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Porto Alegre e mais cinco cidades gaúchas possuem tratamento de esgoto insuficiente

Além de Porto Alegre, as outras cinco cidades gaúchas incluídas no Ranking do Saneamento Básico, publicado pelo Instituto Trata Brasil (ITB), apresentam pelo menos um grande problema em comum: a baixa abrangência de seus sistemas de tratamento de esgoto. A melhor delas é Santa Maria, com 48,2% de seus esgotos efetivamente tratados. As outras quatro – Canoas, Pelotas, Caxias do Sul e Gravataí – não conseguem tratar nem um terço do esgoto que produzem diariamente.

O estudo do ITB mede a capacidade das cidades brasileiras para cumprir os prazos do Plano Nacional de Saneamento Básico, de 2014, que prevê até 20 anos para a universalização dos serviços de distribuição de água e de coleta e tratamento de esgoto. Na hora de limpar suas águas, todas as cidades gaúchas relacionadas ficam devendo. Os piores índices são de Gravataí (14,1%), Canoas (16,65%) e Pelotas (19%), com Caxias do Sul (27,47%) em situação um pouco melhor.

Outra constante nacional, que as cidades gaúchas acabam reproduzindo, é o baixo percentual de investimento em relação ao que é arrecadado com distribuição de água. Três cidades gaúchas ? Pelotas, Gravataí e Santa Maria ? registram índice inferior a 10%, e nenhum município do Estado chega a investir mais que um quarto do que arrecada em novas obras de saneamento e canalização.

Por outro lado, as cidades gaúchas alcançam bons resultados no que se refere ao abastecimento com água tratada, atingindo índices superiores a 90%. A exceção negativa é Gravataí, que ficou na posição 93 entre 100 municípios, com apenas 72,76% das residências atendidas pelas redes de distribuição.

O superintendente de Relações Institucionais da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), André Finamor, garante que Gravataí é uma das prioridades da companhia. Segundo ele, os dados do ITB não levam em conta a presença de cerca de 15 mil ligações de água clandestinas, que não podem ser informadas pela Corsan por não estarem legalmente no sistema.

“Todos os municípios têm casos assim, mas em Gravataí a incidência é maior. Ninguém está sem abastecimento. Na verdade, essas pessoas estão furtando água”, diz, frisando que a situação causa uso excessivo de água e perda de faturamento para a companhia. Para lidar com o problema, a Corsan fez um convênio com a prefeitura de Gravataí, buscando a regularização dessas ligações.

Além de Gravataí, a Corsan é responsável direta pelos municípios de Canoas e Santa Maria. Finamor acredita que, no que compete à Corsan, é possível alcançar a universalização dos serviços de água e esgoto ainda antes do prazo estabelecido pelo governo federal. “Hoje, temos recursos para isso”, garante, citando verbas já confirmadas pelo governo federal para cumprir o plano de saneamento básico de Canoas e para a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Freeway, que atende a Gravataí e Cachoeirinha.

O grande problema, segundo o superintendente, está na conexão dos usuários às redes de coleta, que é responsabilidade dos municípios. Sem essa etapa, boa parte das estruturas ficaria ociosa ? em Gravataí, estima Finamor, seria possível coletar cerca de 70% do esgoto apenas com o que já existe. “Não podemos obrigar as residências a fazer essa conexão”, explica.

Obras são aposta para melhorar índices

Dos seis municípios gaúchos incluídos no documento do ITB, Caxias do Sul obtém um destaque positivo. A cidade da Serra foi uma das que mais melhorou na coleta de esgoto, passando de 77% para 88% de resíduos coletados no espaço de um ano. Na média nacional, a cidade ficou atrás apenas de Blumenau (SC), que teve aumento de 19,3%.

O diretor-presidente do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caxias do Sul (Samae), Edio Elói Frizzo, diz que o índice é resultado de investimentos em cinco estações, somando R$ 100 milhões. Isso teria, segundo ele, ampliado o alcance da rede de 6%, em 2005, para os 88% atuais. “É um trabalho permanente que está dando bons resultados”, comemora.

O índice de tratamento efetivo do esgoto em Caxias do Sul, porém, ainda é baixo, além de os investimentos na rede somarem apenas 23% do que é arrecadado na distribuição de água. Os números, explica Frizzo, são consequência de uma escolha estratégica: o investimento na reserva de Marrecas, da ordem de R$ 258 milhões. Boa parte do orçamento da companhia acabou destinado a pagar os financiamentos da obra, que ampliou em 33 bilhões de litros a capacidade de abastecimento do município.

Pelotas é outra cidade com índices razoáveis de coleta de esgoto (60%), mas baixa capacidade de tratamento (19%). Para mudar esses números, o engenheiro Eugênio Osório Magalhães, da superintendência industrial do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), cita as novas ETEs Novo Mundo e Centro/Simões Lopes como prioridades. Somadas à ampliação da ETE Rodoviária, essas obras devem ampliar o tratamento de esgoto para mais de 60%.

A coleta de esgotos em Pelotas também deve ser alvo de investimentos, como a complementação do Sistema Laranjal e as obras do chamado Coletor Geral 1, que atende ao bairro Fragata, o mais populoso da cidade. “Essas ações já ampliarão bastante nossa capacidade”, diz Magalhães. Esses projetos dependem, contudo, de empresas interessadas: algumas licitações foram declaradas desertas e há casos, como na ETE Rodoviária, em que os vencedores abandonaram as obras antes da conclusão.

 

 

Fonte: Jornal do Comércio

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