir parcerias com laboratórios para que sejam feitas análises de metais pesados, poluentes e de metagenômica”, completou.

 

Fonte: O Tempo

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